DENIZ
Eu estou muito feliz com o retorno do meu irmão. Nós sempre fomos muito amigos, até porque a diferença de idade entre nós, não chega a 2 anos. Eu estive com ele algumas vezes em NYC, com e sem meus pais, fizemos algumas viagens juntos, nos falamos regularmente, inclusive por video chamada, mas nada como tê-lo ao vivo em nossa casa.
Ele pareceu bem, mas quando falei sobre Leyla, achei que ele deu uma balançada... Mesmo que ele não queira mais nada com ela, sinto que ainda existe muita mágoa, impedindo-o de se envolver com outra pessoa. Mas, teremos muito tempo para conversar, ele tem que se permitir ser feliz!
D: Yalin, que tal sairmos um pouco? Está muito cansado? - Ele me olhou com uma cara de preguiça, que eu achei que ele não aceitaria...
Y: Vamos sim! Onde? - Respondeu animado.
D: Pensei no Ruby, já ouviu falar?! - Ele me olhou pensativo. - Tem restaurante, bar, petiscos, pista de dança e uma vista incrível do Bósforo.
Y: Não conheço, mas parece interessante! - Sorriu.
D: Sim! Inaugurou, após sua partida. - Refleti. - Então, vamos após o jantar! - Ele assentiu.
S: Onde vão os meus meninos? - Mamãe perguntou. - Vamos jantar?
D: Vou levar esse cara para curtir a noite em Istambul... - Disse rindo, enquanto ela se fazia de brava.O jantar foi uma delícia, mamãe pediu para a cozinheira ajudá-la a fazer os pratos prediletos de Yalin, mas todos aproveitamos.
D: Ah, eu acho que você deveria vir mais regularmente para casa, a comida melhorou muito... - Brinquei.
Y: Ah, pobrezinho, a mamãe nunca faz suas comidas preferidas, se eu não estou? O que eu posso fazer se eu sou o preferido... - Todos rimos.
S: Parece, que vocês nunca crescem! - Repreendeu mamãe em tom de brincadeira.
Y: Mamãe, onde está a Aysell? Ela não trabalha mais aqui? - Aysell trabalha em nossa casa há muitos anos e é considerada da família, está conosco desde quando éramos pequenos.
S: Claro que trabalha! Ela foi ver a irmã, que esteve doente, mas volta na próxima semana. - Ele sorriu.
Y: Sinto saudades dela! - Falou com carinho.
Após a sobremesa favorita de Yalin e de toda família, conversamos um pouco, nos aprontamos e saímos.Chegando ao Ruby, fomos para o bar e nos sentamos no balcão, pedimos whisky e ficamos conversando, observando o ambiente.
Encontramos uns amigos e ficamos relembrando os velhos tempos.
Eu fui ao banheiro e quando estava voltando, dei um encontrão com uma moça e, sua bebida colorida derramou em sua roupa clara.
Z: Você não olha por onde anda, não? - Disse ela mal humorada, me encarando com aqueles olhos claros lindos. Eu ri... - Você está rindo? Achou bonito? - Só então respondi.
D: Desculpe, não foi minha intenção... - Ela me interrompeu grossa...
Z: Sei, de boas intenções o inferno está cheio... Mas, o pior é você rir na minha cara. - Ela estava muito brava e alterada. Olhei para Yalin, que me olhava surpreso.
D: Posso me desculpar, te pagando outra bebida? - Ela me encarou com olhos ferozes. - Como posso me redimir? - Insisti e ela ficou me olhando, enquanto sua amiga a puxava...
K: Vem Zeynep, deixa isso para lá. Não vamos estragar a nossa noite por isso...
Z: Já estragou, eu estou com o vestido todo manchado... - Falou olhando para si, passando as mãos no vestido, com insatisfação.
D: Veja, para o seu consolo derrubou na minha camisa também! - Encarando-a.
K: Vem Zeynep, vamos até o banheiro e damos um jeito nisso... - Disse a amiga segurando seu braço. Ela foi a contra-gosto, visivelmente irritada.
Y: Bonita, mas brava... Hein? - Eu assenti, enquanto as via se afastar.
D: Sim, muito linda e brava! Tenho a impressão de que já a vi em algum lugar... - Fiquei pensando.
Eu sequei o excesso de bebida da minha camisa, com uns guardanapos e continuamos por ali conversando...
