Capitulo 60 - Decidindo novos caminhos...

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KIRAZ
Fui almoçar com Deniz e nossa conversa foi muito boa. Ele é um homem muito especial, na verdade os dois são, Yalin eu nem preciso de dizer... Ambos são cavalheiros, educados, lindos... verdadeiros príncipes.
Conversamos sobre trabalho, trivialidades e amor... Sim, eu sabia que ele amava Zeynep, mas não imaginava a profundidade de seus sentimentos. Ele não pareceu chateado com o fato dela ter ido para Milão fazer os cursos, ou por estar trabalhando, mas por suas justificativas para não aceitar trabalhar na empresa dele, fazendo parecer que não faz questão de estar com ele, ou de manter a relação, ou seja, o que eu previ, sobre as causas desse mal estar.
Zeynep é uma pessoa maravilhosa, mas muito cabeça dura. Eles já passaram da fase das meias palavras, de não dizer tudo o que pensam e sentem um para o outro... Eles precisam de transparência. Não adianta fingir que não se importa, ou ficar com orgulho bobo, isso colocará tudo a perder! Vou ter uma conversa séria com ela hoje.
Nós voltamos a nos encontrar no início da noite, para conhecer o apartamento de Yalin e eu amei... Fiquei encantada sonhado com a decoração, com a gente vivendo ali, se amando... construindo nossa história.
D: Kiraz... Kiraz?! - Eu sai do meu transe e olhei para ele, quando ele tocou meu braço. - Tudo bem? - Quando eu olhei para ele. - Você gostou?
K: Como poderia não gostar? Eu adorei! - Respondi animada.
D: Você ficou parada e tão séria, que eu pensei... - Eu o cortei.
K: Impossível não gostar. E quais são as suas sugestões? Meu cunhado talentoso, que tem um excelente gosto.
D: Você sabe que gosto é algo pessoal e, não necessariamente, tem certo ou errado. Claro, não se pode pecar pelo excesso, mas não acho que seria o seu caso. - Eu ri sem jeito.
K: Mas, me diga quais são suas sugestões?
Ele me mostrou as coisas que precisavam ser finalizadas, ou modernizadas, deu algumas sugestões como conhecedor da área, em relação a aspectos, como a parte elétrica, de iluminação e até de automação. O apartamento nunca tinha sido utilizado, mas como tinha alguns anos, estava desatualizado, especialmente no tocante a questão tecnológica e itens de funcionalidade. Conversarmos sobre minhas ideias e ele falou sobre as dele.
D: Eu vou fazer o seguinte, farei um projeto com algumas opções e pedirei sugestões de mamãe. Conhecemos o gosto do Yalin e tenho certeza, que conseguiremos conciliar tudo isso. Na varanda, vamos fazer um projeto de paisagismo, com jardim e uma área de lazer. Na medida em que formos definindo os ambientes e funções, escolheremos os revestimentos, cores e texturas, mobílias e tecidos.
K: Perfeito! - Suspirei entusiasmada, olhando em volta.
D: Você gostou do apartamento do Yalin em Nova York?
K: Eu gostei, achei clean...
D: Mas... - Ele riu. - Achou muito masculino? - Eu assenti. - Foi o que eu pensei! Então, podemos pensar em conciliar essas coisas. Deixa comigo.
K: Obrigada! - Ele acariciou meus cabelos, num gesto de carinho.
Seu telefone tocou e era a mãe dele. Já faz algum tempo, que ela me convidou, para jantar na casa deles e eu não consegui ir. Quando ela soube, que estávamos juntos e tão próximos de lá, sugeriu que fôssemos jantar e eu aceitei. Saímos dali e fomos direto.
A noite foi muito agradável, conversamos sobre o apartamento e ela ficou entusiasmada com a reforma, prometendo ajudar o Deniz no projeto.
S: Ah, minha filha. Não vemos a hora de ver vocês juntos. Não é Carlo?! - Ele sorriu assentindo.
C: Verdade minha querida. Nós estamos muito felizes, com essa decisão de vocês. - Reforçou as palavras da esposa.
S: Sabe, mesmo que vocês passem uma temporada aqui e outra em Nova York, nós ficaremos muito mais tranquilos por ele estar com você. Ninguém merece ficar sozinho, como ele estava.
K: Eu entendo. Ele se vira bem, se envolve com o trabalho e vai levando...
S: Sim. Mas, como seria daqui há alguns anos? - Ela suspirou. - Você o tirou daquele estado catatônico, ele investiu na carreira, mas deixou de lado a vida pessoal. Na vida é preciso equilíbrio! - Sábias palavras.
K: Eu o entendo, porque vivi algo parecido... A diferença é que eu fiquei, grande parte do tempo, na casa dos meus pais, com minha família. É difícil confiar e se entregar novamente, após uma traição.
S: Eu compreendo, mas ele foi para caverna e ficou anos, por lá. - Eu sorri. - Obrigada querida! - Nós nos abraçamos.
K: Eu que agradeço, pelo carinho de vocês.
C: Nós a consideramos nossa filha. - Deniz sorriu.
D: E eu, a considero como minha irmã. - Eu acariciei sua bochecha. - Nisso recebo uma mensagem de Yalin: "Pode falar?" - Eu respondo que sim.
K: É o Yalin querendo falar! - Olho para o relógio e vejo que são quase meia noite. Todos sorriem.

