Caminhos Cruzados

Capítulo 71 - Questão de tempo...

O final de semana foi difícil para todos! Talvez um pouco melhor para Yalin e Kiraz, que conseguiram conversar e se amaram na noite de sábado. Mas, será que tudo estava realmente resolvido?

No sábado pela manhã...
Deniz teve de suspender sua viagem a Milão, em decorrência do tumulto ocorrido na 6ª feira, com o retorno surpresa de Yalin. Logo cedo, ele entrou em contato com a agência de viagens, pedindo para cancelar o vôo e o hotel, que havia reservado. Ele tinha se organizado para ir no sábado e passar alguns dias com Zeynep, para tentar acertar as coisas com ela, definindo alguns aspectos da relação deles e, principalmente, para expor seus sentimentos por ela.
Assim que possível, também falou com ela, por chamada de vídeo. Ela ficou decepcionada, pois o aguardava ansiosamente! 

#Chamada de vídeo on#
Z: Oi, que horas você chega? Eu... - Ele a interrompeu.
D: Zeynep eu não vou poder ir esse final de semana. Infelizmente houve um imprevisto... Yalin chegou de surpresa e aconteceram algumas coisas, depois eu te explico melhor! - Suspirou.
Z: Mas isso é bom, não é?! Kiraz deve estar felicíssima. - Ele deu um sorriso fraco, deixando-a desconfiada. - Aconteceu alguma coisa?! Você está tão estranho. - Concluiu.
D: Sim! Mas eu prefiro te explicar pessoalmente! - Reforçou.
Z: Está bem! Estou triste de você não poder vir!
D: Eu também! Acredite! Estou com muitas saudades de você! - Ela corou!
Z: Eu também! Estou precisando tanto de um carinho, uns beijinhos... e umas outras coisinhas mais! - Falou com certa malícia.
D: Sei! Você está querendo usar meu corpinho, não é?! - Falou brincando.
Z: Você me acostumou mal. Eu sinto falta do meu namorado! Você não? - Questionou.
D: Você não imagina o quanto?! Se eu pudesse, te traria na mala na volta... - Respondeu.
Z: Ah! Mas, não poderia ser com você? Na mala eu não aproveitaria sua companhia na viagem. - Ele riu.
D: Queria tanto te abraçar, estou precisando do seu colo. - Ela sorriu.
Z: Eu também! Ah! Você podia dar um jeito e vir logo, não?! O mais rápido possível?! Eu estava na maior expectativa... - Ele a olhava de um jeito tão amoroso, observando sua reações. - O que foi? Não vai me dizer nada, só observar!?
D: Eu já falei que eu te amo?! - Perguntou de repente.
Z: Não! Pelo menos não dessa forma. - Respirou fundo, aproximando a tela do celular, olhou em volta. - Eu tenho uma coisa para te contar... - Ele riu do jeito dela, como se estivesse se escondendo de alguém. Provavelmente de sua colega de apartamento.
D: Hum! Estou esperando! Quanto mistério! O que é?! - Perguntou curioso.
Z: Eu também te amo! - Ele sorriu. - Eu ia deixar para te dizer pessoalmente, mas já que você não virá e se declarou... - Falou num tom jocoso.
D: Linda! Farei o possível e o impossível para estar com você o mais breve que eu conseguir.
Z: Está bem! - Fez beicinho.
D: Se você continuar fazendo essas caras e bocas, vou querer entrar pela tela. - Ela mandou beijinhos. - Sonha comigo?! - Falou num tom mais sério.
Z: Sempre... Promete que não vai demorar?! - Falou manhosa.
D: Prometo, ainda mais com você carente desse jeito. Preciso ficar esperto. Já pensou se alguém resolve te consolar?! - Insinuou, observando a reação dela.
Z: Isso é um problema... - Ele ficou apreensivo.
D: Como assim? Já tenho concorrência? - Falou brincando, mas com o coração muito apertado.
Z: Não... O problema é que eu estou carente de você! Não tem ninguém que possa supri-la além de você... - O coração dele quase parou.
D: Você quer me enlouquecer? Hein?! - Ela assentiu, fazendo cara de inocente. - Não brinca assim, que eu posso acreditar!
Z: Pois acredite, é a mais pura verdade. - Eles se olharam por um bom tempo. - Deniz, eu te quero muito, estou sentindo sua falta demais. Está muito difícil ficar aqui sem você, eu entendo que você não pode ficar vindo, que você tem o seu trabalho e muitas responsabilidades, mas já faz mais de 2 meses que não nos vemos pessoalmente e, apesar de faltar cerca de 1 mês para o curso acabar, eu já estou no sobre esforço. - Ele ficou observando-a incrédulo, pois ele achava que esse encontro seria decisivo e que talvez, ela optasse por ficar em Milão. Fato que o estava matando. - Eu queria esperar para te dizer cara a cara, mas isso está me deixando muito angustiada, eu precisava saber como está sendo para você. Sabe?! - Ele não conseguia emitir uma palavra. - Então por favor, seja franco comigo! - Ele mordeu os lábios, numa tentativa de acalmar as batidas do seu coração.
D: Ah, meu amor... A recíproca é verdadeira. Eu não estou mais aguentando ficar longe de você. Mas, não queria fazer você tomar uma decisão, que a distanciasse dos seus sonhos, de morar no exterior, trabalhar numa empresa de design de ponta, como a que você está. Eu tive medo, que você decidisse ficar, mas eu precisava que você soubesse, que eu a quero para mim. Você me entende?! - Ela assentiu esboçando um sorriso trêmulo, com os olhos marejados pela emoção. - Mas, eu queria falar com você pessoalmente...
Z: Eu estou com muitas saudades... - As lágrimas fluíram pelo seu rosto... - Desculpe, mas eu acho que fiquei um pouco frustrada, por você não ter vindo. Eu ensaiei tanto o que eu queria te dizer.
D: Não chora! Eu estou aqui, mas você não sai de mim. Eu quem te devo desculpas, mas vou te recompensar... De certa forma, eu estou um pouco aliviado por saber dos seus sentimentos, que eu não estou sozinho nessa... Mas, quero estar o mais rápido possível com você. Agora, mais do que nunca.
Z: Está bem! A gente se fala. Te amo. Vem logo... - Mandou beijos e fez um coração com as mãos, que ele repetiu.
D: Eu também te amo! Beijos.
#Chamada de vídeo off#

