KIRAZ
Sou bióloga especializada em desenvolvimento e preservação de espécies e do meio ambiente. Adoro estudar esse assunto. Sou fã do Darwin e meu sonho é ir para Inglaterra, conhecer de perto seus estudos.Meus pais queriam que eu trabalhasse, mas eu ainda não tinha encontrado o emprego dos meus sonhos. Desde que me formei e terminei minha especialização, trabalhei em pelo menos 3 lugares diferentes, mas logo me decepcionei e desisti... Em alguns, fiquei no máximo 2 meses.
Pensei em seguir carreira acadêmica e, decidi fazer mestrado na minha área, Consegui uma bolsa era integral, com dedicação exclusiva que, além de custear as mensalidades da Universidade e a pesquisa, me permitia viver, sem depender dos meus pais. Sem luxos, é claro! Eu estava formada há 3 anos, mas adorava estudar... tenho perfil para pesquisa e queria trabalhar com isso.
Na metade do 1º semestre, prestei uma prova para uma bolsa sanduíche em Cambridge, na Darwin College e fui aprovada, sendo que cursaria o 2º semestre do mestrado lá!
Porém, antes de partir, fiz meu primeiro exame de qualificação, a banca considerou minha pesquisa de grande relevância e inédita, elevando a titulação para o nível de doutorado. Diante disso, o período da minha bolsa foi ampliado de 24 para 48 meses, o valor da bolsa também e, eu obteria os títulos de mestre e doutora, podendo ampliar meu tempo em Cambridge para um ano.
Nem preciso dizer, que foi o melhor dia da minha vida! Meus pais ficaram orgulhosos e apreensivos, pois eu passaria, no mínimo, 6 meses sozinha por lá. Minhas chances de conseguir uma vaga como professora na Universidade, no final do curso, aumentaram e eu não cabia em mim!
Eu tenho uma boa desenvoltura em inglês e tinha certeza de que me sairia bem. Seria uma excelente oportunidade de conhecer gente, ampliar horizontes e esquecer esse noivado frustrado. Depois do nosso término, eu nunca mais me interessei por ninguém.
Fui cheia de sonhos e expectativas, diante da apreensão dos meus pais! Foi um período maravilhoso, especialmente para melhorar a minha fluência no inglês e estudar onde sempre sonhei...CAMBRIDGE
Minha experiência na Inglaterra foi maravilhosa, não só por estudar em um lugar, que era uma referência para mim, mas pela oportunidade de conhecer uma cultura tão diferente da minha, onde a liberdade, os valores, a religião são tão diversos, especialmente por ter estudantes de várias nacionalidades. Fui para ficar 6 meses, mas permaneci 1 ano, o que me tornou independente, pois eu tinha de lidar com minhas coisas, alimentação, roupas, etc. Inicialmente, fazia uns bicos, para ajudar nas despesas, mas acabei conseguindo um emprego na biblioteca.
Fiz muitos amigos de diversos lugares do mundo, frequentei festas e eventos, além de visitar diferentes cidades.
Apesar de ter muitos amigos e do visível interesse de alguns rapazes, por mim, eu não consegui me envolver com ninguém.
Nesse período em que eu permaneci por lá, minha amiga de infância Zeynep, me visitou 2 vezes. Uma vez ela veio passar férias comigo e, na outra, ela foi fazer um curso em Milão e depois me visitou por uns dias, quando eu já estava voltando, me ajudando com a mudança.
Na primeira vez que ela foi, eu estava no final do período letivo e houve várias festas. O pessoal descobriu que eu cantava e eu sempre era convidada. Alguns dos meus amigos tinham formado uma banda e estávamos sempre juntos nas apresentações.
Uma das festas mais divertidas que participamos, foi uma a fantasia, ou um baile de máscaras, como eles gostam de chamar. Nós alugamos roupas, características da idade média, e a turma toda parecia a corte do rei Arthur... foi hilário.
A banda dos meus amigos se apresentou e, claro, me chamaram no palco, para cantar. Eu não costumo beber nada alcoólico, mas naquele dia eu bebi gin tônica com frutas vermelhas e fiquei mais soltinha.
Lembro de estar cantando e deles me pedirem para cantar uma música em turco.
Quando eu estava cantando, notei o interesse de todos, diante da música diferente. Eu, Zeynep e um outro colega de Izmir, dançávamos ao estilo turco e todos tentavam nos imitar... rimos muito.
Notei que um rapaz alto, sem fantasia, mas mascarado, me encarava, parecendo acompanhar meus movimentos, rindo das nossas brincadeiras. Ele tinha cabelos longos, sensualmente desalinhados e me lembrava a Fera da Disney.
No intervalo da banda, eu desci do palco e caminhei em direção ao bar, pois estava com sede e ele segurou meu braço.
