Caminhos Cruzados

Capitulo 18 - A Festa - parte I

KIRAZ
Deniz e Yalin queriam vir nos buscar, mas nós achamos que eles deveriam recepcionar os convidados, junto com seus pais.
Yildiz foi se arrumar na casa de uma amiga e foi para a festa, com uns colegas da empresa.
Papai e mamãe tinham a tal festa do amigo e se programaram para sair no horário, pois prezam pela pontualidade. Ele ainda estava chateado comigo e, para que não houvesse discussões, ou tentativas de persuasão, eu fui me arrumar na casa de Zeynep.
Nós saímos pela manhã para comprar nossos trajes, almoçamos no shopping e voltamos para casa, para fazer nossa rotina de beleza. Tomamos um banho com sais de banho, hidratamos os cabelos, fizemos as unhas, maquiagem e os cabelos... Estávamos de saída, aguardando o uber, quando Hakan chegou e quase me comeu com os olhos.
H: Nossa! Que lindas! Posso saber onde vão? - Perguntou me encarando.
Z: Na festa dos pais de Deniz e Yalin, lembra? - Respondeu Zeynep.
H: Que chatice! Vocês não tem programa melhor, não? - Falou fazendo careta. - Programa de velho.
Z + K: Não! - Respondemos juntas e começamos a rir... - Sempre fomos cúmplices.
Nosso carro chegou, nos despedimos e saímos, antes que ele pudesse argumentar.

