Kiraz teve dias difíceis com muito enjoo e mal estar e conseguiu fazer alguns exames constatando a gravidez, mas preferiu não contar nada para Yalin, pois queria fazê-lo pessoalmente. Ela procurou terminar a pesquisa o mais rápido possível, para que pudesse voltar no início de setembro e todos a estavam ajudando, incluindo a Dra. Margareth e o Professor Furkan. Uma das alunas, Ece também tinha se aproximado muito dela e a estava apoiando em tudo.
Como se não bastassem os enjoos, ela teve um pequeno sangramento e teve de permanecer em repouso, causando preocupação em todos.
O professor Furkan, também não estava bem, pois recebeu a notícia, que sua esposa tinha sido internada e voltado para o coma e, desta vez, parecia irreversível. Ele andava cabisbaixo e falando pouco, mas estava finalizando algumas coisas para retornar com Kiraz e Margareth. Ele passaria uns dias em Nova York, pois Margareth o convidou para ministrar algumas aulas na Universidade.
Certo dia, Kiraz estava sentada entediada numa poltrona próxima a janela, olhando o céu do entardecer pensativa, quando o professor Furkan chegou de mais um dia de trabalho e foi conversar com ela.
K: Voltaram mais cedo? - Perguntou curiosa.
OF: Kiraz, como você está?! Sente-se melhor? - Ela assentiu. - Eu vim na frente porque preciso falar com você, algo que está me incomodando muito. Não quero mais cometer erros na minha vida...
K: Nossa professor o que foi? Que tom solene. - Ela comentou.
OF: As fotos... Fui eu quem pediu para Ece tirar e as enviei para uma pessoa, que estava me ameaçando. - Ela arregalou os olhos.
K: Como assim? Quem o estava ameaçando? - Ele respirou fundo, parecendo estar tomando coragem.
OF: No dia em que a minha esposa passou mal, eu estava falando com uma aluna numa vídeo conferência... Ela ouviu parte da nossa conversa, ficou muito nervosa e teve o pico de pressão. - Kiraz ficou olhando para ele tentando entender. - Eu vou explicar. Depois de anos de casado, apesar de amar muito minha esposa, o casamento tinha esfriado, o sexo era quase inexistente e nós havíamos nos distanciado muito. Nesse ínterim, Ece veio para que eu a orientasse no seu mestrado, após um problema de saúde do seu ex orientador. Ela estava com quase 30 anos e, apesar de ser uma das minhas alunas mais velhas, era 20 anos mais jovem que eu, que jamais tinha me envolvido com minhas alunas. Mas, eu estava passando por um período difícil na minha relação e ela tinha rompido um noivado de anos, estando ambos bastante fragilizados e carentes... Nós conversávamos muito, nos apoiávamos e éramos confidentes, até que um dia ficamos juntos. - Ele respirou fundo. - Eu disse a ela, que isso não poderia se repetir, porque eu amava minha esposa e não conseguiria lidar com essa situação. Eu me sentia péssimo, culpado... Pensei até em encaminha-la para outro professor, mas ela disse que não seria necessário e eu não queria prejudicá-la, com uma nova troca de orientador. Nunca mais tivemos nada, mantivemos a relação professor aluna e a amizade, porém mais distante. Ela é uma ótima pessoa e não tinha intenção de me prejudicar. Depois disso, fiz de tudo para resgatar o meu relacionamento com minha esposa e investi muito nisso. Quando eu soube que ela estava grávida, fiquei muito feliz e vi os áureos tempos do nosso relacionamento voltarem. Nós estávamos muito felizes e curtindo cada momento da gravidez, até mais do que a da nossa primeira filha, pois tínhamos mais maturidade. Não tive mais nada com Ece, mas continuei orientando-a e nesse dia, minha esposa escutou parte do que dissemos e entendeu tudo errado. Ela começou a chorar muito nervosa, se trancou no quarto, falou com alguém ao telefone e, após um longo silêncio, eu decidi entrar com a chave reserva, encontrando-a desmaiada. Eu a levei para o hospital e o resto você já sabe!
K: Eu sinto muito, Furkan! Imagino a culpa que você deve sentir... Mas, qual a relação disso com as fotos?! Que história é essa de ameaças? - Ele me olhou...
OF: Minha esposa ligou para uma amiga, que eu vim a descobrir depois, que trabalhava com Leyla. Sabe a Leyla, ex do seu noivo? - Ela assentiu. - Então, Leyla passou a me chantagear, para que eu a afastasse de seu noivo. Por isso, a insistência na expedição e as fotos. Ela queria que eu fingisse estar apaixonado por você, mas eu me neguei... Então, ela me pressionou, para que eu criasse situações comprometedoras, comigo ou qualquer outro rapaz da expedição.
