O Cordeiro

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– Liv você realmente está bem? – Perguntou Marcus, olhando para mim com aqueles olhos escuros.

– Eu estou bem, é sério. Apenas estou cansada. – Respondi forçando um sorriso nos lábios.

De certa forma aquilo não era nenhuma mentira, realmente estava cansada de tudo aquilo, cada dia que se passava parecia que mais problemas eram acumulados, mais mentiras eram guardadas.

– Você parece muito fraca, quando sair daqui compre alguns peixes frescos para comer. – Disse ele por fim, terminando seu café. – A Milla não vem trabalhar hoje?

– Ela mandou uma mensagem avisando que não estava muito bem e que tiraria o dia de folga.

– Não é nada grave? Se precisar posso leva-la para o médico. – Voltou a perguntar ele com a aparência preocupada.

Marcus sem dúvida era o melhor tipo de amigos que você poderia ter, e o pior também. Sempre disposto a ajudar não importando a situação ou as circunstâncias desse ato, ele sempre vai estar ali para quando você precisar.

– Marcus, eu sei que gosta de ajudar os outros. Ela só está com cólica. – Respondi com um sorriso até divertido, ao ver ele ficando sem graça com minha resposta. – Agradeço realmente sua preocupação.

– Claro, mas você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa. – Disse ele apontando para o celular encima do balcão. – Fique com isto para passar seu tédio. - Ele abriu a maleta escura de couro, retirando um pequeno livro de capa coloridas, um livro de fábulas. – Não é o melhor presente, mas são divertidos para pensar.

– Vai logo trabalhar, menino. – Retruquei pegando o presente em minhas mãos. – Vai ficar atrasado.

– Eu sou o chefe. – Ao dizer isto, ele levantou do banco deixando um pequeno aceno com a mão indo em direção a porta, com o terno preto bastante alinhado.

Abri o pequeno livro de fábulas, de Jean de La Fontaine, pensando o quanto aquilo poderia ser idiota e engraçado para um presente em plena segunda feira. Virei a página, revelando a primeira história, "O lobo e o Cordeiro".

"Um pequeno cordeiro de pelo branco bebia água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo esfaimado, de horrendo aspecto, também bebendo da água.

– Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo – disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome, e acalmar sua barriga.

– Senhor – respondeu o cordeiro – não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando.

– Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado.

– Não pode – respondeu o cordeiro – no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e disse:

– Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.

– Eu não tenho irmão - disse o cordeiro – sou filho único.

– Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado.

MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor"

– A razão do mais forte é sempre o melhor, ou a razão do melhor é sempre o mais forte? – Indagou uma voz já bastante familiar, espiando a história que lia.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora