Os dias se passaram rapidamente, Kiraz decidiu depois de muito ponderar junto com Yalin, que participaria da expedição.
Depois de um análise apurada, a equipe definiu que iriam de avião até a Argentina e partiriam de navio até a estação de pesquisa internacional. Kiraz viajaria no início de julho, com toda a equipe, e o ponto de confluência dos pesquisadores de outras partes do mundo seria na Argentina.
Yalin pretendia acompanhá-la até lá, para depois retornar a Turquia, onde deveria permanecer por cerca de 40 dias, pelo menos, em decorrência do trabalho que ele havia fechado uns dias antes de Kiraz mudar de ideia.
No entanto, como ela iria com apenas 2 dias de antecedência da data do embarque no navio, o tempo que ficariam juntos seria mínimo e o custo benefício não compensaria. Então, acabaram decidindo que ela iria sozinha.
Diante disso, organizaram uma despedida a sós na véspera. Foram num restaurante com pista de dança, onde jantaram e dançaram boa parte da noite, carregada de romantismo. Depois foram para o apartamento deles e se amaram muito, fazendo muitas promessas e juras de amor.
No dia seguinte, Kiraz acordou com os olhos amorosos de Yalin observando-a.
Y: Eu já estou com saudades... - Falou com a voz rouca, assim que ela abriu os olhos. - Saiba que esta será a última vez, que eu permitirei que você vá a algum lugar distante, sem mim. Não por machismo, possessividade, ou autoritarismo, mas pela dor que eu sinto cada vez que você se afasta de mim... Fica faltando um pedaço.
K: Hummm... Que delícia acordar com você e escutando isso. Eu acho que estou tão possessiva, porque na minha cabeça você é meu e, o que é meu tem que ficar o tempo todo comigo. - Ela montou nele, acariciando sua barba e dando beijinhos, causando reações nos corpos de ambos. - Eu prometo que será a última vez, que eu vou ficar tão longe de você, fisicamente, e por tanto tempo, porque faz muito tempo que você não sai de dentro de mim. - Ela deitou com o corpo nu, sobre seu peito e distribuiu beijos pelo seu pescoço, causando arrepios.
Y: Hummm... - Ele gemeu. - Vou sentir tanta falta disso, você me deixou mal acostumado e agora vai embora me deixando na seca. - Ele respirou fundo. - Faz tempo que você mora dentro de mim também. Mas agora, eu estou louco para entrar dentro de você! - Falou apertando seus braços ao redor dela, virando repentinamente, ficando por cima. Então, ele tomou sua boca num beijo ardente, cheio de paixão e foi descendo beijando todo seu corpo, enquanto ela se contorcia de prazer. - Você testa todos os meus sentidos e rouba minha razão... Eu demoro para me acostumar com sua ausência. Minha vontade é me fundir a você. - Ele a penetrou com movimentos mais lentos, que foram se intensificando e ficando mais rápidos e profundos. Assim que gozaram, permaneceram encaixados, ele girou para que ela ficasse por cima e não a esmagasse com seu peso. Ficaram ali um bom tempo se acarinhando.
K: Meu corpo, minha alma e meu coração estão tão impregnados de você e, quando eu penso que atingimos o cume, me surpreendo novamente. Fazer amor com você só melhora... Eu sou sua, só sua e sempre serei só sua. - Ele sorriu.
Y: Eu sou seu, só seu e sempre serei só seu. - Ela sorriu... Nenhum deles podia ver o rosto, ou estar dentro do outro, para confirmar a veracidade de tudo o que estavam dizendo de forma concreta, mas podiam sentir o quão intenso e profundo era o sentimento que os rodeava.
Eles passaram grande parte do dia juntos, Almoçaram com os pais e, no final da tarde, Yalin a levou até o aeroporto. Os demais membros da equipe estavam animados e o clima era de festa. Yalin ficou mais tranquilo ao constatar que a maioria das pessoas, pareciam ser agradáveis, alguns já conhecidos de Kiraz, o que facilitaria a convivência no dia a dia. Eles se despediram com um abraço forte.
