No começo o jantar parecia bastante chato e chato, parecia que eles estavam ali por obrigação, quer dizer Tony Stark, o Homem de Ferro, não fazia menor ideia o motivo de conversava com a gente. Enquanto Pepper parecia uma ótima pessoa de coração para ficar ao lado dele o dia todo, provavelmente eu já teria mandado ele escada abaixo, mas como falam os diferentes se atraem. O resto do encontro foi comentando sobre o motivo que talvez tenha levado Lencaster fazer essa barbaridade, eu queria poder falar, ajudar, mas sabia onde era o meu lugar, qualquer coisa que soltasse poderia colocar minha vida em risco e a dele, e claro, de seus amigos. Eles não iam com minha cara, era óbvio e não queria mais um motivo para eles me odiarem, então fiquei o tempo todo concentrada em comer ou ver as luzes da cidade acessa naquela altura. A cidade parecia tão calma e sossegada, parecia um local normal, menos a grande cidade de New York. E no final Stark já havia bebido algumas e começou ser mais engraçado e sociável, a até falou que sou bonitinha de novo.
Ficamos conversando jogando conversa fora até às duas da manhã, depois apareceu alguns fotógrafos para registrar o momento, mas duvidava muito que sairá uma nota falando, sendo que nem o assunto mais grave saiu nos jornais. A verdade, era que começava a duvidar de mais nada nessa vida. Era a nova lógica, peguem o cavalo mais gordo que tiver e o sacrifiquem.
Marcus como um bom samaritano e o melhor amigo que poderia desejar, nos levou de volta para casa, deixando cada uma em frente a sua, apenas por segurança e para ele ficar relaxado depois em não ter que ficar preocupado com nossa chegada. Ele questionou várias e várias vezes se realmente estava bem, que não parecia me comportar como eu, que meu modo era estranho. Tive que responder com uma mentira, que não era tão mentira assim. Apenas disse que estava cansada disso tudo que acontecia, que precisava colocar minha vida em rumo e não sabia por onde começar e nem com quem contar, e até mesmo agradeci ele por ter ligado para minha mãe, que agora ficava mandando mensagem o tempo todo, e além de ter percebido só no fim da noite que havia esquecido o celular dentro das sacolas.
Pude perceber como sempre percebi, o olhar dele sobre mim, Marcus era mais que um amigo, no fundo de toda aquela forma amigável ele começava gostar de mim, ou era apenas eu viajando; ele era bom demais para ser real, gentil demais, ninguém é assim por nada, sem querer algo em troca... E finalmente percebi, era assim que tratava Steve e todos, era legal demais com eles sem querer nada em troca, sem demonstrar nada, apenas uma boa garota estranha.
Parecia que tudo explodiria dentro de mim, não cabia mais nada, nem mais um único pensamento, estava entrando em combustão, de dentro para fora. Era tantas coisas para pensar, para colocar em dia e entender o que acontecia... Meu poder durante a noite não apareceu nenhuma vez sequer, não aconteceu nada, mesmo que Pepper sempre pegava em meu corpo para ajudar locomover, Marcus segurando minha mão, Milla agarrada como um chiclete, nada acontecia. Tinha que descobrir. Só depois ali sentada na mesa, acordei sobre o que poderia ocorrer se meu olho ficasse diferente, se eu tivesse alguma visão. Era isso que corroía por dentro, preocupação e mais preocupação, precisava de um dia de folga.
– Tem certeza que vai ficar bem? – Perguntou Marcus preocupado. Ele olhava para dentro dos meus olhos, como se ele entendesse que havia coisas que não podia contar, sentimentos escondidos em brigas. Ele sempre me conheceu melhor que qualquer um, não tinha como mentir que não estava nada bem, queria poder chorar nos braços dele e desabafar de tudo.
– Vou ficar bem, prometo. – Respondi respirando fundo. – Agradeço por tudo, sério. Se precisar de ajuda eu ligo. – Ele sorriu de modo carinhoso, tirando as mãos do volante e vindo me abraçar entre os braços quentes e carinhosos.
– Se cuida. – Pediu.
Não respondi e apenas agradeci com a cabeça, abrindo a porta do carro. O lado de fora naquela madrugada era gelada, podia sentir os lábios secando com o vento forte que passava entre os prédios altos. O inverno parecia chegar com força total. Fiquei olhando por alguns segundos até ver o carro virando a esquina, e só então subindo as escadas da entrada o prédio. O porteiro não ficava durante o período noturno, apenas um segurança fofinho, ao me ver abrindo a porta, ele deu boa noite e perguntou se precisava de ajuda com a perna, e então recusando a ajuda que conseguiria subir sozinha e o agradeci por existir pessoas boas e preocupadas uma com as outras. Virei em direção as escadas, subindo degrau por degrau, com passos até rápidos para quem deslocou o osso. Tudo que queria nesse momento era morrer na cama, afundar o corpo e ficar ali até que tudo isso desaparece, que seja tudo um pesadelo. Puxei a chave de dentro da bolsa de mão, colocando na fechadura, esperando também que não existisse ninguém, que todos eles sumiram como fumaça..
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Innocens - Capitão América
Romance"Há uma inocência na admiração: é aquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado." Existem vários tipos de amor. Existem vários tipos de dor. Mas existem pouquíssimas pessoas capazes de suportar a dor que o amo...