Fera: Dança comigo? - disse na minha orelha, causando arrepio. Eu levantei os meus olhos e o encarei.
K: Preciso beber água antes. Pode ser? - Ele assentiu, me acompanhando até o bar. Assim que bebi a água, ele pegou minha mão e me conduziu para a pista. Dançamos uma música lenta e não conversamos mais nada.
Quando a música acabou, veio um colega bêbado e foi me puxando dos braços da "fera", dizendo: "Agora é minha vez"
Começamos a dançar, mas ele começou a se esfregar em mim, tentando me beijar... Eu o empurrava em vão, enquanto ele me segurava pelos cabelos. Foi então, que a "fera" me puxou de volta, me tirando daquela situação... O outro rapaz tentou revidar, mas ele me conduziu para uma varanda, que havia no local.
Fera: Você está bem? - Eu assenti aliviada. - Quer um pouco de água?
K: Sim. - Ele foi buscar e me trouxe.
Quando me acalmei, ele me tirou para dançar novamente, me conduzindo para a pista. Ele me tinha tão perto, que eu podia sentir seus músculos contraírem, junto ao meu corpo... Quando ele falava no meu ouvido, com aquela voz grave e sussurrada, eu arrepiava inteira... Nunca me senti tão atraída, por um homem.
Estávamos nessa bolha de atração, quando o bêbado inconveniente, voltou a me puxar pelo braço. Mas, a "fera" me puxou de volta e disse:
Fera: Tire as mãos da minha namorada... - Eu o olhei surpresa, o outro começou a rir debochando e ele me puxou, para mais perto, colocou a mão nos meus cabelos, segurou minha nuca e me beijou na boca... Inicialmente, fiquei sem reação, mas depois fui me entregando e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, enquanto ele me puxava para mais junto de si, apertando minha cintura. Nunca fui beijada assim... Minhas pernas fraquejaram e, quando ele me soltou, estávamos sem ar... Ele me encarou. - Desculpe, foi o jeito que encontrei...
K: Tudo bem. - Interrompi atordoada. A máscara impedia de ver seu rosto, mas seus olhos e sua boca carnuda eram lindos, seu perfume inesquecível... Eu amo Savage da Dior, mas nele ficava ainda mais especial... Ele não era um garoto, como a maioria ali... Infelizmente, eu não soube sequer seu nome.
A banda voltou a tocar e me chamaram no palco. Eu aproveitei e fui, me livrando daquele estado de torpor...
Ele permaneceu ali por algum tempo, mas antes do final da 2ª música, não o vi mais... Nunca soube quem ele era e jamais o esqueci.Retornei para Istambul com uma proposta do meu co orientador de Cambridge, para realizar minha pesquisa em Galápagos, como parte de um projeto maior da Universidade. Meu orientador amou a ideia, pela possibilidade de parceria entre as Universidades e levou imediatamente para o conselho de professores e o coordenador do curso, que ficaram entusiasmados com o projeto. Bingo!!! Eu adoraria conhecer a biodiversidade local e os diferentes tipos espécies existentes por lá. Talvez, eu me tornasse uma versão feminina do grande Darwin, com o devido respeito...
Diante disso, decidi fazer um curso de espanhol, ao menos para ajudar na comunicação! Eu iria para Galápagos, em cerca de 3 meses e teria poucos meses para aprender, sendo que o que eu conseguisse era lucro.
Minha família ficou mais apreensiva dessa vez, principalmente pela distância, apesar de nunca terem ido me visitar na Inglaterra.Nesse ínterim, entre Cambridge e Galápagos, papai encontrou um amigo, que tem um filho solteiro morando em Nova York, e eles queriam que nós nos conhecêssemos, já que ele viria para Istambul em alguns dias... Eu surtei!
O: Por que não minha filha? Vocês se conheceriam, poderiam ser amigos e, quem sabe...
K: Papai, nem termina! No momento, eu não quero me envolver com ninguém, muito menos conhecer alguém arranjado pela família. Já sei que isso é fria, por experiência própria. Por que não o apresenta para a Yildiz?
O: Sua irmã trabalha, tem uma vida mais estabelecida. - Conjecturou.
K: Mas eu estou construindo a minha, não dependo de vocês, tenho meu próprio dinheiro, sou formada há 4 anos, estou fazendo doutorado... e sou bem mais jovem que ela! - Ele torceu o nariz, mas não insistiu mais.
Na fundo, eles acreditavam que poderiam me fazer desistir de ir à Galápagos, caso me casassem com alguém.****************************************
NOTA DA AUTORA:
E aí pessoal? Estão gostando da história? Comentem e curtam... A opinião de vocês vale muito!
obrigada!
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Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...