Y: Até breve! Eu te amo muito. - Sussurrou no ouvido dela.
K: Eu também te amo muito! - Ela respondeu ao pé da orelha dele, beijando seu pescoço em seguida.
Y: Para com isso, ou eu te levo de volta. - Brincou. Então, se olharam profundamente, soltando as mãos aos poucos.A viagem foi longa e Kiraz dormiu grande parte dela. Fizeram uma escala em São Paulo, no Brasil e, finalmente chegaram em Buenos Aires. Kiraz enviou mensagem para Yalin, que acompanhou o vôo por um aplicativo. Eles se falaram algumas vezes, por chamada de vídeo e antes da partida do navio, quando a comunicação seria mais difícil.
Os dias passavam lentamente, apesar de se manterem ocupados grande parte do tempo, estudando, debatendo e dividindo tarefas. A Estação de Pesquisas era muito bem organizada, mesmo sendo simples, era bastante funcional. A pior parte era o frio, assim que atravessavam a porta... Eles andavam cheios de roupas e calçados térmicos especiais, parecendo astronautas.
Kiraz fez amizade com a Doutora Margareth, rapidamente. Apesar de ser de outra geração, ela tinha um espírito jovial, talvez pela convivência com seus alunos e por ter filhos adolescentes. Elas passavam grande parte do dia juntas, como se já fossem grandes amigas. Quando saíam com o restante da equipe, uma sempre era o anjo da outra. Eles haviam feito uma regra, onde cada membro seria responsável por monitorar outro membro da equipe, para que caso alguém se perdesse, ou se acidentasse, o anjo comunicaria os demais, como uma forma de proteção. Então, todas as vezes em que saiam, uma era o anjo da outra.
Kiraz conseguia falar com Yalin e com sua família, com certa periodicidade e, numa dessas vezes foi informada que a matéria sobre Galápagos, que ela fez com Yalin, tinha sido indicada a prêmio, tanto como documentário, quanto pela fotografia. Todos comemoraram e brindaram com ela. Caso ganhassem, deveriam receber o prêmio em 2 meses numa noite de gala no MET (The Metropolitan Museum of Art).
Sua pesquisa estava evoluindo bem e, provavelmente ela conseguiria finalizar no prazo previsto. Ela conversava bastante com Furkan, Margareth e com seu professor de Cambridge, Mat. O fato deles estarem em um lugar tão isolado, de difícil acesso tornou a equipe unida e coesa, permitindo o aprofundamento das relações.
Furkan acabou falando com Kiraz sobre o estresse que estava vivendo nos últimos meses, com a condição de saúde da esposa, que tinha sofrido um aneurisma, permanecendo em coma por mais de 6 meses, paralelamente a uma briga em família sobre o desligamento dos equipamentos, que a mantinham viva. Quando os médicos finalmente desligaram, após um processo judicial, ela permaneceu viva e, recentemente voltou do coma, sem memória e totalmente dependente de cuidados. A família dela a levou para Bursa, onde moram, e ele mantém os custos, com remédios, cuidadores e outras necessidades.
A única filha deles, estuda na Inglaterra e vem duas vezes ao ano para casa. Estar ali, era uma forma de se manter distanciado de todos os problemas. A família dela fazia uma pressão enorme sobre ele, pois ela teve o problema, após uma pré eclampsia na gravidez e eles o culpavam, pela gravidez tardia e de alto risco. Infelizmente, a criança não sobreviveu e a mãe ficou nessa situação.
Ele sempre foi muito discreto sobre sua vida pessoal e nunca seus alunos souberam, que ele era casado, ou que tinha filhos.
K: Nossa Furkan! Jamais imaginei que você fosse casado e tivesse filhos... e essa história é muito triste. - Ele estava muito abatido e desesperançoso, mas havia algo mais... Ele foi se abrindo aos poucos, sendo que muitas vezes chorou no ombro de Kiraz, por quem nutria um afeto e se sentia amparado.
