Capítulo 47 - Desejo de Vingança...

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LEYLA
O Yalin caiu como um pato na minha história. Eu tinha certeza, que ele jamais deixaria uma dama desamparada, numa cidade como Nova York.
Depois do meu plano de incriminar Kiraz não ter funcionado, eu não poderia fazer meu amigo manter o bloqueio do processo do "Nova Era", pois o departamento deles está sendo auditado e isso o prejudicaria, já que o Diretor, senhor Emre, estava mais atento ao processo pela amizade de seu filho com Deniz.
Diante disso, partimos para o plano B, que consistia em fazer Kiraz se desiludir com Yalin. Yalin precisava ver, que ela não era mulher suficiente para ele. Ele precisa de uma mulher forte e inteligente como eu. No fundo ele ainda me ama e, certamente, teria voltado para mim, se essa mulher não tivesse cruzado nosso caminho.
Vanessa é meus olhos e meus ouvidos na construtora, estávamos acompanhando tudo de perto, sobre o retorno de Yalin a NYC e da vinda de Kiraz, antes dela ir para Galápagos. A ideia era armar uma situação para ela ficar com raiva dele. O fato dela ter de ir depois e ter planejado chegar de surpresa, tornou tudo mais perfeito. Então, decidi que eu iria para Nova York e, assim que eu soubesse da data de chegada de Kiraz, daria o bote. Aliás, ela acreditou piamente em toda a cena, que eu armei e nem deixou ele tentar se explicar.
Yalin saiu desesperado atrás dela e eu aproveitei para ligar para Vanessa.
L: Amiga, tudo correu conforme o esperado! Ela saiu daqui com sangue nos olhos. Pobre garota idiota! - Eu ria...
V: Leyla, eu não sei se foi uma boa ideia! Yalin vai ficar com muita raiva de você! Mas, você é impulsiva, não quis me escutar. - Falou em tão de aviso.
L: Que nada! Eu vou conseguir seduzi-lo, porque ele está completamente fragilizado... - Falei convicta.
V: Eu não sei, ele é perdidamente apaixonado por ela...
L: Você está do lado de quem? - Questionei.
V: Sempre do seu, mas é por ser sua amiga, que eu preciso te abrir os olhos e eu acho, que não será tão simples.
L: Pode acontecer, mas se ele não ficar comigo, não ficará com ela! - Ouço um ruído na porta e desligo o telefone. - Vou desligar, ele voltou.
V: Ok!

