Tenha um pouco de fé

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– O que você disse para eles? – Perguntou o loiro, em um modo de ameaça. Sua voz era baixa e rouca tão poderosa ao mesmo tempo, que fazia todos os ossos do meu corpo derreter de medo. – Você nos entregou. – Continuou ele, dando pequenos passos para frente à medida que recuava para trás.

– Eu não entreguei ninguém! – Gritei em defesa, levantando o taco de beisebol em direção a ele em segurança.

– Não? Então o que o pessoal da S.H.I.L.D fazia lá? Só foram tomar um cafezinho. – Não fazia ideia que ele poderia ser irônico, o medo podia transformar as pessoas ativando um lado desconhecido. O tom de sua voz continua baixa e rouca a cada palavra dita, sem demonstrar uma única ruga de preocupação no rosto.

– Eles foram atrás de outra pessoa, não contei nada sobre vocês! – Continuei a falar em modo desesperador, tentando controlar minha voz que ficava alta à medida que o medo aumentava. – Eles não sabem sobre você, eu juro.

– Como posso confiar em você? Pediram às imagens de segurança, não foi? Eles vão acabar descobrindo, é questão de tempo. – Capitão andava para frente em minha direção, não tinha mais para onde ir, meu corpo já estava próximo o suficiente da parede gelada.

Pedia por ajuda em silêncio, segurava com tanta força aquele objeto de formato redondo em minhas mãos, podendo sentir as unhas grandes tocando na minha pele machucando. Podia atacar ele e depois sair correndo como se nada tivesse acontecido, na hipótese de que isso funcionaria, pois, a verdade seria ele quebrando o taco na facilidade.

O loiro mantinha o olhar sobre mim o tempo todo, levando uma das mãos para o cabelo, revelando preocupação e nervoso. Não respondi as perguntas, era óbvio demais que eles pediram as imagens de segurança, e eu era apenas uma pobre coitada qual eles deveriam entregar suas vidas em minhas mãos. Eles podiam confiar, só não sabia como provar, não existia alguma forma para isso acontecer.

– Olha Olivia, tentamos ser legais com você, porém isto não está mais ao meu alcance. – Expressou ele apoiando o braço sobre a estante de madeira ao lado. – Apenas por saber a verdade, você já corre perigo. Não por nós, mas pelo próprio governo. Sei que está com medo, eu também estou. Se tudo der errado, é o fim para todos. - Confessou por fim com a voz angustiada quase parando entre as palavras. – Não podemos simplesmente ficar sentados esperando que nada aconteça. É apenas questão de horas até eles virem atrás da gente...

– É só ter um pouco de fé. – Respondi sem saber o que argumentar, só então abaixando o taco de beisebol que mantinha levantado esse tempo todo. – A primeira vez que o vi eu não percebi quem era, ninguém o reconheceu.

Antes que ele pudesse responder, uma garota de cabelos longos agora claros, saiu de dentro da cozinha usando um casaco preto sobre um vestido vermelho. Ela não falou nada, apenas fez um pequeno aceno com a cabeça para o capitão, assim seguiu em direção a mim. A menina parecia apenas um pouco mais velha, parecia calma e serena ao mesmo tempo, não senti medo mesmo sabendo de quem se tratava. Com os dedos finos ela colocou ambas as mãos na minha cabeça, a sensação foi como se alguém tivesse dado um soco bem forte no estômago.

-Ela fala a verdade. - Confirmou, olhando diretamente para o homem parado ao lado da estante. - Por algum motivo doido, acho que podemos confiar.

A expressão dele não foi a das melhores, dava para ver em seu olhar claro que não gostava muito desta ideia; mais que qualquer um também gostaria que tudo isso acabasse imediatamente, porém até acontecer estaremos ligados por um segredo.

– Como vamos confiar nela? – Perguntou gesticulando com a mão para mim, logo depois suspirando fundo. – Iremos dar mais uma chance, aproveite bem ela.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora