Idem

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O porteiro do período noturno encontrava-se em seu posto, ao me ver descendo do táxi naquele estado, ele largou imediatamente tudo e veio correndo em minha direção perguntando que acompanhou o ataque pela televisão; e que precisava me benzer por essa ser a segunda vez que quase morri em menos de um mês, infelizmente tive que concordar. Ele também ofereceu ajuda para subir as escadas, mas logo recusei a oferta, não queria atrapalhar e nem sujar ele todo de sangue, por mais que já estivessem secos.

Parecia rotina ou deja vu, subir todos os dias aquelas escadas com as energias gastas depois de tantas confusões. Meu corpo doía, porém, não conseguiria ficar quieta por muito tempo, a adrenalina ainda corria pelas minhas veias, com o coração pulsando sem parar. Por um momento torci em para que Steve tenha conseguido seguido sair em segurança e achado um lugar, até tudo se acalmar, mas no fundo sabia que já permanecia em casa. Coloquei a mão na maçaneta gelada respirando fundo antes de abrir.

Em primeiro parecia que não existia ninguém ali, as luzes todas apagadas, apenas uma frestinha que iluminava o banheiro entre o corredor. Entrei em passos lentos, trancando a porta atrás e indo em direção onde poderia estar, escutando ao fundo a voz baixa de uma mulher, Natasha.

– Você é um imbecil. Mesmo que não queira, de modo algum vai poder sair. Entendeu Steve. – Perguntou ela, mais como uma afirmação do que uma pergunta. A voz dela era baixa e rouca, podia perceber a preocupação e a angústia por tudo acontecimento. – Fiz o curativo, mas como não tenho as coisas adequadas, talvez possa abrir.

– Eu deveria ter feito alguma coisa para impedir que acontecesse... – Sussurrou o homem com a cabeça virada para o outro lado, tentando não olhar para a própria mão. – Aquelas pessoas eram minha responsabilidade. Elas morreram, por que não fui bom o suficiente...

– Steve, ninguém teve culpa. – Respondeu Natasha o encarando. – O único culpado é o Lencaster, ele fez tudo isso justamente pois sabia como você ficaria depois. É isso que ele quer, e você não pode dar esse gostinho de vitória.

– Por isso mesmo, ele fez para me atingir! Então a culpa é minha.

Esperei por alguns segundos parada no meio do corredor sem encostar nas paredes, enquanto a ideia inicial era esperar que ambos percebessem minha chegada, bem, eles escutaram o barulho da porta então já saberiam, porém, minha falta de presença confirmava o ao contrário. Virei o corpo olhando para o cômodo acesso, avistando Steve ainda usando a roupa toda suja e rasgada, sentado sobre a privada enquanto a mulher loira agachada costurava sua mão, com o que parecia ser as minhas próprias coisas de costuras... O semblante de dor que ele fez ao ter a agulha enfiada dentro de sua pele, me obrigou a virar o rosto.

– Como você está se sentindo? – Perguntei por fim, chamando atenção.

Steve ao escutar minha voz, levantou o olhar imediatamente. Mesmo estando um pouco longe, podia enxergar com clareza os olhos azuis iluminados pela forte luz do banheiro. Seu rosto encontrava-se todo sujo de sangue e de terra, o cabelo loiro era quase irreconhecível colado na pele de suor. Além das manchas nítidas de briga, o nariz sangrando, junto com os dois cantos da boca...

– Um lixo. – Respondeu sem desviar o olhar.. – E de casti...go... – Ele parecia acabado, mas ainda assim conseguiu abrir um pequeno sorriso entre os lábios, ao sentir a dor do puxão da linha.

– Ele está proibido de sair. – Afirmou Natasha, retirando a sobra da linha e terminando de fechar os cortes profundos dos dois lados. – Você já gastou dois telefones, duas confusões. Tente não fazer mais nada. E Olivia... – Disse a loira levantando o olhar. – Desculpa por não termos acreditado, devemos tomar cuidado com as suas visões. Steve tire a roupa. – Terminou se levantando do chão, com certa dificuldade pegando as coisas espalhadas.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora