KIRAZ
Acordei cedo feliz e ao mesmo tempo com o coração apertado, pelas coisas que Yildiz me contou sobre o tal namorado dela. Quero que ela seja feliz, mas acho estranho o cara não assumi-la publicamente. Será que ele tem alguém? Mas, ela disse que ele mora sozinho e ela esteve várias vezes na casa dele?! Ou ele é do tipo que mantém uma casa, para encontros furtivos, uma garçoniére. Espero que ela não se machuque.
Eu fiz o meu desjejum com papai, ele estava atrasado e Yildiz chegou logo também, se juntando a nós.
K: Sem querer conseguimos um café da manhã em família! - Comentei sorrindo.
Y: Acordou cedo irmãzinha! Pensei que não tivesse compromissos hoje pela manhã?! - Questionou.
K: E não tenho mesmo! Mas, perdi o sono...
Y: Aí, se eu pudesse dormiria mais... - Revirou os olhos.
K: Querer não é poder! - Ela riu e assentiu. - Fato!
Após o café todos saíram, inclusive mamãe e eu fiquei sozinha, lendo um livro. Estava com vontade de falar com Yalin, mas eke deveria estar dormindo...Meu orientador me e enviou uma mensagem, dizendo que precisava falar comigo e eu respondi aceitando. Ele propôs que almoçássemos juntos, assim poderíamos comemorar a entrega do projeto. Como que por encanto, todos os professores convidados para a minha banca concordaram com a data e minha defesa ficou confirmada para a primeira semana de junho.
Meu orientador é um homem jovem, que tem por volta de 40 anos, bastante interessante, alto, magro, cabelos escuros, olhos verdes e nariz proeminente. Eu não o acho propriamente bonito, mas é bastante atraente. Porém, nada se compara a Yalin, meu Deus grego, esculpido...
Fomos a um restaurante com uma vista panorâmica de Istambul, no topo de um dos prédios mais altos da cidade, o ÇAMLICA. Eu nunca tinha ido lá, mas adorei, e a comida era muito boa. Num dado momento, enquanto aguardávamos a sobremesa, a conversa até então descontraída, mudou para um tom mas sério.
OF: Eu queria falar com você em particular, por isso, a chamei aqui. - Eu o encarei curiosa.
K: Diga, está me deixando curiosa. - Ele sorriu.
OF: Bem! Nós temos um grupo restrito, que fará uma expedição na Antártida, para algumas pesquisas. Teremos os estudantes mais brilhantes de algumas das Universidades mais renomadas do mundo, incluindo a nossa, Cambridge e Columbia. Sabe o significado disso? - Perguntou atento a minha reação. - Eu sei que você também se interessa por aves. Então pensei de você pesquisar sobre aves imigratórias. - Eu suspirei.
K: Quanto tempo levaríamos?
OF: No mínimo 6 meses... - Ela me observava atentamente. - É uma oportunidade única, especialmente para o seu pós doutorado. E antes que você argumente, eu quero que você saiba, que as portas se abririam para você lecionar em uma dessas universidades e, com certeza, aqui mesmo em Istambul.
K: Até quando eu tenho de decidir? - Questionei, preocupada com a reação de Yalin.
OF: No máximo 10 dias!
K: E temos de ir e voltar com o grupo? Não podemos ficar um tempo menor? Ah! E quando o grupo parte?!
OF: Eu achei que você fosse dar pulos de alegria e aceitar na hora. O que mudou, por que você está tão reticente?!
K: Bem, eu estou noiva e vou me casar!
OF: Mas, já tem data marcada?
K: Meu noivo mora em Nova York e está voltando para Istambul nos próximos 40 dias.
OF: Ele vai se mudar para Istambul, por sua causa? Há quanto tempo estão juntos? Ou é um desses casamentos arranjados?!
K: Não é um casamento arranjado. Estamos juntos há 9 meses, ele é daqui, mora em Nova York há 10 anos e pretende passar parte do ano aqui e a outra lá. - Respiro fundo. Apesar de eu não gostar muito de expor minha vida pessoal, achei que eu lhe devia tais explicações, para que ele compreendesse se acaso eu negasse sua proposta.
OF: Compreendo! Não quero ser insistente, mas é uma oportunidade única! Além de estar com os maiores professores e pesquisadores das melhores Universidades do mundo, estará entre os alunos mais brilhantes. - Afirmou em tom persuasivo. - Tenho certeza que seu noivo irá compreender! Qual a formação dele, ou com o que ele trabalha?
K: Ele é arquiteto de formação, mas trabalha como fotógrafo e cinegrafista. Ele faz documentários, principalmente sobre natureza, ecologia, preservação e lugares inóspitos. - Ele fez uma expressão surpresa.
OF: Interessaste! Eu o conheço?! Como ele chama? - Perguntou curioso.
K: É bastante provável, que você o conheça. Ele é conhecido, tem prêmios internacionais... O nome dele é Yalin Divit. Há ouviu falar?!
OF: Claro! Ele é muito famoso! Nossa! Então, foi ele que arranjou tudo, para você fazer a matéria sobre Galápagos? - Eu assenti.
K: Sim! A pessoa responsável pelos textos teve algum impedimento e ele sugeriu o meu nome! - Depois de um longo silêncio, continuei. - Você compreende agora?! Ele viaja muito e estamos tentando achar um ponto de convergência, para estarmos juntos! No momento, ele está fazendo um trabalho no Parque Nacional de Yosemite.
OF: Sensacional! Eu conheço, uma beleza e biodiversidade únicas. Eu compreendo o seu dilema! - Ele respirou fundo e continuou. - Mas, pense com carinho. - Eu assenti. - Promete?
Ele me abraçou e desejou boa sorte, reafirmando que aguardava meu retorno.Eu voltei com ele para a Universidade e de lá peguei um táxi até o calçadão na beira do Bósforo. Fiquei um tempão olhando o horizonte, perdida em meus pensamentos... "Como contar a Yalin?", eu achava que ideal era conversar pessoalmente, mas estava com o tempo restrito, para dar uma resposta. Se por um lado eu achava inviável, por outro eu pensava na possibilidade de vir a conseguir algo na Universidade em Nova York, o que ajudaria muito.
Eu havia combinado com Deniz no nosso apartamento e convidei minha irmã, para que viesse junto.
Ela veio com Deniz direto da construtora e, quando eu cheguei, eles já estavam me esperando. As obras começariam na próxima semana e Deniz já estava mostrando tudo a ela, falando sobre as modificações e inovações, que ele planejou. Ela ficou encantada, especialmente com a vista da varanda.
Eu os abracei forte e eles se entreolharam, preocupados comigo.
D: Tudo bem?! - Perguntou me encarando.
Y: O que houve? Você não parece bem! - Acariciou meus cabelos e colocou uma mecha solta, atrás da orelha.
Eu olhei de um para o outro e respirei fundo, assentindo.
D: Kiraz, acho que eu já a conheço o suficiente, para perceber que algo não está bem. Fala?! - Acabei contando tudo, diante da insistência...
K: Não sei o que fazer e, muito menos, como explicar para Yalin.
D: Diga logo e ele a ajudará decidir! Não foi você a minha conselheira, que me orientou-se ter uma conversa franca com Zeynep?! - Eu assento, com as lágrimas rolando e ele me puxou e abraçou. - Vem aqui cunhada! Fale com ele, está bem?! Tudo vai dar certo! Tenho certeza.
Minha irmã sorriu para mim e reafirmou o que Deniz dizia com os olhos.
Y: Verdade irmã! Abra o jogo. É o melhor a fazer...
Olhamos tudo no apartamento, minha irmã deu umas ideias ótimas e Deniz gostou muito.
Quando terminamos, ele nos deixou em casa e fomos direto para nossos quartos exaustas. Tomei um banho e fiquei relutando em ligar para Yalin. Então, fui para cozinha comer alguma coisa. "Quem sabe de barriga cheia, eu pensava melhor?"
Vi quando Yildiz saiu escondida e a segui. Eu estava com um pijama, que parecia um agasalho e também, não poderia perder tempo! A surpresa do dia, ou da noite, ficou por conta de onde ela entrou...
O que Yildyz estaria fazendo na casa de Zeynep? Vi quando Hakan abriu a porta e a beijou. "Será que o tal namorado era Hakan?"
Aquilo me deixou intrigada, o tempo de namoro, que ela disse estar com ele, corresponde a época em que ele tentou me beijar na frente de Yalin! Por que ele a usaria, ou enganaria assim? Com tantas mulheres no mundo? Eu torço para que ele esteja realmente apaixonado por ela...
Decido voltar para casa e tentar conversar com ela, para sentir como estão as coisas!
Falei com Yalin rapidamente, pois ele estava numa cidade chamada Mariposa, próxima ao parque e o sinal de internet estava muito ruim.
Combinamos de falarmos no dia seguinte.############################
Nota da autora: Pessoal eu mudei o avatar da Yildyz e acrescentei o avatar do Hakan.
Leiam e comentem.
Beijos no ❤️
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Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...