De repente vejo Leyla se aproximando de nós, eu sinalizei com os olhos, para Yalin.
L: Nossa, quem é vivo sempre aparece. Como vai Yalin? - Disse se aproximando para beijar sua bochecha, mas ele se afastou.
D: Tudo bem Leyla? - Respondi olhando em seus olhos. Yalin me olhou, mas não disse nada.
L: Não vai nem me responder? - Ele meneou a cabeça e disse.
Y: Estou bem e você? - Olhando-a impaciente.
L: Muito melhor agora! - Com um jeito insinuante.
Y: Pena que a recíproca não seja verdadeira! - Respondeu saindo. - Vamos dançar, Deniz?! - Ela o segurou pelo braço e ele fez uma careta. - O que você quer, Leyla?
L: Nossa, não lembro de você ser tão mal humorado! Não nos vemos há tantos anos, só quero conversar, saber sobre você... - Disse de forma sedutora.
Y: Mas, eu não estou interessado nessa conversa... Você pode soltar o meu braço? - Como ela não o soltou, ele puxou o braço e foi para pista. Eu a olhei e dei de ombros, seguindo-o. Ela ficou lá, parada pensando...
Na pista encontrei a garota brava, que eu derrubei a bebida..., Zeynep eu acho? Me aproximei e disse próximo na sua orelha.
D: Ainda muito brava comigo? - Ela me olhou com desdém. - Posso dançar com você? - Ela deu de ombros. - Sua amiga fez um bom trabalho com seu vestido. - Ela sorriu fingindo me ignorar.
Ficamos por ali, até começar tocar uma música mais lenta, para dançar junto e eu a enlacei pela cintura, trazendo-a para mim. Sua amiga ficou por ali e meu irmão saiu, para o terraço.
D: Você vem sempre aqui? - Perguntei, perto de sua orelha.
Z: Não com muita frequência. E você?
D: Tem épocas, que eu venho mais... Depende!
Z: Depende de que? - Perguntou se afastando, para me olhar nos olhos.
D: Depende do trabalho e do que eu quero encontrar...- Respondi insinuante.
Z: Hum! Entendi.
D: E você trabalha? - Perguntei curioso.
Z: Sim, eu terminei a faculdade e trabalho na área...
D: Qual área?
Z: Eu sou designer de interiores e trabalho numa loja de decoração. - Será que eu a conheço de algum evento, então?
D: Que coincidência, eu sou arquiteto e crio peças de design. Mas, nem nos apresentamos. Eu sou Deniz e você é Zeynep, certo? - Ela assentiu. E eu levei sua mão até meus lábios, depositando um beijo casto. - Prazer.
Nisso, vimos uma confusão lá fora e saímos. Um idiota tentou agarrar a amiga de Zeynep a força, ela deu um tapa no rosto dele e ele a pegou pelos braços, sacudindo-a. Eu fui até lá...
D: Qual é cara, some daqui! - Ordenei.
Idiota: Você é o pai dela? - Visivelmente bêbado.
D: Não, mas sou amigo... - Os seguranças vieram e o levaram para fora. Zeynep nos apresentou e ela me agradeceu.
K: Vamos Zeynep, já está tarde. - Chamou KYRAZ.
D: Vou levar vocês! Só vou chamar meu irmão... - Afirmei.
Z: Não tem necessidade, mas muito obrigada! - Respondeu. - Onde está seu amigo?
D: Meu irmão. - Falei olhando em volta. - Tem certeza? - Ela assentiu. - Então, me dá seu telefone? - Trocamos o telefone, nos despedimos e fui atrás de Yalin.
Eu o encontrei com o copo na mão, o olhar perdido, apreciando o Bósforo.
D: Oi?! Tudo certo? Perdi você de vista!
Y: Gostou da garota? Ela é muito bonita. - Eu assenti. - Leyla veio atrás de mim e conversamos...
D: O que ela queria? - Perguntei.
Y: Pediu desculpas, disse que se arrependeu e que ainda me ama.
D: E o que você disse? - Perguntei desconfiado.
Y: Que era tarde demais, que minha cabeça e minha vida mudaram muito e, que ela não se encaixa mais. Ela insistiu, para que eu lhe desse outra chance e eu disse, que não tem mais volta! Eu me sinto completamente refratário em relação a ela! - Eu bati em seu ombro, em sinal de apoio.
D: Vamos? - Ele assentiu.
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Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...