KIRAZ
Fomos ao evento com Zeynep, eu e Hakan. Atualmente, eles moram sozinhos em Istambul e seus pais moram no campo, próximo a Bursa. Ficamos muito orgulhosos com nossa "irmã".
Hakan é um homem bonito e bastante interessante, um pouco mais velho, que minha irmã, que é apaixonada por ele, desde a adolescência, quando eles mudaram para o nosso bairro. Mas, ele parece não nutrir os mesmos sentimentos, por ela. Na verdade, nem se dá conta...
Assim que saímos do auditório, percebi que Deniz e seu irmão se aproximavam, para cumprimentar-nos e parabenizar Zeynep. Eu cochichei na orelha dela:
K: Seu pretendente está vindo em nossa direção. - Ela revirou os olhos. - E vem com o irmão gato misterioso... - Ela sorriu placidamente, disfarçando o teor dos meus comentários.
D: Parabéns! Estou muito feliz por você! - Falou abraçando-a e dando um beijo em sua bochecha. Ela revirou os olhos. Yalin também a parabenizou e me cumprimentou em seguida.
K: Minha amiga é muito poderosa, vai estudar em Milão! - Zeynep me deu uma cotovelada e comentou:
Z: Diz a pessoa que ganhou bolsa para Cambridge. - Nos olhamos sorrindo.
Y: Cambridge? Você estudou em Cambridge? - Eu assenti. - O que você estudou lá?
K: Eu sou bióloga e pesquisadora, faço doutorado e consegui uma bolsa sanduíche no Darwin College, por 1 ano... - Expliquei.
Y: Quando você esteve lá?
K: Neste último ano. Acabei de voltar... - Ele ficou pensativo...Yalin estava bem ao meu lado e eu podia sentir o seu perfume delicioso... amo esse perfume. Ele é um homem muito bonito e elegante, mas super na dele, muito misterioso e de poucas palavras...
Z: O que foi? - Zeynep falou no meu ouvido. - Está pensando em que? - Eu neguei com a cabeça...
K: Nada... - Sussurrei no seu ouvido. E sorri para os demais.
Zeynep apresentou Hakan aos rapazes e Yalin me perguntou algumas coisas sobre Cambridge, inclusive sobre meus estudos... Respondi orgulhosa, que trabalho com preservação ambiental e de espécies, e Deniz comentou.
D: Olha que interessante, Yalin. Ela poderia contribuir com nosso projeto. - Eu os olhei curiosa, tentando entender do que se tratava e ele completou. - Nossa empresa está desenvolvendo um projeto numa área de preservação ambiental e...
K: Não me diga que vocês estão envolvidos, ou são responsáveis pelo projeto "Nova era"? - Deniz assentiu.
D: Sim o projeto é nosso. - Torci o nariz.
K: Sério mesmo, que vocês pretendem macular a natureza intocada daquele local? - Deniz arregalou os olhos.
D: Nosso projeto foi cuidadosamente desenvolvido para preservação da natureza local e é auto sustentável. Ecologicamente correto. Não é Yalin?! - Se defendeu.
Y: Sim! Eu também sou um amante da natureza e empenhado na preservação ambiental, mas gostei muito do projeto e dos cuidados que estão sendo tomados... Você deveria conhecer, para então tirar suas próprias conclusões. - Disse tentando amenizar a tensão.
K: Não sei! Mas... - ele me interrompeu.
Y: Eu te convido a conhecer o projeto junto comigo, pois apesar de ser algo da empresa da nossa família, eu moro há anos em Nova York, voltei após 10 anos e fui convidado para fazer um documentário sobre o mesmo. - Eu o olhei hesitante. - Estou falando sério! Topa?
K: Está bem! Só para não dizer que não escutei os dois lados...
Ele pegou meu telefone e ficamos de nos ver no dia seguinte, para eu conhecer o projeto.Ficamos mais algum tempo no evento e voltamos para casa. Zeynep havia me convidado para dormir em sua casa e, enquanto ela foi tomar banho, fui até a cozinha beber água.
Hakan chegou em seguida e se aproximou de mim... Ele acariciou meus cabelos e eu eu sorri.
K: Está sem sono? - Ele não respondeu e ficou me encarando. - Terra chamando Hakan... - Disse rindo.
H: Kiraz isso não é brincadeira... - Eu engoli em seco, quando ele se aproximou mais e colocou a mão na minha nunca. - Eu quero você. - Eu me desvencilhei de seus braços e fui para o outro lado da mesa.
K: Como assim? Do que você está falando? - Falei atordoada.
H: Eu sou apaixonado por você, quero você para mim... - Disse sinceramente. Eu fiquei muda por um tempo, depois respirei fundo e falei...
K: Hakan, eu amo você como irmão. Acho que você está confundindo as coisas... - Ele me interrompeu.
H: Não estou, eu sinto isso há muito tempo. Só não tive coragem de te dizer antes... Podíamos tentar, eu poderia te fazer muito feliz! E eu seria o homem mais feliz do mundo...
K: Hakan, eu tenho certeza, que a mulher que estiver com você será muito amada e feliz, mas você merece alguém que te ame de verdade e eu não o amo. Eu prefiro ser franca, desfazer esse mal entendido, do que alimentar falsas esperanças.
H: Você tem alguém, ou está apaixonada? - suspirou... - Ou ainda ama seu ex noivo?
K: Não, eu não estou com ninguém... E quanto ao Ozan, eu descobri que sempre o amei, como a um irmão...
H: Então, por que não tentar? - Questionou.
K: Porque você é a última pessoa, que eu quero machucar. Eu não quero te iludir. Por favor, compreenda. - Supliquei.
H: Eu não vou desistir tão fácil... Eu vou tentar te conquistar. - Afirmou.
