— Você está bem? — Falou o príncipe não querendo ser grosseiro.
Ela olhou em direção a ele e o rubor em suas bochechas aumentou.
— s-sim estou — foi a primeira vez que ouviu a princesa falar desde que chegou.
Sua voz era baixa, cheia de timidez, doce e calma.
— Desculpa a invasão mais você é bem tímida, né? — comentou, tentando puxar assunto com ela.
— Um pouco — suas respostas eram sempre curtas, e o bicolor também não sabia dialogar muito bem.
— Eu n-não estou ajudando, não é? — Quando o outro olhou pra ela percebe as lágrimas enchendo seus olhos negros e a ponta de seu nariz ficando vermelho. Isso o desesperou.
— O-olha, não é isso, não é fácil conversar nessas condições, estamos sendo praticamente forçados a nos falar — pelo visto essas palavras não fizeram muito efeito.
Ficaram mais um tempo em silêncio, até que ele inesperadamente foi quebrado pela princesa.
— Você não quer essa união. Não é? — Perguntou ela, ainda um pouco acanhada.
— Responde primeiro, você quer? — Devolveu sua pergunta, e como resposta ela balançou a cabeça devagar negando olhando para suas mãos pousadas em seu colo.
— Eu também não, mais você não quer por quê? Tem alguém que você goste? — Finalmente a conversa estava fluindo, não da maneira que os pais deles queriam, mas estava.
— Não, eu só não quero uma união, não preciso me casar para ser feliz — falou ela sorrindo minimamente, mas dessa vez era um sorriso diferente do que ela mostrou na frente de seus pais, era um sorriso verdadeiro.
— E você? Tem alguém? — Perguntou ela com curiosidade.
— Não — responde negando com a cabeça.
— Mais mesmo assim, vamos ter que nos casar daqui um ano. Pode parecer egoísmo mais estou feliz e bem mais aliviada de não ser a única a não querer esse casamento, pelo menos agora tenho alguém pra desabafar — isso dava para perceber que era verdade, agora ela até estava mais solta, como se o peso de ser a única contra o casamento saísse de suas costas.
— Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo... então, amigos? — Estendi a mão a ela com um sorriso.
— Amigos — retribuindo o sorriso segurou minha mão em um aperto, selando nossa amizade.
Nesse momento seus pais entraram no jardim.
— Olha, parece que vocês se deram bem. Não é — a rainha Hodilia aproximou-se deles sorrindo grandemente.
Mas o sorriso da princesa Catherine desmanchou na mesma hora, como se aquele peso estivesse novamente nas costas dela.
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No dia seguinte o castelo estava ainda mais agitado, servos e empregados correndo para todos os lados, deixando tudo perfeito para o aniversário e a festa de noivado do príncipe que seria no dia seguinte.
A família Tyller recebeu quartos para pousarem durante essas semanas no castelo.
Príncipe Shoto estava perdido em meio a tanta correria, queria achar um lugar calmo para ficar porém para onde ia eram pessoas falando alto, correndo e pedindo licença para passar, tinha que tomar muito cuidado para não esbarrar em alguém.
Princesa Catherine passou o dia em seu quarto, pois também não gostava de tumultos, por conta disso hoje não a viu.
A noite chegou, e novamente lá estava ele na janela de seu quarto admirando a vila onde os aldeões dançavam e cantavam, reparava na música que tocava e pensava em como queria estar lá.
Até que uma ideia meio maluca e fora dos padrões passou por sua cabeça.
Não sabia muito bem como iria fazer isso nem ao menos se ia conseguir.
Mas estava decidido. Já que hoje era seu último dia "solteiro" iria aproveitar.
Saiu de seu quarto e foi nas pontas dos pés até a sala de armas. Chegando lá revirou algumas coisas, viu uma corda com um gancho na ponta, luvas de couro marrons, uma capa, cinto com bainha para espada e botas também marrons.
Pegou aquelas coisas e correu de volta para seus aposentos. Como estava descalço seus pés não faziam muito barulho.
Chegando em seu quarto fechou a porta rapidamente, olhou para o canto de seu quarto vendo a espada que ganhou de seu pai. A levará com ele, pois mesmo não sabendo usá-la sentia-se mais seguro carregando uma arma para se proteger.
Vestiu a capa, cinto, luvas e botas marrons. Como estava usando roupas simples de dormir brancas seria mais difícil alguém o reconhecer.
Colocou o capuz para esconder seus cabelos, pendurou firmemente o gancho nos umbrais de sua janela e observou por a mesma vendo se ninguém o veria.
Embainhou sua espada no cinto, jogou a corda pela janela deixando-a pendurada pelo gancho e a desceu com cuidado e devagar para não cair. Pois nunca tinha feito nada como isso.
Desceu apoiando as delicadas mãos protegidas pelas luvas na corda, enquanto seus pés estavam apoiados na parede também protegidos pelas botas.
Alcançando os pés no chão balançou a corda a fazendo-a desprender e cair no chão acompanhada do gancho, logo a juntando e escondendo entre as folhas de um arbusto do jardim do castelo.
Ouviu passos vindo na sua direção, e por reflexo logo se escondeu atrás de uma árvore ouvindo os barulhos entrando no jardim.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.