Quando desligaram os sentimentos eram dúbios, havia uma mistura de satisfação pelo o que tinham conversado, com a frustração de não poderem se encontrar. O maior conforto é que tudo era apenas uma questão de tempo... resiliência e paciência.
No dia seguinte, Deniz foi até o seu apartamento no mesmo prédio de Yalin, para sentir o lugar e fazer um projeto. Ele queria que ficasse com a cara dele e de Zeynep. Permaneceu lá por várias horas, testando cores e materiais, esboçando o projeto com a ajuda dos programas em seu computador. Ele sentia um alívio tão grande em seu coração, após a conversa com Zeynep, que se pegou várias vezes rindo sozinho.
Já passava das 15:00 horas, quando Yalin ligou.

#Ligação on#
Y: Onde você está?! - Perguntou.
D: Estou no meu apartamento, no seu prédio. - Respondeu.
Y: Sério?! - Duvidou.
D: Muito sério. Eu quero começar a reforma-lo e decora-lo... Por que?! - Questionou.
Y: Pensei em almoçarmos juntos. Eu preciso ver nossos pais também... Eu ainda não estive com eles. Eles sabem que eu voltei? - Perguntou.
D: Sim, eu contei. - Respondeu. - Tudo certo com Kiraz?! - Ele ficou mudo.
Y: Bem, aparentemente sim. Eu a levei para casa ontem, após uma longa conversa. - Falou evasivo.
D: Estou subindo aí...
Y: Ok!