K: Desculpe a sinceridade, mas para mim é definitivo. Procure alguém que o ame e mereça... - Se ele soubesse que se interessou pela irmã errada...
Zeynep apareceu e notou o clima tenso, mas não falou nada. Ele desejou boa noite e saiu...
Quando voltamos para o quarto, ela me perguntou o que tinha acontecido e eu contei tudo, inclusive sobre minha irmã...
Z: Eu já havia percebido, que sua irmã estava interessada nele... O que você quer fazer?
K: Não tem o que pensar. Eu sei que Hakan é um cara incrível, mas eu não o amo, como homem e sim como irmão. Se fosse outro cara, poderia tentar, mas não quero magoá-lo. Você entende? - Ela assentiu.- Além disso, tem a minha irmã. Com tantos homens no mundo, eu não preciso ficar o homem que ela ama, principalmente sabendo que eu não amo... Como eu poderia fazer isso com ela?
Z: Você tem razão! Você a magoaria muito e ela não merece! Pode ser que ele nunca fique com ela, mas se ele escolher qualquer outra pessoa, pelo menos não será sua própria irmã, que destruirá seus sonhos... - Nós nos abraçamos...
K: E você com esse Deniz, hein? - Ela sorriu. - Huuum... que sorrisinho é esse?
Z: Ah! Como resistir a um homem como ele, dando mole? Ele é tudo de bom... mesmo sendo arrogante.
K: Eu não o acho arrogante... E ele é tão transparente em suas investidas. Acho que ele deixa tão claro, que ele a quer! Por que não tentar? - Ela sorriu...
Z: E o meu irmão também! - Eu revirei os olhos.
K: É diferente, você acabou de conhecer o Deniz, não tem nenhum tipo de relação com ele. Se não der certo, basta seguir em frente e não vê-lo mais... Diferente do Hakan, que é meu amigo irmão, que eu não quero perder... Eu, pelo menos, pretendo ser sua amiga para sempre...
Z: Eu entendo, só brinquei... E o Yalin?
K: Se eu te disser que ele não meche comigo, eu estaria mentindo. E aquele perfume? Ahhh... - Falei sonhando com aquele cheiro maravilhoso. - Mas, ele mora em Nova York, não sei se ele voltou para cá em definitivo, ou está de férias... Não sei se ele tem alguém, se quer ter... Enfim?! - suspirei.
Z: E você? O que você quer? - Eu sorrio.
K: Eu não sei. Vou deixar rolar, depois eu penso. Até porque, eu estou indo para Galápagos. Lembra?
Acabamos dormindo sem terminar a conversa... O cansaço nos venceu...YALIN
No maior parte do caminho de volta para casa, vim calado pensando em Cambridge, Kyraz,..
D: Você está tão calado. No que está pensando? - Perguntou.
Y: Eu acho, que eu já conhecia Kyraz...
D: Ah! Acha ou tem certeza? Descobriu de onde a conhece? - Quantas perguntas...
Y: Acho que sim! Foi há pouco mais de 6 meses em Cambridge... - Respondi pensativo.
D: Como? Ela não lembrou de você?
Y: Eu estive de passagem por lá, quando fui encontrar o Emir... Lembra? Ele faz doutorado e não nos víamos há muito tempo, mas nunca perdemos o contato. Fomos a um baile de máscaras e lá conheci Kiraz...
D: E como ela não lembrou de você? Estava bêbada? - Questionou.
Y: Ela estava com uns amigos dançando e a chamaram para cantar na banda, que estava se apresentando, naquela noite... Lembro que me chamou a atenção, quando ela cantou em turco, depois dançou com uns amigos uma dança, que me pareceu característica turca, se divertindo muito... e eu ali observando. Eles estavam fantasiados, com trajes medievais, pareciam a corte do Rei Arthur... - Sorri lembrando. - E claro, mascarados.
D: Mas, você chegou a falar com ela? - Perguntou me observando... Entramos em casa e continuamos a conversa, acomodados na sala. Ele se serviu de whisky e me ofereceu... - Gelo?
Y: Cowboy... - Tomei um gole e continuei. - Ela passou por mim e eu a puxei para dançar. Dançamos, mas falamos pouco, porque o som estava muito alto... Veio um cara no final da música e disse que era a vez dele. Ele estava bêbado, tentou agarra-la, eu a tirei de lá e a levei para a varanda. Quando ela se acalmou, voltamos a dançar e eu a beijei, para afastar o cara... Mas, não falamos nossos nomes, nem trocamos telefone... e com as máscaras, o que me marcou foi o olhar dela, o perfume...
D: Entendi... E o que você pretende fazer?
Y: Nada! Em algum momento eu vou dizer a ela, caso ela não lembre. - Respondi refletindo.
D: Você gostou dela? O beijo foi bom? - perguntou. Demorei para responder. Então, respirei fundo e disse.
Y: Eu gostei muito de beija-la... - Respirei novamente.
D: Eh?! - Perguntou em expectativa.
Y: Fazia tempo que eu não me sentia assim, beijando uma mulher! - Ele sorriu e deu um tapinha em meu ombro. - Quando ela encostou em mim, ocorreu uma certa tensão... Foi como se eu pudesse sentir cada parte de seu corpo, cada movimento, havia uma eletricidade. - Ele sorriu.
D: Tesão? - Eu o olhei e sorri. - E não é? Ela é uma mulher bonita, inteligente, pelo visto gostosa... O que você tem a perder? - Eu estava com os cotovelos apoiados nas minhas coxas, com o copo nas mãos... Baixei a cabeça, olhando o copo e dei de ombros. E ele continuou:
D: Se permita! Deixa acontecer... O que tiver de ser, será! - Eu assenti...
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Caminhos Cruzados
RomantikSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...