Capitulo 10 - Deja vu...

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YALIN
No manhã seguinte, acordei cedo e fui correr no calçadão na beira do Bósforo, retomando minha rotina de exercícios. O dia estava maravilhoso, o céu azul e aquela cor do mar de encher os olhos... Como senti falta de tudo isso!
Cheguei em casa e todos estavam na mesa do café da manhã.
Y: Bom dia família!!! - disse animado diante do sorriso de todos.
D: Ah! Se você tivesse dito, eu iria com você!
Y: Sério? Achei que hoje estaria muito ocupado.
D: E estou, mas seria ótimo para relaxar... - dou um tapa em seus ombros...
Y: Vai dar tudo certo! Você é muito talentoso. - incentivei.
C: Meus garotos! Fico tão feliz de vê-los juntos e tão amigos, não Sögul? - Ela sorriu para papai com cumplicidade e apertou sua mão.
Y: Temos grandes exemplos de amor, cumplicidade e respeito aqui em casa... Vou tomar um banho rápido e volto.
S: Vá sim! Começamos o café agora...

Tomo meu banho em tempo recorde, coloco uma bermuda e uma camiseta e desço.
Y: Mamãe, como estão os preparativos para a festa? - Pergunto preparando meu prato, com todas aquelas delícias, que eu sentia tanta falta.
S: Está tudo pronto, praticamente! Estamos tão ansiosos, não é meu bem? - Ela pergunta apertando a mão de papai e o olhando nos olhos.
C: Sim... Quer dizer, acho que você está mais... - Ela dá um tapinha no braço dele, como se estivesse contrariada.
S: Homens... - Falou revirando os olhos. - Como se a comemoração fosse somente minha!
C: Ah, meu amor, essa história de organizar festas, é coisa de mulher! Minha maior comemoração e presente é ter você! - Ela da um selinho e ele pisca para nós.
Nós rimos do jeito deles.
Y: A relação de vocês é linda! Como poucas que eu conheço, se não for a única. - elogiei.
D: Verdade! Será que ainda é possível viver algo assim nos dias de hoje? - disse pensativo.
S: Claro que sim! Tenho certeza que vocês encontrarão alguém especial. mas tem que estar aberto, se permitir...- Eu escuto e me calo, teve uma época que eu acreditava tanto nisso, mas a vida me mostrou, que é como acertar na loteria, ou achar uma agulha no palheiro.
D: Não sei se consigo encontrar minha alma gêmea, mas espero achar alguém especial, para a minha vida! - Disse esperançoso. E você Yalin? ...Abi? - Estava tão perdido em meus pensamentos, que só percebi um bom tempo depois meu irmão me chamando... Eu olho para ele. - O que você acha?
Y: Quantas pessoas tem a sorte de encontrar sua alma gêmea na vida?! Difícil... Acho que não é para mim! - todos me olham.
C: Filho, isso é como uma surpresa, de repente você percebe que está acontecendo na sua vida! Acredite... - Eu meneio a cabeça em descrédito.
Deniz percebeu meu desconforto e mudou o assunto.
D: Abi, hoje vou no local da exposição para acertar os últimos detalhes, quer vir comigo?
Y: Vou sim! Vocês irão a noite? - perguntei olhando para nossos pais e eles assentiram. - Tudo bem se eu for assim? - perguntei a Deniz.
D: Sem problemas...

Vou com Deniz até o local da exposição e havia muita gente trabalhando, trazendo coisas, organizando os ambientes. Encontramos uns parceiros de Deniz na entrada, eles vão conversando sobre detalhes da exposição e eu sigo na frente deles, distraído, olhando os ambientes, quando alguém bateu em mim com tudo e quase caiu, se eu não a segurasse em meus braços... Ela olhou para o lado encontrando meu peito e levantou os olhos lentamente em direção aos meus, com as bochechas vermelhas, visivelmente envergonhada... Eu a encarei e me perdi em seus olhos. Onde eu os vi antes? Não me eram estranhos! Ficamos nos olhando por alguns segundos, mais do que o necessário...
K: Desculpe, eu... Eu não o vi! - Disse se soltando dos meus braços.
Y: Eu que peço desculpas. Eu também estava distraído... Você está bem?  - Ela assentiu.
Z: Kiraz, tudo bem? - Quando volto os olhos para a voz, vejo a moça, que meu irmão conheceu no Ruby. - Deniz se aproximou.
D: Oi, tudo bem? Zeynep, certo? - Ela revirou os olhos e assentiu... - Você também está expondo?
Z: Sim! Eu... - A amiga a interrompeu.
K: Minha amiga talentosa, foi indicada a um prêmio. - disse orgulhosa, tentando desfazer o clima pesado, se afastando de mim.
D: Nem nos apresentamos direito naquele dia... Zeynep, sua amiga Kiraz e esse é o meu irmão Yalin. - Falou apontando cada um de nós.
Y: Prazer em conhecê-las, parabéns Zeynep. - disse sorrindo, ainda intrigado com os olhos de Kiraz. - conversamos mais um pouco e nos despedimos.
D: Nos vemos à noite, então? - Percebo que Deniz disse algo próximo a orelha de Zeynep e ela sorriu sem graça. Na sequência ambas confirmaram a presença no evento, logo mais à noite, e se foram...