Ele parou no meio da sala, passando as mãos pelos cabelos, parecendo estar tentando organizar os pensamentos. É nessa parte que eu vou entrar, para conduzir a situação...
Y: Eu quero você fora daqui e da minha vida. Nunca mais quero olhar para essa sua cara ordinária. - Falou com raiva.
L: Calma! Eu não tive culpa de nada. - Me defendi.
Y: Ah! Você quer que eu acredite, que tudo isso não foi uma armação? Fala Leyla, o que você veio fazer em Nova York? - Questionou.
L: Eu vim para uma entrevista de emprego numa empresa de arquitetura.
Y: Sei. Qual o nome? Onde fica? Quando? - Garoto esperto.
L: Eu não sei de cabeça, vou ter de ver no meu e-mail...
Y: Eu estou achando muita coincidência, você vir para Nova York, ficar sem documentos, bem no dia que Kiraz chegaria e, principalmente, pelo fato de estar nua na minha cama. Se eu tivesse bebido, eu poderia ter dúvidas, mas não foi o caso...
L: Nossa que imaginação de filme de Hollywood. Você me tem em alta conta, hein?! Achando que eu poderia armar um plano tão mirabolante. - Falei com sarcasmo.
Y: Hoje eu tenho plena consciência, do que a sua mente pervertida e ardilosa é capaz! Pena, que eu me deixei enganar, ontem...
L: Eu não tive culpa, eu fui deitar e você me procurou, dizendo sentir saudades e nós fizemos amor, como nos velhos tempos. Eu só confirmei minha suposição, de que você me ama, mas não quer admitir.
Y: Leyla, você acha mesmo que eu vou cair nessa conversa? Eu estava sóbrio, fui dormir e acordei, com você ao meu lado. Aliás, essa foi a parte do seu plano, que não deu certo, porque eu não bebi... Mas, pensando bem, você colocou algo na minha bebida? Porque eu estava bem sonolento... mais uma razão para não ter acontecido nada, o meu amigo não levantaria. - Falou me desafiando.
L: Que mau juízo você faz de mim! - respondi com ares de inocência.
Y: Leyla, você precisa compreender, que eu não sou mais um moleque, que você pode manipular e seduzir. Eu posso ter caído nessa sua armadilha, mas sei que eu não sinto absolutamente nada por você, nem tesão... Você pode ficar nua na minha frente, que não fará diferença! - Fiquei abalada, mas segurei minha raiva e ele completou... - Se você quer saber, hoje eu vejo, que eu nunca amei você, foi apenas uma paixonite. Eu conheci o amor verdadeiro com Kiraz, nós nos amamos e é algo tão forte e especial, que eu confio, que não será destruído, por seu golpe baixo. - Falou convicto.
L: Nossa, eu não lembro de você ser tão grosso. Se é como você diz, eu te pergunto, que amor é esse dela, que não te deu nem um voto de confiança? Que não te deu a chance de explicar sua inocência? Você ainda quer uma mulher assim? - Falei cuspindo as palavras com raiva.
Y: Você pode ter fodido a minha vida e feito ela se afastar de mim, para sempre. Mas, isso não significa, que eu vá ficar com você. Nem que você fosse a última mulher na face da terra! Entendeu, ou quer que eu desenhe? - Respondeu no mesmo tom.
L: Você está muito nervoso, não sabe o que está falando... Nós fizemos amor... - Tentando seduzi-lo, com a fala mansa, chegando mais perto.
Y: Leyla, você continua me tachando de idiota. Vamos fazer exame de corpo delito, para ver se tem esperma meu ai? Eu tenho um amigo que trabalha no Instituto Médico Legal daqui. - Ele só pode estar blefando!
L: Você usou preservativo. - Blefei.
Y: Onde está o preservativo? - Foi revirar o lixo do banheiro e do quarto. - Será que precisamos chegar a esse ponto? Você acha que eu não sei como eu me sinto, que eu não conheço o meu corpo, após uma noite de sexo? Eu sou um homem experiente, fiz sexo com muitas mulheres, depois de você. Não sou mais o garoto inexperiente, que você conheceu. E eu estava sóbrio, porra! - Ele me encarou com tanto ódio, que eu não o reconheci. - Chega de conversa fiada, eu tenho coisas mais importantes para resolver e a quero fora daqui e da minha vida!
L: Por favor, me escuta Yalin... - Implorei. - Eu amo você.
Y: Não, você não me ama e nunca me amou. Porque quem ama, cuida, respeita, quer o bem do outro e você nunca soube o que é amar...
L: Você é um leão ferido, que nunca superou o nosso término. Eu sei que eu errei, mas eu te amo. Por isso, não meço esforços para te ter de volta para mim... - Ele gargalhou.
Y: Você tem razão, em parte. Eu demorei para superar sua traição, mas hoje eu vejo, que não foi por te amar de verdade e, sim, por ter ferido o meu ego, abalado a minha auto estima... Hoje, eu sei o que é amar e ser amado, tudo é muito diferente, inclusive o sexo. Aliás, eu me sinto tão completo com Kiraz, que não tenho vontade de fazer sexo com mais ninguém. Eu só desejo fazer amor com ela! - Provocou. Eu respirei fundo, mexida com a forma que ele falou.
L: Yalin... - Ele me cortou.
Y: Leyla... - Falou entredentes, tentando se controlar. - Eu já escutei e falei tudo o que era necessário! - Respirou fundo... - Então, eu a quero fora daqui... Se não for por bem, será por mal! - Falou me encarando. - Ah! Mais uma coisa, Vanessa que se cuide...
L: Ela não tem nada a ver com isso! - Defendi.
Y: Leyla, você continua me subestimando! Não confunda pureza de alma e bom coração, com falta de inteligência. - Falou alterado. - Quem te daria informações tão detalhadas sobre eu e Kiraz?! - Questionou.
Eu recolhi minhas coisas e completei.
L: Isso não fica assim, ou eu não me chamo Leyla! - Ele me monitorava com as mãos nos quadris e ares de desdém.
Y: Você é uma mulher jovem e bonita. Deveria usar sua inteligência, para alavancar sua carreira e encontrar um cara, com quem possa ter uma relação saudável e verdadeira, não por mero interesse financeiro. Você seria bem mais feliz e realizada, acredite! - Eu o olhei de soslaio com raiva...
Terminei de arrumar minhas coisas e sai dali direto para o hotel, onde eu tinha escondido o restante da minha bagagem e documentos... Isso não vai ficar assim! Me aguarde Yalin...

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