Terrigênese

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Minha nuca começou a coçar de repente e coçava muito, estava incomodando horrores e já não conseguia mais parar, mesmo ainda estando comendo. Era uma sensação de queimação, junto com um calafrio que parecia percorrer todo os músculos. Passei a mão levemente esfregando a região, sentindo algo duro, uma casquinha de machucado, mas não conseguia lembrar como e quando, talvez ocorria que machuquei durante a explosão batendo a cabeça na mesa, certamente.

Mantendo a mão sobre, começando a sentir ainda mais uma sensação de queimação subir pelo estômago, era como se tivesse tomado um copo de vinagre puro. Como de costume tentei puxar a casquinha com a unha comprida em modo para parar com aquela irritação doentia, porém ela não saia... Espera! Esse negócio havia começado a crescer ou era impressão minha?! Larguei a colher de metal sobre a mesa de modo inesperado, chamando atenção dos olhos azuis claros para mim.

– Steve! – Gritei, sentindo uma forte pontada em minha barriga, como se alguém enfiasse uma faca pelo lado de dentro.

Olhando para os lados, nas mãos nasciam uma camada escura sobre minha pele, meus braços começavam a ser cobertos rapidamente por uma fina camada gelada; como um barro, por cima das roupas... E então tudo ficou escuro... Eu não conseguia abrir os olhos, mesmo sabendo que eles estavam abertos. A última coisa que avistei, era Steve, levantando de forma desesperada da cadeira gritando pelo meu nome, era como se um nervo estivesse pressionado, evitando a circulação do sangue, causando um formigamento por tudo. Não conseguia respirar.

– Olivia! Olivia! – Escutava ele gritar, o som já iniciava de forma diferente, ele ia sumindo aos poucos assim como a sua voz...

Foi a última coisa que consegui enxergar e a última que consegui dizer foi o seu nome "Steve", abafado, o suficiente para que ele não conseguisse escutar, antes que aquela coisa estranha cobrisse todo meu corpo por completo.

Era tudo escuro, não enxergava mais nada, todavia, podia sentir um calor, era como se estivesse em um local tropical, como se o sol batesse em minha pele descoberta. Aos poucos, que na verdade pareceu milênios na escuridão, comecei a ver pequenos borrões ao fundo, e escutava sussurros. Era uma floresta verde, com a relva bem cuidada e um céu azul com nuvens de dar inveja para qualquer lugar desejado descansar em um final de tarde, mas as outras movimentações escuras que passavam correndo por baixo não pareciam tão felizes, eram feias e fedidas, com cheiro de podridão, não entendia o que acontecia, parecia uma guerra, que só existia um lado, o lado ruim... e ele venceria.

Sentia o chão tremer sobre os pés, pareciam tambores primais vindos do fundo da floresta, o povo já estava recolhido na cidade e eles eram tudo entre a ameaça e os inocentes. O povo, enfim unificado, eram os soldados de todas as tribos, desde as altas montanhas até o baixo rio, e eles eram seus generais ao lado do poderoso rei, certamente por estar na frente de todos liderando, com um olhar repulsivo de raiva.

As explosões e chamas se aproximavam cada vez mais rápidos junto do tremor poderoso e apavorante, olhavam uns para os outros em busca de força e apoio. O melhor amigo, Bucky, especialmente, estava com o queixo tremendo pelo medo, mas assim que os olhares cruzaram ele respirou fundo e acionou o gatilho da arma, travando o olhar no inimigo que se aproximava.

O rei buscou a confirmação de todos os seus guerreiros e então cruzou as mãos sobre o peito, deixando as garras saltarem para fora da armadura... um gato? Precisavam apenas de um sinal para avançarem, apenas um aceno ou apenas a primeira cara feia saída da floresta. E no caso foi justamente isso que aconteceu, quando os primeiros inimigos começaram a sair da floresta, correndo enlouquecidos na direção de suas presas o grito de guerra daquela guerra se fez mais alto.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora