Capítulo 55 - Casa comigo?!

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KIRAZ
Se eu e Yalin não estivéssemos a trabalho em Galápagos, tendo que lidar com tantas obrigações, que nos impedia de ficarmos o dia todo juntos, poderíamos dizer que vivemos uma verdadeira lua de mel. Somos um típico casal apaixonado, com direito a todas doçuras e caricaturas envolvidas. Infelizmente para nós, mas felizmente para a minha pesquisa, ele teve de voltar para Nova York e, com isso, eu consegui terminar minha coleta após 60 dias de sua partida, me permitindo voar de volta para os seus braços. Foi muito difícil ficar sem ele, mais do que eu pensava, apesar de falarmos diariamente, por chamada de vídeo. Ele cuidava de mim, cozinhava e ajudava com as coisas da casa. Eu fiquei muito mal acostumada no período em que ele esteve comigo. Eu pensava em tudo o que vivemos até aqui e, quão rápido as coisas se aprofundaram.

Desde quando o conheci, eu o achei um homem interessante e intrigante, do tipo que causa um frio na barriga, pela expectativa que ele causa, com sua aura de mistério.
Inicialmente, ele tinha uma casca de proteção, que o afastava das pessoas, inviabilizando uma aproximação. Na medida em que ele foi se despindo dessa casca, trouxe à tona um homem sensível, doce e apaixonado. Hoje percebo, que ele se comportava como uma fera ferida, que fica acuada diante de um provável perigo. Não que ele seja frágil, mas o fato de ser uma pessoa muito intensa, que não sabe ser metade e acaba se entregando de corpo e alma, o torna vulnerável, sendo visivelmente doloroso, para ele, baixar a guarda e se permitir deixar alguém entrar. Não sei como, uma mulher em sã consciência, pode deixar um homem assim. Porque ele é muito lindo por dentro e por fora, além de muito gostoso 😅😅😅. Eu o quero demais, em todos os sentidos, como homem, amigo, companheiro e amante. Em tão pouco tempo, percebo que eu o amo tanto, como jamais amarei ninguém. Sei que sou suspeita, por ser uma mulher apaixonada. Mas, quantas pessoas tem a oportunidade de viver esse sentimento, com tanta intensidade, cumplicidade e reciprocidade?

Assim que terminei minha pesquisa em Galápagos, fui para NYC passar uns dias com ele. E foram dias memoráveis.
Ele cumpriu suas promessas de fazer uma programação especial, para mim, para nós...
Então, andamos muito pela cidade de mãos dadas, curtimos os parques, fizemos picnics, visitamos lugares especiais e fizemos amor muitas vezes...
O ponto mais alto de todos, foi o dia em que fomos jantar no restaurante de um Chef estrelado, amigo de Yalin, o Edmond. Ele nos preparou um menu especial, harmonizado com um bom vinho e direito a uma mesa, estrategicamente localizada, próxima a uma janela, ou parede de vidro, que pegava do chão ao teto, com uma vista noturna sensacional de Nova York e suas luzes.
Foi nesse cenário, que Yalin me pediu em casamento e formalizou nosso noivado, com um anel lindo e alianças, que ele faz questão de usar. Segundo ele, para que fique claro, que pertencemos um ao outro.
Não satisfeito com isso, saímos de lá numa limousine, onde fizemos um mini city tour, quero dizer, tentamos, ou pretendíamos. Sei lá! Começamos com um beijo carinhoso, que ficou cada vez mais quente e, quando percebi, as mãos de Yalin estavam sob o meu vestido e dentro da minha calcinha... quase transamos, se não fosse eu, que num lapso de sanidade, brecasse suas investidas, preocupada com a probabilidade do motorista estar nos assistindo de sua cabine.
Nosso destino final foi o The Plaza Hotel, que eu havia comentado ter um sonho de conhecer, pelos filmes que assisti... Sonho realizado! Comemoramos nosso noivado, numa suíte com uma vista privilegiada do Central Park, regada a champanhe, chocolate e muito amor. Quando eu entrei na nossa suíte, meu coração quase parou ao ver o caminho de pétalas vermelhas, espalhadas pelo chão, até chegar na cama, onde havia um grande coração de pétalas! Tudo tão lindo e perfeito, como eu sequer sonhei, que um dia viveria.
Na manhã seguinte, seguimos desfrutando do que o hotel e imediações poderiam nos oferecer. Um verdadeiro sonho!

A casa de Yalin é uma delícia, apesar da sua decoração minimalista e masculina, tudo é de excelente bom gosto, bastante despojado, com toques de praticidade. A localização é deliciosa, porque o bairro é muito tranquilo, próximo a todas as comodidades, que Nova York pode oferecer e com uma vista de sua skyline imperdível. Depois de alguns dias, eu já caminhava pelas ruas, completamente familiarizada, como se estivesse em casa, ou morasse há anos por ali. Numa dessas idas e vindas, certo dia, acabei permanecendo por mais tempo no calçadão as margens do rio e, quando retornei, Yalin estava em casa preocupado com minha ausência. Ele precisou resolver umas coisas em seu estúdio, que é bastante próximo do seu apartamento e eu saí, para comprar umas coisas e dar uma volta.
Y: Onde você foi? Estava preocupado. - Perguntou apreensivo.
K: Fui comprar umas coisas e passear pelo bairro... Mas fiquei tão embevecida com a vista do por do sol no calçadão, que sentei apreciando.
Y: Você está gostando de viver aqui?! - Aquela pergunta me pegou de surpresa e me fez pensar. Demorei para responder...
K: É cedo para dizer, mas acho que eu poderia viver aqui... Apesar de gostar da natureza, gosto das comodidades da cidade grande. O diferencial daqui é ter acesso fácil e rápido a essas comodidades, mas com uma qualidade de vida melhor e maior tranquilidade.
Y: Exatamente o motivo de eu viver aqui. Sabe?! Faz algum tempo, que eu venho pensando em viver com você... - Falou devagar, como se estivesse tateando e observando minhas reações. - Mas, não sei onde, ou como? - Eu sorri surpresa.
K: Viver comigo? - Questionei.
Y: Sim! Eu quero casar com você! Eu não fiz o pedido por acaso...
K: Claro! E como você vislumbrou isso? Por que, apesar de tudo o que temos vivido, sua vida está toda organizada aqui e a minha em Istambul...
Y: É sobre isso que precisamos conversar. Como poderíamos conciliar nossas vidas, se tudo está alicerçado em cidades diferentes e tão distantes? - Ele faz uma expressão preocupada.
K: Você tem algumas idéia, ou sugestão? 
Y: O meu trabalho me permite, que eu faça parte das coisas a distância. Então, eu poderia passar uma parte do ano em Istambul, mas não o ano todo. Eu teria de vir algumas vezes para cá e ficar um tempo, por exemplo. Resta saber, se você aceita e consegue viver assim?
K: Indo e vindo?! - Questionei tentando entender. - Sem residência fixa?! Onde ficaríamos em Istambul? Teríamos uma casa?
Y: Eu tenho um apartamento em Istambul, que meus pais nos deram, algum tempo após eu e Deniz nos formamos. Um para cada um, no mesmo prédio. Eles fizeram o projeto e tinham uma parceria na construção, sendo que os apartamentos entraram como parte do pagamento, num custo benefício excelente. Eu estive lá, recentemente, a localização é excelente, com uma vista linda do Bósforo. Podemos decora-lo e morarmos lá e, quando estivermos em Nova York, ficamos aqui. O que você acha?

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