F: Nós ficamos assustados, quando soubemos da gravidez dela, após os 40 anos, mas consultamos alguns médicos, que nos tranquilizaram e decidimos seguir em frente. Estávamos muito felizes, pois era um menino e seguimos todos os cuidados e recomendações, para que ela ficasse bem. Mas, por volta do 7°. mês, ela começou a apresentar um quadro de hipertensão arterial e diabetes gestacional, que culminou com a pré eclampsia no oitavo mês. - Relatou com tristeza.
K: Sinto muito! E o que os médicos falam? - perguntou.
F: Eles acham difícil ela voltar a ter uma vida normal, devido a lesão cerebral. Mas, o pior é que a família dela, além de me culpar, ainda me impede de vê-la regularmente. Também tenho medo de perder o amor da minha filha. - Ela suspirou.
K: Muito difícil. Mas, acho que você tem que manter e estreitar os laços com sua filha, para que a amargura dos avós não corrompa a relação de vocês. Vá visita-la, viagem juntos, conversem com regularidade e abra seu coração com ela. - Ela sugeriu e ele a abraçou.
F: Muito obrigada. Você não imagina o bem que você me faz, com suas palavras. - Falou sinceramente.Certo dia, Kiraz estava trabalhando em seu notebook, bebendo um chá bem quente e comendo mahmoul (biscoito recheado de tâmaras e castanhas), feito pela sua mãe, para a viagem, quando escutou uma série de notificações de mensagens no celular. Margareth, que estava ao seu lado, se surpreendeu e comentou:
M: Nossa, quantas mensagens chegando. Provavelmente ficaram acumuladas, pela falta de sinal e agora estão caindo todas de uma vez! - Kiraz foi ver e encontrou várias fotografias de um número desconhecido. Eram fotos de Yalin com Leyla, inclusive de sites de fofocas. Mas, o que ele estaria fazendo com ela?
Na sequência recebeu mensagens de Yalin, com os seguintes dizeres: O que significa isso? - Seguida de fotos de Kiraz com Furkan, bastante próximo a ela, ou abraçado. Ela olhou para Furkan, que desviou o olhar. Imediatamente respondeu a Yalin: O que significa isso? - Enviando as fotos dele com Leyla.
Alguns minutos se passaram, ele ligou e ela foi para o quarto para ter maior privacidade, já que todos estavam na sala.#Ligação on#
Y: Kiraz, o que esse cara está fazendo no seu ombro e abraçando você? - Com a voz alterada.
K: Talvez o mesmo que a Leyla estava fazendo no seu... - Respondeu ríspida.
Y: Kiraz, eu não queria te dizer, para que não houvesse maus entendidos, mas descobri após alguns dias trabalhando nesse projeto em Istambul, que Leyla trabalharia junto. - Ela riu sarcasticamente e falou.
K: Nossa! Que surpresa! Fazendo o que? Posso saber? - Ele respirou fundo.
Y: É uma matéria sobre casas ecológicas e sustentáveis. Ela trabalhou no projeto de construção de algumas delas. Só isso. - Justificou.
K: E por que tantas fotos de vocês dois, inclusive em sites de fofocas, que não param de chegar no meu celular, por um número anônimo? Ahn?! - Ele respirou fundo.
Y: Mande-as para mim! Não é possível que vai começar esse inferno de novo!? - Ela suspirou.
K: Eu não tenho culpa. Não poderia estar mais isolada e distante do mundo, do que estou agora! - Completou.
Y: E sobre esse professor? Esse cara está com graça para cima de você! - Questionou.
K: Ele está passando por um momento familiar difícil... com a esposa há meses em coma e eu o amparei.
Após discutirem por mais um tempo, eles desligaram se despedindo de forma fria, com o orgulho comandando.
#Ligação off#Naquela noite Kiraz chorou muito até adormecer e Yalin passou a noite em claro, tentando organizar os pensamentos e os fatos. Ambos concluíram que tudo isso era coisa plantada, mas nenhum deles admitiu para o outro...
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Caminhos Cruzados
RomanceSerá que após uma grande decepção, atrelada à imposições sociais, o amor pode prevalecer? Quais os desígnios para cada um? A vida pode nos mostrar novos caminhos, com outras encruzilhadas? Nós devemos correr atrás? Ou será que nossos caminhos já est...