#Ligação off#

HAKAN
Eu não consigo parar de pensar em tudo o que aconteceu, do quanto eu fui idiota em ceder às ameaças de Leyla.
Pela primeira vez na minha vida, eu estava feliz de ter alguém, que realmente se importava, que queria estar comigo, tanto quanto eu queria estar com ela... E eu joguei fora, por uma vingança, que nem faz mais nenhum sentido para mim.
Eu não sei mais o que eu posso dizer a ela... Já pedi desculpas, mas ela parece irredutível.
Kiraz pediu que eu lhe desse um tempo, para que ela digerisse. E essa é a minha única esperança. Espero que ela possa me perdoar e que possamos estar juntos, novamente.
Eu estava tão feliz! Não me lembro de um dia ter me sentido assim, antes. Tudo aconteceu tão de repente, que quando eu me dei conta, já estava completamente apaixonado por ela. Eu voltava para casa feliz, gostava de cozinhar para ela, conversar, fazer amor... Agora me sinto vazio.
Ontem, quando eu voltei para casa, tomei tantas doses de whisky, até adormecer anestesiado... Ainda bem que hoje é domingo, para eu ter tempo de me recuperar da ressaca.

YILDIZ
Ontem foi um dos piores dias da minha vida. Eu acordei tão feliz, porque tinha combinado de passar o dia com Hakan e pelo retorno de Yalin. Estávamos preparando uma surpresa para Kiraz e eu estraguei tudo, quando contei a Hakan...
Eu fui tão idiota de acreditar, que ele me amava! Eu fui tão iludida, eu sou apaixonada por ele desde a adolescência e achava que o tinha conquistado. Essa noite eu não conseguia parar de chorar... Nem lembro quando adormeci. Ainda bem que hoje é domingo e eu terei tempo para tentar me recompor, ao menos um pouco.
Ouvi umas batidas na porta e esperei, para ver quem era. Já passava das 13:00 horas e eu ainda não tinha saído do quarto...
K: Yildiz, posso entrar?! - Eu respirei fundo.
Y: Sim! Por favor. - Respondi. Ela abriu a porta e entrou. Sua fisionomia também estava abatida, porém muito melhor que a minha.
K: Você está bem? - Suspirei.
Y: Dentro da medida do possível. Ainda com muita raiva de mim mesma, por ser tão idiota e acreditar em contos de fadas. - Ela me olhou.
K: Ele te ama! Eu sinto... Ele fez uma imensa besteira... Mas, ele não mentiu sobre seus sentimentos. - Eu devo ter feito uma cara tão incrédula, que ela completou. - Você sabe que sempre fomos amigos e eu sempre me fiz de boba, quando ele vinha com suas investidas. Ele chegou a me dizer que estava apaixonado por mim, logo que comecei a sair com Yalin.
Y: Você nunca me contou isso, nem que ele tentou te beijar a força. Por que? Éramos tão distantes assim? - Ela respirou fundo.
K: Eu não te contei, porque eu sabia que você era apaixonada por ele e eu achava, que era uma fantasia essa paixão dele por mim. Eu nunca o tinha visto com ninguém e hoje, acho que para amar alguém de verdade, você tem que conviver, ter uma relação, beijar, fazer amor... Uma coisa é estar à fim, outra é namorar... Você entende?! - Eu assenti. - Sei que você está machucada, principalmente por ele confirmar que se aproximou de você, para se vingar. Mas, veja pelo lado positivo. Há males que vêm para bem! Só assim ele se permitiu conhecer você e se apaixonou.
Y: Kiraz, você não acha que está sendo muito complacente e romântica?! - Ela negou com a cabeça.
K: Eu nunca o vi com nenhuma garota por tanto tempo. Ele saía para dançar, beijar, transar, como qualquer homem jovem da idade dele. Mas, ele nunca teve uma namorada. Você é a primeira. - Eu tentei argumentar, mas ela não permitiu. - Escuta! Depois que eu voltei de Nova York, eu o encontrei algumas vezes e o senti diferente. Ele me tratou como uma amiga, percebi que o interesse em mim havia sumido. Eu não sabia que ele estava com você, mas suspeitei que ele estava namorando e até cheguei a brincar com ele. - Eu mordi os lábios, tentando não chorar mais. Respirei fundo.
Y: Se você diz! O tempo vai nos mostrar...