Chegamos na recepção, por volta das 20 horas, e tudo estava muito lindo, a decoração, as flores...
O local escolhido foi uma mansão na beira do Bósforo e, por ser início do verão, pudemos assistir ao espetáculo do poente, com seus tons alaranjados colorindo o céu, já que os dias são mais longos nessa época. Na entrada, passamos por uma espécie de portal com flores em tons rosè e por uma galeria de fotos do casal e da família, dispostas em um corredor, como se fosse um túnel do tempo. Mais à frente havia uma mesa, com um álbum de fotos ilustrando toda vida do casal, onde podíamos deixar mensagens . Haviam canetas e lápis coloridos, adesivos, carimbos, para que usássemos a criatividade na "produção das felicitações".
Assim que chegamos, avistamos Carlo, Sögull, Deniz e Yalin conversando com Yildiz e um casal de costas...
Quando meu olhar cruzou com o do Yalin, foi como se algo magnético nos atingisse, não conseguíamos tirar os olhos um do outro, enquanto nos aproximávamos. Ele estava muito lindo e, assim que me viu caminhou em minha direção. Foi como se não houvesse mais ninguém ali, só nós dois indo um ao encontro do outro. Ele pegou minhas mãos e beijou os nós dos meus dedos e me conduziu ao grupo.
Eu cumprimentei Deniz, que passou por mim sorrindo, se dirigindo a Zeynep. Abracei a Sra. Sögull e apertei a mão do Sr. Carlo, que me deu um beijo na testa. Quando me voltei para falar com minha irmã e o outro casal, fiquei atônita! Eram meus pais...
Eles estavam visivelmente surpresos e perguntaram:
E: Vocês se conhecem? - Eu assenti e beijei os dois. - Você está linda minha filha.
Então, o tal amigo de papai é o Sr. Carlo e o filho, que eles queriam me apresentar, é o Yalin?! - pensei e Sögull completou, como se lesse minha mente:
S: Sim! Kiraz e Zeynep conheceram nossos filhos e ela esteve conosco, por conta de um projeto... - Sorriu, satisfeita. - Que coincidência! Nem se tivéssemos combinado poderíamos ter reunido nossas famílias tão facilmente!
Olhei para papai, que estava entre apreensivo e feliz, enquanto mamãe tinha um sorriso nos lábios.
Yalin se aproximou de mim e disse no meu ouvido.
Y: Você está muito linda! - Eu sorri.
K: Você também! - Ele sorriu e me olhou sugestivamente, humedecendo os lábios.
Y: Vamos pegar algo para beber? - Colocando a mão na minha cintura e me conduzindo, para a varanda, onde havia uma espécie de bar.
Então, quando já estávamos com nossas bebidas, ele me olhou e perguntou:
Y: Então, era você a filha do amigo, que meu pai queria me apresentar?! - Eu sorri, balançando a cabeça, revirando os olhos, incrédula. - Outra coincidência... Parece que o universo queria o nosso encontro! - Completou sugestivamente.
K: Pois é! Teoria da Conspiração. - Eu baixei os olhos, timidamente, diante da intensidade de seu olhar. - Ele segurou meu queixo, levantando meu rosto e nossos olhos se encontraram.
Y: Não precisa ficar tímida. - Eu sentia minhas bochechas arderem. - Você fica linda envergonhada! - Eu mordo os lábios, sem saber o que falar...
Y: Não faça isso! Eu posso não resistir e ter que te beijar. Já está tão difícil me segurar... - Eu suspirei.
Estávamos ali, nesse jogo de sedução, quando Deniz e Zeynep se aproximaram sorrindo. Ufa... Salva pelo gongo.
D: Nossos pais vão falar algumas palavras e estão nos chamando lá. - Ele olhou para mim e acompanhou Deniz me dando uma trégua, sorrindo de canto.
Carlo e Sögull agradeceram a presença de todos, emocionados e fizeram uma breve cerimônia de renovação de votos. Depois falaram sobre a família, a parceria na empresa e na vida... Eles são muito lindos e apaixonados, como meus pais. Algo difícil de se encontrar hoje em dia. Os rapazes também falaram sobre o exemplo de amor e cumplicidade, que eles têm em casa e agradeceram, por fazerem parte dessa família. Todos aplaudimos emocionados.
Na sequência eles nos convidaram, para que os seguíssemos para o outro salão, onde o jantar seria servido.
Eu e Zeynep fomos conduzidas para a mesa da família, onde os rapazes haviam reservado os nossos lugares. Foi servido o jantar à francesa e durante o serviço de buffet, uma banda começou tocar uma música orquestral, tornando o ambiente bastante agradável.
Assim que terminamos, Carlo tirou Sögull para dançar e, algum tempo depois, Yalin me estendeu a mão, me direcionando para a pista. Fomos seguidos de Deniz e Zeynep.
A festa estava muito animada e todos pareciam se divertir muito. Resolvi ir ao banheiro e no caminho, passei pela mesa dos meus pais.
O: Minha linda filha, parece que vocês se anteciparam e se conheceram, antes mesmo que eu e Carlo tivéssemos a oportunidade de apresentá-los. Você gostou dele? Vocês pareceram bem entrosados e... - Eu o interrompi.
K: Sim papai, nós nos entendemos bem, mas... - Vi o sorriso morrer em seu rosto, com o tom da minha voz. - ... isso não significa que ele é o homem da minha vida! Ele mora há anos em Nova York e não parece ter intenção de voltar. Eu tenho minha vida estabelecida aqui e estou com viagem marcada para Galápagos. Então, não gere expectativas...
E: Filha, nós só queremos o melhor para você! Não precisa ficar nervosa... o que tiver de ser será! Ele pareceu bastante interessado em você, não ficou longe um minuto...
K: Mamãe, ele é cavalheiro, gentil, inteligente, bonito, famoso, rico e tem uma legião de mulheres a seus pés, o que ele poderia querer comigo? - Ela riu.
E: Não tem espelho suficiente em nossa casa? Você também é muito linda e inteligente, além de ser uma moça de família... - Eu a interrompi...
E: Você pode imaginar quantas moças lindas e inteligentes, com tantos outros atributos, que ele conhece? Ele é um homem experiente, que vive sozinho num país liberal. Acha mesmo que ele se importa com tradições? - Ela me encarou... - Bem, estou indo ao toilet.
Zeynep vem logo atrás.
Z: Está tudo bem? Você parece chateada? O Yalin fez alguma coisa?
K: Está tudo bem, apenas tive uma conversa desagradável com meus pais. Eles ainda insistem nessa coisa arranjada com o Yalin.
Z: Dessa vez eles parecem ter acertado na escolha... Ele é um homem muito bonito e interessante... E parece estar bastante interessado em você! - Eu ri.
K: Você fala como se nós estivéssemos juntos, para casar... - Torci o nariz. - E outra, você esqueceu que ele está de férias aqui e mora há anos em NYC? Sejamos realistas...
Ela virou para mim e olhando nos meus olhos, falou:
Z: Quando dois querem, não existe o impossível. Relaxa e deixa acontecer... Se permita.
K: A recíproca é verdadeira! - Fui saindo de lá, voltando para o salão, em direção a nossa mesa. A princípio não avistei Yalin, mas olhando para um canto a direita, o vi conversando com uma moça loira, alta e magra, parecia uma modelo. Ela estava bem próxima a ele, colocando as mãos em seu rosto, fazendo com que ele a olhasse, acariciando sua barba. Fiquei paralisada... Aquilo mexeu comigo, revirando meu estômago e alterando minha respiração. Eu segurei o braço de Zeynep e falei em seu ouvido.
K: Vou até o jardim respirar um pouco. - Sai com o coração acelerado, satisfeita com a brisa fresca em meu rosto... Quem é aquela mulher? Quanta intimidade... Eu sabia que não deveria nutrir expectativas e, muito menos, cobrar nada dele, mas quem manda no coração?! Respira Kiraz. Foco!