Por algum motivo depois de reconhecer quem ele era o medo aumentou levemente, eu nem era fã dos vingadores e também não tinha nada contra, mas de certa forma conhecia a fama do Capitão América, agora um fugitivo mundial, ele não mata ou melhor não matava.
Ele pegou uma cadeira bastante velha de metal, parecida com as da lanchonete, sentando em minha frente com o homem moreno parado ao seu lado, sinto que deveria reconhecer ele, mas de imediato não conseguia. Seu tamanho pessoalmente era monstruoso, mesmo com meus 1,71 parecia uma criança ao seu lado, ele era enorme tanto de altura quanto de largura. Seu rosto gélido, lábios firmes, olhos azuis sérios, tão vazios e profundo como um oceano. Capitão apoiou os braços sobre a mesa, com uma postura rígida, olhando diretamente em mim fazendo que todo o osso do meu corpo virasse gelatina.
– O que você faz aqui? – Indagou, com a voz severa.
Minha boca havia secado, junto com a voz. Não sabia o que responder, mesmo que a história verdadeira parecesse muito estranha e falsa.
– Fiz uma pergunta. O que você faz aqui? – Sua voz era rouca e cheia de medo.
Eu só queria sair dali o mais rápido possível.
Movi o braço para pegar o objeto de dentro do bolso da calça, deixando os dois grandalhões em modo de ataque, dei uma pausa no que fazia sem saber se continuava ou fazia nada, esperando eles pularem para cima de mim, todavia eles ficaram quietos deixando dando a liberdade para pegar, jogando sobre a mesa.
Ambos direcionaram o olhar para a mesa, para a carteira de couro escuro. O loiro sentado puxou ela abrindo, verificando se tudo ainda estava ali, é claro, principalmente os documentos falsos. Ele colocou o objeto de volta na mesa, respirando fundo.
– Onde você achou isso?
– O senhor... – Disse em voz baixa, sem saber como tratar ele, era melhor ser educada, vai que... – Esqueceu isso na lanchonete, como estava de saída peguei para devolvê-lo, já que gostaria de agradecer pelo outro dia.
– Deixa ver se entendi. – respondeu o moreno puxando um banquinho de madeira, sentando ao lado do homem loiro. – Você seguiu o Capitão América por umas 5 quadras, e quer que a gente acredite nisso? E agradecer o que?
– Sim, não foi tão difícil, sabia como ele estava vestido... só que ele andou mais rápido. – Expliquei de forma simples, tomando cuidado com as palavras. - Faz quase um mês, um cara tentou me assaltar ou sei lá o que, então... ele me ajudou escapar. Isso que eu queria agradecer.
– Como assim você está salvando mocinhas indefesas na rua?! – . Berrou o outro homem bastante nervoso, encarando o loiro com um ar de superioridade. – Você sabe que estamos escondidos?! Se essa garota já nos achou, imagine quem pode nos encontrar também! E você continua com sua fama de herói sal...
– Calma Sam! – Cortou Capitão, levantando a mão para que ficasse quieto. – Isto só aconteceu uma vez. Além do mais, acho que ela está falando a verdade, o descuido foi meu.
– Acha que está falando a verdade?! Olha só para o sotaque dela! – O moreno, ou melhor Sam, levantou do banco empurrando ele para longe com o corpo, quase soltando fogo pelas narinas. – Ela pode ser muito bem uma agente da nova Shield ou do governo! E você não tem desculpas para falar que ela não é, tinha uma agente como vizinha, a sobrinha-neta da Peggy Carter, qual agora você está de peguinhas...
Não estava entendo nada, essa briga era estranha e ao mesmo tempo engraçada, eles brigavam como dois melhores amigos adolescentes. Eu não era e nem sou nenhuma agente de lugar nenhum, mas não posso negar que meu sotaque é bastante forte e diferente da América.
– Sam, por favor menos... – O loiro, não levanta a voz e nem parecia estar com raiva do outro, parecia mais que já estava acostumado com os momentos de surtos. – O que você acha que devemos fazer com ela? Se prendemos ela aqui, vão começar a procurar ela ou outros tipos de coisas. - Sam, levantou o dedo indicador mostrando um sorriso largo nos lábios bastante medonho. – Não, não vamos matar ninguém. – Respondeu ele, mesmo antes que terminasse a fala.
– É claro que não. -Sam, fez uma cara de pouco caso voltando a ficar parado ao lado dele. – Então o que devemos fazer com ela, Capitão?
– Vamos deixar ela trancada aqui até a noite, aí resolvemos. – Respondeu ele levando olha para mim, esperando alguma coisa. – Mais alguma pergunta Sam?
– Mas, é claro! – O moreno parecia se divertir ao escutar essa pergunta, ele puxou com o é o banquinho sentando mais uma vez. – Agora sim vamos começar com as perguntas, temos que saber quem é você, então pode falar tudo... primeira pergunta, qual é o seu nome completo?
– Olivia Newton Robinson. – . Respondi, enquanto ele pegava um bloco de papel no bolso da jaqueta anotando.
– Quantos anos? Data de nascimento? País de origem? Fala quantas línguas? Parentes mais próximos? O que trabalha, e o que sonha para o futuro.
– 19 Anos, 17 de maio de 1998, Melbourne, Austrália, inglês e o básico do francês. Meus pais, e meu avô que não vivem aqui. Trabalho na lanchonete o dia todo e sonho sair daqui e consegui uma bolsa de estudo.
Durante o tempo que respondia, e Sam anotava tudo minuciosamente, Capitão ficava apenas olhando para o outro lado do cômodo, com o olhar perdido, sonhando acordado. O corpo dele encontrava-se aqui, mas seus pensamentos não. E ele não parecia aquele homem bondoso e gentil que sempre mostrava na tv, parecia o mesmo, mas por outro lado parecia uma pessoa completamente diferente.
– Isso já está bom, Sam. - Avisou ele levantando da cadeira. – Vamos, não iremos deixar você aqui nessa sala abandonada.
Antes que ele falasse uma segunda vez, peguei minhas coisas deixando-as bem colada com o corpo seguindo ele até o final da sala, existia uma pequena porta de madeira pintada em branco, quase se camuflando entre as paredes, porque eu mesma não tinha percebido a existência dela ao entrar ali. O homem abriu com um empurrão gesticulando com a cabeça para entrar. Era uma sala, quer dizer um apartamento bastante simples, existia uma estante com uma tv antiga ao lado de vários livros, uma mesinha de centro ao lado de dois sofás vermelhos forrado com um pano colorido.
– Fique aqui e não mexa em nada. Vamos confirmar se essa sua história é verdadeira, assim você pode ficar livre.
Agradeci com a cabeça, sem dizer nada indo em direção ao sofá colocando as coisas sobre a mesinha. Meu coração já não pedia por socorro igual antes, ele estava mais calmo, porém a sensação de medo continuava a correr em minhas veias, só de imaginar o que poderia acontecer comigo nos próximos minutos.
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Innocens - Capitão América
Romance"Há uma inocência na admiração: é aquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado." Existem vários tipos de amor. Existem vários tipos de dor. Mas existem pouquíssimas pessoas capazes de suportar a dor que o amo...