K: Que tipo de chantagem? - Questionou alterada.
OF: Ela ameaçou me expor para a família da minha esposa, que me considera culpado sem saber disso, para minha filha e na Universidade... - Suspirou. - Fiquei com muito medo de perder o amor da minha filha e o emprego... ser desmoralizado, após anos de trabalho... E eu não teria como manter os gastos com minha esposa e minha filha, sem emprego. Sobre minha esposa, infelizmente jamais terei como me justificar, ou me desculpar por tudo o que aconteceu. - Ele baixou a cabeça. - Me desculpa?! - Falou num tom angustiado e com lágrimas nos olhos.
K: E por que você resolveu me contar tudo agora?! O que mudou? - Perguntou intrigada.
OF: Eu estou muito preocupado com o seu estado fragilizado e eu não quero carregar mais uma culpa na minha vida. Eu não suportaria, se acontecesse algo com você, ou com o seu bebê, por uma mentira, que causou todo esse desentendimento entre você e seu noivo. Ece também está muito preocupada e ela gosta muito de você. - Eles se olharam por um longo tempo e depois se abraçaram.
K: Obrigada por me contar! Eu entendo seus motivos e o peso que está carregando, já é o suficiente. Fique tranquilo! Leyla não precisa saber que você me contou. Quanto a mim e Yalin, apesar do estresse naquele dia das fotos, ambos sabíamos que tinha cara de armação, só não entediamos o por quê. Agora eu sei. - Falou tentando conforta-lo.
OF: Ela não vai desistir de tentar separa-los! - Ele alertou.
K: Fique tranquilo! Apenas me avise, se ela te propor algo novamente... - Ele assentiu. Ece entrou logo em seguida e deu um beijo na bochecha de Kiraz.
E: Espero que um dia você possa nos perdoar. Nós gostamos muito de você. Você é muito importante para nós e esse tempo aqui, só aprofundou nossa relação. - Kiraz sorriu.
K: Eu já perdoei! Eu sei o quanto Leyla pode ser ardilosa, para obter o que quer. - Respondeu segurando as mãos de Ece. - Obrigada por me contarem. Todos se deram as mãos, se olhando com cumplicidade.
Após aquela conversa, Kiraz ficou ainda mais pensativa!Passaram-se quinze dias, era início de setembro, ela seguiu todas as recomendações médicas e os enjoos já estavam melhorando, pois pelos seus cálculos, provavelmente estava entrando no 4º mês de gestação. Ela calculava que havia engravidado, assim que Yalin voltou de Nova York, no início de maio.
Numa das ligações para sua família, soube que sua matéria indicada a prêmio, tinha sido a vencedora e a premiação aconteceria numa festa no MET (The Metropolitan Museum of Art), no final de setembro. A notícia e o convite tinham chegado na casa de seus pais em Istambul. Ela falou com Yalin, que estava felicíssimo por terem conquistado os prêmios.
Y: Estou tão orgulhoso de você! Você acha que conseguirá vir para a premiação? Seria uma pena você não receber o seu prêmio pessoalmente. - Ela sorriu.
K: Eu não prometo! Mas, farei o possível... - Respondeu evasiva.
Na verdade, ela pretendia voltar com Margareth e Furkan nos próximos dias e fazer uma surpresa para Yalin. Ela sabia que ele conseguiria chegar em Nova York, apenas nas vésperas do evento e, enquanto isso, ela ficaria na casa de Margareth, que insistiu muito, pois não queria que ela ficasse sozinha do outro lado da cidade. Margareth mora próximo ao Central Parque, ao lado do Museu Guggenheim, que realmente é um pouco distante do DUMBO, onde Yalin mora. Kiraz pretendia ir ao médico, resolver alguns assuntos relacionados a sua pesquisa e a sua provável contratação na Universidade. Além disso, queria comprar um vestido bem lindo e justo para o evento, para surpreender Yalin com sua presença, mostrando a barriguinha, que começava a ficar saliente.
Margareth levou Kiraz ao seu médico, onde fez vários exames e o ultrassom, quando ficou super emocionada de ouvir o coração do bebê. Ela mal podia esperar para ver a reação de Yalin, quando soubesse. Segundo o médico, na data do evento ela estaria de cerca de 20 semanas de gestação, ou seja, dificilmente poderia esconder a barriga proeminente. Ela suspirou...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...