Capitulo 14 - ... e mais descobertas.

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KIRAZ
Eu passei o dia com Yalin e foi surpreendente... Confesso que no início, quando cheguei na empresa deles, eu estava munida para encontrar fragilidades e apontá-las no projeto sem dó. Como defensora no meio ambiente, eu jamais poderia concordar com algo assim... Pelo menos, como eu pensava que fosse. Eu havia prometido escutar o lado deles, antes tirar minhas próprias conclusões e foi o que eu fiz, mesmo que de forma relutante.
Um dos fatores que contribuíram, para amenizar minha postura de ataque, foi ter descoberto hoje cedo, que minha irmã trabalha com eles e tem muito orgulho disso. Ela disse que a família toda é muito séria e justa, com clientes e funcionários. O único que ela não conhece bem, mas já ouviu muito sobre ele, é o Yalin. Os funcionários mais antigos falam muito bem dele. Ela contou que seus pais estão felicíssimos por ele ter vindo para a festa deles, depois de quase 10 anos vivendo no exterior. Suas palavras sobre a família e a empresa, colaboraram muito para que eu tentasse ouvir, antes de julgar.
Inicialmente, analisei tudo com o Yalin, depois Deniz me explicou como tudo começou e o trabalho, que tiveram para obter as licenças, especialmente às ambientais. Ele contou, que vem estudando muito sobre sustentabilidade na arquitetura e construção, enquadrando os demais projetos da empresa nessa perspectiva. Eles me apresentaram seus pais, que estavam bastante sérios e preocupados, com minha presença ali. Mas, na medida em que fomos conversando e eu fui me apropriando do projeto, fiz algumas sugestões, inclusive de ideias que eu havia visto em Cambridge e eles foram se soltando. Expliquei, que apesar de eu não ser arquiteta, assisti algumas palestras e participei de conferências sobre construções sustentáveis, focadas na preservação do meio ambiente.
O clima ficou bastante ameno, tanto que almoçamos todos juntos e eles me convidaram para sua festa de aniversário de casamento. A mãe deles é uma mulher forte, determinada, sem jamais perder a doçura e a feminilidade. Quando acabamos, eles se despediram, pois tinham outro compromisso e eu fui com Yalin até o empreendimento.
S: Foi um prazer conhecê-la minha querida. Contamos com sua presença na festa, hein? - Eu a abracei, agradecendo.
K: Muito obrigada! O prazer foi todo meu. Parabéns pela família linda! - Ela acariciou meu rosto e sorriu.
C: Tchau minha filha. Depois quero saber sua opinião, após a visita in lócus. - disse dando um beijo no meu rosto.
K: Claro. - disse sinceramente. Deniz já estava entrando no carro e acenou para mim.
D: Cuidem-se crianças. - Eu revirei os olhos e olhei sorrindo para Yalin.

Minha tarde com Yalin foi muito produtiva e agradável. Apesar do que eu havia visto sobre ele na internet, ele me pareceu um verdadeiro cavalheiro, super na dele.
Eu pesquisei o nome dele na internet, vi suas redes sociais, para saber quem ele era, o que fazia. Ele é um fotógrafo e cinegrafista famoso, pela elaboração de campanhas, documentários e filmes de curta metragem. Muitos deles sobre viagens, aventuras, ecoturismo e lugares inóspitos. Ele tem muitos prêmios e, pelo visto, é um homem cobiçado pelas mulheres. Também, além de rico e famoso, é bonito e solteiro! Nas fotos ele aparece sempre em lugares badalados e rodeado de mulheres. Já deve ter saído com metade de Nova York.
Conversamos muito e ele me pareceu um homem bastante vivido e culto. Viajou muito, conhece muitas culturas, não é um mulherengo metido a besta, não faz questão de se vangloriar. Ele é humilde, tanto que eu jamais saberia, quem ele é, se não tivesse visto nas redes sociais. Mas, tem uma conversa agradável, sem aquela postura de pegador profissional, ao menos comigo. É um cara com conteúdo.
O local do empreendimento é maravilhoso e não há indícios de nada, que possa macular a natureza no projeto. Ao contrário, existe todo um cuidado e investimento na preservação e até restauração da área desmatada. Andamos muito por lá, bebemos água na fonte e aproveitamos o dia lindo e quente, junto a natureza. Em certo momento, sentamos e depois deitamos na grama, conversando, observando os detalhes e ruídos locais.
K: Fazia tempo que eu não ficava assim, tão relaxada, em contato com a natureza. Obrigada! - Eu olhei em seus olhos e ele me encarou sem dizer nada... Apenas sorriu. Senti um frio na barriga. Nossa! Que homem lindo é esse?! E cheiroso... O pior é, que eu deixei escapar algumas confissões, sem querer, como o quanto adoro seu perfume. Ele sorriu, diante do meu constrangimento e afirmou gostar da minha transparência.
Eu nunca me senti atraída assim, por um homem, muito menos um que eu nem toquei. Mas também, minha experiência é praticamente inexistente, apesar de ter sido noiva... e o beijo mais excitante, que eu já dei, foi naquele cara em Cambridge, que eu nem soube quem era... De repente me ocorreu um pensamento... O perfume, a altura, os cabelos, o ar de mistério, o olhar... Não, não pode ser! Ou pode? - Respirei fundo e perguntei...
K: Yalin, você já esteve em Cambridge?

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