Já no carro Deniz comentou animado:
D: Duas gatas. Gostei delas.... - eu confirmo com a cabeça. - Você não gostou?
Y: Gostei, mas tive a sensação de que já vi aqueles olhos antes! - respondi pensativo.
D: Quais olhos? - questionou.
Y: Os de Kiraz... Tive um deja vu... Mas de onde eu a conheceria?! Estou fora de Istambul há anos e ela é bem mais jovem do que eu... Você sabe o que ela faz da vida?
D: Não tivemos oportunidade de falar sobre... - Respondeu evasivo. Ele riu, parecendo estar se divertindo com algo...
Y: O que houve? O que é tão engraçado?
D: Eu liguei hoje mais cedo para Zeynep, pensando em convida-la para o evento, ou para visitar os ambientes, mas fiquei frustrado, quando percebi que ela me deu o telefone errado... Ela é designer de interiores e achei que seria uma excelente desculpa, para revê-la... Mas, o universo conspirou, mesmo ela fugindo de mim! - Eu sorri e brinquei com ele.
Y: Nossa! Você está realmente interessado na garota, hein?! Foi sobre isso, que você cochichou na orelha dela? - Falei observando sua reação e ele assentiu. - Por que será que ela fez isso?
D: Acho que foi pura vingança, por eu ter derramado bebida na roupa dela... Enfim!!! - Respondeu pensativo...
Y: Pode ser. Mas, um pouco infantil. Você se desculpou, tentou uma aproximação e se mostrou interessado nela. - Ele assentiu.
D: Mulheres! Vamos ver se mais tarde consigo desfazer essa má impressão. - Ele suspirou. - E Kiraz? Você se interessou por ela? Podemos sair os 4 para jantar!
Y: Não foi bem um interesse, mas fiquei intrigado com os olhos dela. Parece que já a vi antes. Muito estranho... Bem, deixa para lá. O tempo irá me mostrar.
D: Eu estou te achando tão diferente, mais introspectivo e fechado, sem muitas palavras. Você está bem? - Eu assenti com um sorriso enigmático. - Você tem alguém em NYC?
Y: Eu saio com algumas mulheres, mas não estou amarrado a nenhuma. Preciso manter a minha fama de mau... - risos... - Acho que o tempo mais longo que sai com a mesma, foi 3 meses... Mas era uma relação aberta, sem cobranças, mais pelo sexo mesmo... Não sou um homem de transar cada dia com uma. Então, acabo saindo algumas vezes com a mesma... Se percebo, que ela está se apegando, eu me afasto, ou dou um espaço entre os encontros...
D: Mas por que? Você não quer se apegar, ou não se permite? - Fiquei pensativo.
Y: Acho que ambos. Não sei se estou pronto para algo mais definitivo. Nem sei se quero isso para minha vida! - respondi evasivo.
D: Você não quer amar e ser amado? Ter uma família?
Y: No momento não. - Respondi rápido.
D: Olha, eu não estou procurando... Mas, me sinto aberto para deixar vir, especialmente algo, ou alguém especial.
Y: Espero que você encontre o que procura e seja muito feliz. Eu adoraria ter uns sobrinhos... - Ele me olhou nos olhos.
D: Eu também! Quero que você seja muito feliz, porque você é o cara! - Nos abraçamos, dando tapinhas nas costas.
Almoçamos juntos, conversamos muito... Adoro estar com Deniz, mas do que irmãos, somos amigos e confiamos um no outro. Nossos pais fizeram um belo trabalho!

Chegamos em casa, descansamos um pouco e nos aprontamos para o evento.

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