#chamada de vídeo on#
Y: Oi, tudo bem? Onde você está? - Eu viro o celular mostrando toda a volta e todos acenam para ele. - Você está na casa dos meus pais? - Perguntou surpreso.
K: Estou, eu fui com Deniz ver o seu apartamento, D. Sögull ligou e nos convidou para jantar. E aqui estamos... - Ele sorriu.
Y: Nosso apartamento! - Falou com ênfase. - Você gostou? - Eu assenti. - Que bom meu amor.
D: O Deniz e sua mãe farão um projeto para nós.
Y: Faça do seu gosto. - Disse com carinho.
K: Vamos fazer do nosso gosto. Eles te conhecem bem,  melhor do que eu...
Y: Mas, você conhece coisas, que eles sequer imaginam... - Falou sugestivamente.
K: Yalin... - Corei de vergonha.
Y: É a mais pura verdade. - Reafirmou.
K: Fale um pouco com eles. - Passei o celular para D. Sögull. - Eles conversaram com ele, puxaram a orelha por ele não ligar com frequência e perguntaram quando ele voltaria. Falei mais um pouco com ele e desligamos.
#chamada de vídeo off#

Em seguida, percebi que Zeynep tinha enviado mensagem para falarmos. Respondi que estava jantando na casa dos nossos sogros e falaria com ela depois.
Deniz fez questão de me levar em casa. Conversamos no caminho e eu o senti mais leve. Quando chegamos em frente a minha casa ele falou.
D: Assim que eu estiver com o projeto pronto, marcarmos para eu te mostrar e acertarmos os detalhes.
K: Está bem. Ficarei no aguardo. - Ele ficou me olhando, como se quisesse dizer algo mais e eu já imaginava do que se tratava. - Eu vou falar com ela... E se você quiser conversar comigo, fique a vontade. Vamos nos ver mais vezes, especialmente pelo projeto. - Ele sorriu.
D: Obrigada. - Dei um beijo na sua bochecha e sai.

Entrei em casa, meus pais e minha irmã já tinham se recolhido. Fui para o meu quarto e liguei para Zeynep.

#chamada de vídeo on#
Z: Aí, que bom que você ligou. Estava tão ansiosa! Você conversou com ele? - Já foi perguntando.
K: Com Yalin?! - Falei zombando. Ela torceu o nariz.
Z: Não... Com o Deniz! - Claro que eu sabia...
K: Passei muitas horas com ele hoje. Almoçamos juntos, fomos conhecer o apartamento de Yalin, jantamos com os pais deles e ele acabou de me deixar em casa... Conversamos bastante também!
Z: E?! - Perguntou ansiosa.
K: Foi como eu pensei. Ele não ficou chateado por você fazer os cursos, ou trabalhar aí. Mas, ficou incomodado por você dizer que não queria trabalhar com ele, para não misturar as coisas, especialmente se vocês não dessem certo.
Z: Mas, você acha que eu estou errada? - Questionou.
K: Eu acho, que tem jeitos diferentes de se dizer as coisas. E vocês já passaram da fase de dissimular sentimentos, não há porque ficar com orgulho bobo, ele sempre foi transparente com você, deixando claro que te quer. Ele ama você. Mas, ele não vai interferir na sua decisão, se você disser que quer ficar aí, por priorizar sua carreira em detrimento do relacionamento de vocês.
Z: Ele te disse isso? - Perguntou.
K: Talvez não com essas palavras. Mas, ele disse com todas as letras, que ele te ama muito, como jamais amou, ou sequer pensou que pudesse amar alguém. Ele estava sofrendo, cabisbaixo... Acho que eu consegui levantar um pouco o moral dele. - Ela ficou me olhando, como se estivesse escolhendo as palavras. Então, eu continuei. - Zeynep, agora eu te pergunto, o que você quer? Ficar aí e deixar tudo para trás, ou construir uma vida com ele?
Z: Bem... Eu estou adorando viver aqui, aprendi muito, o trabalho é ótimo, tudo o que eu sempre sonhei. Mas, é um caminho solitário...
K: Será mais solitário ainda, se você decidir ficar de vez. Porque ele não tem como estar com você aí e, essa escolha poderá significar o fim do relacionamento de vocês. Claro, você pode encontrar outro cara. Mas, quantas vezes você amou e foi correspondida? Quantas pessoas conseguem viver isso? Quantas pessoas encontram um grande amor na vida? Você o ama?
Z: Sim! Eu o amo muito e sinto muito a falta dele. Tenho receio de abrir mão de tudo e não dar certo, ou de me arrepender de não viver isso...
K: Se você o ama, sabe que dificilmente encontrará algo semelhante ao que tem com ele. Sobre o trabalho, você pode construir sua carreira aqui em Istambul. Você já ganhou dois prêmios e está fazendo vários contatos ai. O que te impede de ter sucesso aqui? Você pode ter as duas coisas! E melhor, se vocês ficarem juntos, podem trabalhar juntos na empresa, que também será sua...
Z: Eu não sou interesseira, nem quero que ele pense nisso. - Falou com convicção.
K: Uma coisa é você aceitar trabalhar com ele, porque se identifica com a empresa, pela sua expertise, outra coisa é ser interesseira... - Ela escutou. - Eu sugeri que vocês conversassem. Então, ele deve ir te encontrar, para falarem pessoalmente. Esteja preparada.
Falamos outras amenidades e desligamos. Se eu a conheço, eu a deixei com "a pulga atrás da orelha".

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