LEYLA
Fui atrás de Hakan e ele não queria nem falar comigo, mas sou persistente e ele acabou me recebendo, mesmo a contragosto.
L: Olá, como está? - Falei entrando em seu escritório e sentando a sua frente.
H: Seja breve! Eu estou com um compromisso urgente e não tenho muito tempo. O que você quer?! - Perguntou friamente.
L: Nossa! Você sempre foi um cavalheiro. O que deu em você?! - Provoquei.
H: Já expliquei que estou com pressa, mas você insistiu! - Reforçou parecendo calmo, mas respirando fundo no final.
L: Eu preciso de um favorzinho seu! - Ele meneou a cabeça e me encarou apertando os olhos. - Como você deve saber, o suposto casamento de Yalin com Kiraz seria daqui a dois dias. E eu preciso da sua ajuda... - Ele me interrompeu.
H: Leyla, qual a parte que você não entendeu, que eu não vou mais te ajudar em seus planos mirabolantes?! - Ele me encarou cruzando os braços.
L: Você quer que todos saibam, que você usou a arquitetazinha, irmã de Kiraz... Yildiz, eu acho?! E... - Comecei em tom de ameaça e ele interrompeu.
H: Não precisa continuar! Eu já contei pessoalmente a ela, Kiraz, Yalin e Deniz sobre tudo! Não gaste sua saliva com seus planos e, muito menos com suas ameaças. - Eu ri descrente, mas quando percebi, que ele falava a verdade. - Você não teve coragem. Teve? - Ele assentiu. - Mas, e a nossa vingança?!
H: Eu não quero mais essa "vingança?! Perdeu o sentido para mim! - Ela arregalou os olhos, com um sorriso debochado.
L: Como assim?! O que o fez mudar de ideia?!
H: Leyla... Quer saber? Eu não entendo, por que você quer se vingar de um cara, que foi você quem deu o pé na bunda e, pior, traiu ele. E não adiante negar, porque foi assunto corrente na Universidade. Se tem alguém, que deveria querer vingança, esse alguém deveria ser ele! Mas não, ele refez a vida dele, vai ser pai, está feliz e muito apaixonado por Kiraz e ela por ele. - Ele passou as mãos nos cabelos impaciente. - Na verdade, você deveria pedir perdão a ele, por ter tentado estragar a vida dele tantas vezes.
L: Ela... Kiraz está grávida?! - Ele assentiu. - E você a perdoou? - Perguntei incrédula.
H: Leyla, pela primeira vez na minha vida, eu estou amando alguém. Eu me apaixonei pela Yildiz... Hoje eu percebo, que o que eu sentia por Kiraz era uma ilusão, um amor platônico.
L: Eu não estou acreditando! - Ele suspirou.
H: Pois acredite. Esqueça o Yalin, ele e Kiraz se amam de verdade! Não há nada que você possa fazer, para mudar isso. Todas as suas falcatruas, só os fortaleceu. Você pode até, conseguir gerar um desentendimento, mas não irá separa-los. - Completou convicto.
L: Você agora está com esse discurso de homem apaixonado, que acredita no amor e... - Ele me interrompeu novamente.
H: Olha, eu estou com pressa... Mas, se tem algo que eu posso te ajudar, é te dando um "conselho"... Desista disso, é uma causa perdida, gaste sua energia buscando algo verdadeiro para você! Você é jovem, inteligente e bonita... deveria investir seu tempo em você! - Ele me apontou a porta. - Acredite! Vai valer a pena. Agora preciso ir. - Falou me conduzindo para fora, tranquilamente.Tentei falar com o professor Furkan, mas sua esposa havia falecido e ele estava com sua filha na Itália. Ele pediu um afastamento da Universidade, até o final do ano.
Minha última esperança era Vanessa. Eu marquei um almoço com ela, mas quando ela chegou, estava bastante abatida.
L: Oi querida! Quanto tempo?! - Nós temos nos visto pouco, pois sua mãe está doente e, também, para evitar suspeitas. - Nossa, aconteceu alguma coisa?
V: O quadro da mamãe se agravou, ela está internada... - Falou com os olhos marejados.
L: Sinto muito! - Falei sinceramente.
V: O que você precisa?! Teremos de ser breves, porque estamos cheios de trabalho e, hoje preciso sair mais cedo para levar uns documentos da mamãe.
L: Claro! Eu preciso de uma ajuda, sobre o casamento de Yalin... Ela me interrompeu.
V: Leyla, primeiro eu vou falar por mim. Eu preciso desse emprego mais do que nunca, porque os remédios da mamãe são caros, o tratamento também, e o nosso convênio é excelente. Como eu só tenho ela e sou solteira, Deniz permitiu que ela tivesse cobertura, também. - Ela respirou fundo. - Kiraz está grávida e todos estão muito felizes com o casamento, Yalin então, nem se fala!
L: Você está do lado dele, agora?! - Ela revirou os olhos.
V: Eu quero o seu bem! Você é minha amiga e é o meu dever abrir os seus olhos! O verdadeiro amigo, não concorda com tudo, mas faz você enxergar o melhor para você! - Eu ri ironicamente. - Você nunca amou Yalin, teve um fogo de palha no início, um entusiasmo. Mas, quem não teria? Ele é um homem rico, inteligente, lindo, gentil, cavalheiro e muito gostoso, segundo você! O cara foi sempre um gentleman, mas você chutou ele e agora, depois de 10 anos, o quer de volta por mero capricho. Deixa o cara ser feliz! Ele merece! - Falou me encarando. - Se alguém merecia alguma vingança, era o professor Sinam, que te trocou por outra aluna, depois de anos de dedicação da sua parte. Ele nunca te reconheceu, nunca te ajudou e te trocou por outra aluna, como quem troca de roupa!
L: Já entendi! Você fez sua escolha... - Afirmei, enfrentando-a.
V: Sim! Eu escolhi abrir seus olhos! Você está dando murro em ponta de faca! - Respirou fundo procurando meus olhos. - Você acha que se conseguir separa-los, ele vai te querer de volta? E por quanto tempo? Eu os vi juntos recentemente. Eles estão muito apaixonados. Me escuta, ao menos uma vez! - Eu comecei a chorar e ela me acolheu. - Larga mão dessa história de vingança! Você merece ser amada e amar alguém de verdade. Para de perder tempo, com quem não te quer! Não mais... Você sabe, que por ele, vocês teriam se casado. Mas agora, perdeu! - Ela me deu um abraço forte.
Estávamos comendo, quando o namorado dela, o Ismael, entrou pálido no restaurante e sentou ao seu lado.
I: Amor... sua mãe piorou. Precisamos ir, eu vim te buscar! - Ele a abraçou forte, pagou a conta, enquanto a acalmava, sussurrando em seu ouvido. - Desculpe Leyla, mas eu tive de vir pessoalmente, porque sabia que ela sucumbiria. - Ele a ajudou a escrever uma mensagem para Deniz, avisando que ela não voltaria para empresa, por motivos óbvios, e depois a conduziu para o carro amparando-a, muito abalada.
Vendo toda a preocupação e o cuidado dele com ela, além de todo o carinho na condução da situação, eu compreendi, que eu tinha jogado o Yalin no lixo, por ganância e poder. No final eu estava sozinha, sem ninguém! E essa solidão era a pior parte, porque a única pessoa que é minha amiga e sempre esteve comigo, é a Vanessa e ela estava coberta de razão...
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Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...