Seja você mesma

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Existem coisas e momentos que não sabemos porque elas existem ou o motivo que precisamos vivenciá-las para continuarmos seguindo em frente com nossa vida. Tudo parecia muito perfeito e correto até agora, um contos de fadas macabra talvez, mas ainda sim existia algo de mim falando que tudo isso duraria por pouco tempo, que o sonho passaria rápido demais.

Eu estava feliz quando cheguei em casa, nem mesmo eu sabia direito que tudo isso aconteceria ou o motivo que o Marcus pediu para que o encontrasse hoje cedo, muito menos depois que pediu para colocar uma roupa melhor ou que ficasse mais apresentável. Como dito no começo do mês passado o nosso adorável Homem de Ferro fazia visitas agradáveis por nossa região, mostrando solidariedade de bom grado a população recuperando a confiança de todos depois do acordo, e foi isso que ele faria. Segundo Marcus Stark soube sobre a explosão e da gravidade, por isso gostaria de conversar com os sobreviventes.

Na minha cabeça existia a opção de ligar para minha própria casa e avisar o Steve sobre o encontro, mas depois pensei direito e ele falaria não, e para não encontrar o Stark que seria muito arriscado. Steve escondia coisas e que não parecia disposto a compartilhar, sempre sendo o mais protetor de todos para nossa segurança; então talvez, como birra acabei não contando nada. O encontro aconteceria hoje de noite. Como boa garota não conseguiria esconder, quando voltasse para casa levando as compras antigas, contaria para tudo... só que ao ver metade dos vingadores na minha sala de estar, todos ali conversando sossegadamente, sem entrar pela porta principal como convidados, e aquele olhar deles mostrando que não fazia parte do grupo deles e que nunca pertenceria, fazendo desistir de contar.

Posso ser egoísta, mas eles também são. Eles querem cuidar dos assuntos deles entre eles, sem me colocar no meio, então seria isso que faria. Tony Stark quer conhecer os sobreviventes e conversar, e eu sou um deles. Ele não sabe sobre mim ou de quem estou hospedando de bom grado em casa. Não teria risco nenhum, risco teria se eu não fosse.

Não vou arriscar minha sanidade mentindo para eles e nem para mim mesma. Agora sou inumana, tenho poderes que nem mesmo descobrir quais são ainda, mas ainda sou eu, e a Olivia não perderia essa oportunidade de conhecer pessoalmente o Homem de Ferro. Agora era eu quem diria o que fazer para mim mesma, como sempre foi e como sempre vai ser.

O sol começava a cair sobre os prédios altos de New York, as ruas do Brooklyn pareciam bastante calmas para a hora, era como se todos tinham coisas mais importantes para fazer do que sair na rua. O combinado era encontrar Marcus que seria meu motorista do dia, em frente ao borough hall station. Minha ideia era chegar e encontrar ele, mas por causa disso tudo acabei chegando mais cedo que o esperado. Caminhei pela praça cercada de árvores e bancos de madeiras, ajeitando o corpo sobre um deles, retirar a bota podia ser outro ato de rebeldia, mas infelizmente sei que isso geraria grande polêmica entre os meus conhecidos, mas andar com aquilo na perna aí sim fazia sentir dor. Olhei no relógio de pulso, esperando que o tempo adiantasse sozinho, porém, ainda faltava uma hora...

– Parece perdida. – Comentou uma voz rouca masculina sentando-se ao meu lado do banco. – Ele largou mesmo o cãozinho da sorte. – Terminou como uma afirmação, mais do que uma pergunta, ironizando o final como apenas ele saberia fazer.

Não precisei nem olhar para o lado para saber de quem se tratava, nos encontramos apenas uma vez no hospital, mas parecia que sua voz era familiar de modo estranho. Sabia sobre aquela voz rouca e baixa, como um sussurro da morte, poderia descrevê-lo daquela forma, não seria problema pois é a verdadeira aparência dele.

– Faz um tempinho que não consigo ver as coisas, sabe. – Continuou ele falando sozinho, encostando a coluna no banco e cruzando os braços relaxados. Podia ver a vestimenta toda preta pelo canto do olho, parecia a mesma roupa que o vi usando naquele dia da explosão. – Ele sumiu do meu sistema. Ainda consigo ver você, mas ele... é como se nunca tivesse existido. Deus que me dera, se isso fosse real. Você sabe de alguma coisa, querida? – Perguntou Jackson, usando novamente o querida ao falar de mim.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora