Dona sinceridade

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Nunca achei que sentiria a mesma sensação de medo e de desespero que vim sentido esses dias com a presença dela. O medo era maior ao saber que minha mãe se encontrava no outro lado da porta, e não que existia um maníaco doido querendo matar todos e principalmente o meu namorado, e o chamar assim não entrava, as borboletas do estômago começavam a lutar com os demônios dentro do estômago, para saber quem venceria a guerra das sensações.

Respirei fundo abrindo a porta, antes de dar uma última olhada no homem loiro parado em pé atrás de mim, com uma aparência preocupada. Encostei a mão na maçaneta abrindo ela lentamente, revelando a figura de uma mulher com a pele clara e somente alguns centímetros mais baixo que a própria filha, que eram compensados pelo tamanho do salto.

Apresento a todos vocês minha mãe, Ruby Newton Kngwarreye Robson, a queridinha ou odiada da aristocracia da Austrália. Sua aparência não parecia mudar nunca, sua pele tão branca quanto a neve, os cabelos curtos e lisos cortados sobre o queixo, com os fios pretos perfeitamente alinhados, dando um contraste incrível para os olhos azuis e o maxilar definido. Era impossível falar que ela não era minha mãe, somos a cópia perfeita uma da outra, isso era a parte mais engraçada, pois sabia que ao envelhecer ficaria daquele jeito, o que não era ruim.

– Lily! Que bom ver você! – Exclamou ela de alegria, logo vindo para um abraço apertado. O seu abraço era carinhoso e acolhedor, assim como seu perfume doce que não chegava ser tão enjoativo. – Você precisa dar mais atenção para sua velha mãe... Deixe-me olhar para você.

Ela afastou os corpos, olhando rapidamente para mim com um sorriso tão largo e branco, ela realmente parecia feliz ao me ver. Estava perfeitamente vestida, mas não chegava nem aos pés dela, parecia que havia acabado de sair de um filme de época, com um vestido comportado de rendas pretas combinando com um extravagante colar em seu pescoço; a perfeita genética que ama moda.

– É bom também te ver, mãe. – Disse, por mais que parecesse mentira no fundo sentia muita saudades dela. – Entre, por favor...– Terminei percebendo que ela não possuía malas de viagem. – Você não vai ficar aqui?

– Não, criança. – Respondeu ela só então percebendo a figura masculina no meio da sala, lançando um olhar raio x que qualquer mãe faria, principalmente ela. – Ficarei em nosso apartamento, faz tempo que não venho para cá e seu pai é impossível ele sair de viagem. Preciso resolver algumas coisinhas... E matar a saudades da minha filha, que quase morreu em uma explosão, e depois não mandou mais notícias.

– Mãe... – Disse respirando fundo, mantendo o olhares sobre ela, que ainda olhava Steve parado como uma estátua. – Precisamos conversar.

– Com toda certeza. – Concordou ela, colocando a mão em meu ombro. – Começando por aquela. Quem é você, rapaz? – Sua voz parecia ter mudado de entonação, ficando mais rígida e séria.

Steve Rogers. – Respondeu ele com a maior calma e confiança que poderia ter.

A reação ao ver ele falando tão rápido, que a minha surpresa por aquilo ficou estampada em meu rosto, pois acabei soltando um grito abafado parecendo um grunhido para que ele calasse a boca, com tapas no ar. Enquanto a mulher ao meu lado, manteve a postura encarando ele como quem ainda não tivesse absorvido a notícia, claro, ninguém recebe isso tão bem assim do nada... É estranho.

– Que história é essa, Olivia? – Perguntou ela ainda o encarando. – Esse é aquele cara, o que tem as bochechas mais macias que uma bundinha de nenê? Não parece ele... mas parece?

A risada e o sorriso que se formou de imediato ao escutá-la o chamado daquele jeito, foi mais forte, queria rir mas não podia, tinha que manter a compostura. Tentei não pensar muito, em como poderia revelar essa notícia perigosa, em uma forma tão simples e que não soasse tão estranha. Eu tinha que falar, mas não sabia como e não tão na lata assim.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora