Completamente triste e irritada a garota loira teve que voltar para o acampamento sem ver seu amado. Pois a noite caía junto de outra onda de neve, pelo menos desta vez não era uma tempestade, mas mesmo assim tinha que voltar, pois Shigaraki não gostará nada se ela chegar tarde.
Por causa disso correu para não ser castigada outra vez, porém com esperança de outro dia reencontrar seu fofo Deku que já deve estar com saudades de si.
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Do lado de fora da cabana a neve começava novamente a cair junto com uma leve brisa gelada que soprava docemente. O ferreiro segurava-se para não entrar em prantos e estragar o tempo só deles, seu momento a sós com seus amados.
Sorriu levemente pois nunca pensou que um dia iria usar este termo no masculino, muito menos no plural.
Não sabia se era sorte ou azar, mas no momento adorava pensar em como esta palavra soa tão bem.
Sua mão danificada havia sido desinfetada e o curativo também já tinha sido feito, constatando que os ferimentos nela não foram tão profundos quanto da primeira vez.
Estavam os três jovens na sala da casa que aos poucos conforme o sol se punha ficava mais escura. Haviam descido o colchão do andar de cima para lá, o colocando no chão junto dos travesseiros e cobertas. Pois hoje o quarto não poderá ser utilizado, por conta do imenso buraco da janela estraçalhada, deixando a neve e o vento frio entrar a vontade.
E agora os três estavam lá, com seus olhares perdidos em pensamentos, consumidos pela angústia de saberem que amanhã não poderão dormir juntos como farão esta noite. O nó na garganta era presente no Midoriya, tinha tanta coisa que queria falar, fazer e viver com os outros dois, porém tão pouco tempo.
O loiro percebendo a tristeza que tanto invadia eles achegou-se até os outros, abraçando ambos que se aconchegaram no calor de seus corpos, era certo de que não gostava de abraços ou demonstrações de carinho, mas com eles era diferente, sentia vontade de abraça-los por toda a eternidade e não os soltar mais.
O príncipe sentia seu coração doer dentro da caixa torácica, não se via tão deprimido assim a anos, sofrendo com a saudade daquele abraço que ainda nem se foi. Então era isso o que os grandes poetas que lia nos livros da biblioteca falavam, da dor de quando suas amadas estavam longe de si.
Tinha que admitir, era horrível.
Queria fazer aquela noite memorável de alguma forma, algo que tenha para si um grande significado, para que assim quando estiver sozinho naquele quarto que o aprisionará poder se recordar e sorrir apoiado na janela.
Claro seu maior sonho era poder dançar e festejar junto aos aldeões, porém isto é insignificante se não o puder fazer acompanhado dos outros dois.
Seu sonho não é mais o mesmo.
Pensando nisso começou a cantarolar a mesma música que dançou junto ao esverdeado, sendo alto o suficiente para despertar os outros de seus próprios pensamentos para o ver balbuciando com sua grossa e rouca voz aquela canção folclórica.
— Olhava o mundo lá lá hum... — com os olhos serrados desenrolava a música erroneamente, esquecendo-se de algumas partes cujo as pulava, balançando levemente sua cabeça ritmada com a melodia invisível, junto de seus cabelos de duas cores que hipnotizam os outros dois.
— Presa dentro das paredes de seu castelo, ooh! — o de sardas ainda abraçado aos outros sentindo o calor de seus corpos começou a cantarolar junto do Todoroki, juntando suas vozes de uma maneira incrível ao unir o doce e suave da sua voz com o rouco e espesso dele.
Afinal ele também se lembrava daquela noite e isso o fez sorrir, sentindo um desejo de revive-la uma última vez, mas agora com as duas figuras ao seu lado.
— Por acaso os senhores me concedem esta dança? — perguntou ele se afastando, parando um pouco sua voz da cantoria para fazer tal pergunta com uma pose cordial, estendendo a mão boa para ambos os garotos.
— Eles lá lá hum, não vá lá — o meio ruivo continuava a entoar a canção sem jeito, logo sendo novamente acompanhado por Izuku unindo novamente suas vezes.
— Está bem, porém saibam que não gosto muito desta coisa fútil! — falou segurando a mão calejada do outro com certa brutalidade, enquanto virava o rosto um tanto corado para o lado, sentindo a mão meio gelida do bicolor sobre a sua.
Quase deixou escapar um sorriso.
"E disse a ela, não tenha pânico" os três jovens com as mãos dadas começaram a girar, iniciando a dança.
Cada passo que davam sumiam mais deste mundo para entrar em um só deles. O plebeu não fazia ideia de como dançar em três, porém como o pedido partiu dele, tentava pelo menos acompanhar, imitando desajeitadamente os passos dos outros enquanto cantarolava a tradicional melodia.
Os dois mais altos soltaram suas mãos bateram palmas e em seguida girando para depois voltar a posição inicial, e claro ele fez o mesmo, totalmente fora de compasso e atrasado, mas tentou copia-los percebendo que falhou quando ouviu risadas vindas dos outros dois.
"Vou dar a você tudo o que sempre sonhou"
— Sério Deku! Mesmo depois de todos estes anos ainda não sabe dançar? — falou o de olhos vermelhos, rindo com certo ar provocante de deboche em sua voz.
— Eu tentei ensina-lo! — retrucou Shoto, não aguentando segurar seu sorriso.
— E eu nunca disse que tinha aprendido — sorriu também, esquecendo-se por um instante de que aquela era sua despedida para com eles.
"Serei a história mágica que você sonhar" inconscientemente Katsuki começou a entoar também, diluindo sua voz grave e forte com a rouca e a suave.
E ficou simplesmente magnífico.
Apesar de suas diferenças tudo neles se misturava de uma maneira única e mística, nunca pensou que a esmeralda, o rubi e a safira misturada com uma pitada de hematita de seus olhares iria fazer uma junção tão perfeita. Eram como pedras-preciosas refletindo umas nas outras, enquanto a névoa densa de sentimentos os cercava trazendo um ar um pouco mais aquecido naquele mundo frio.
Queriam curar aquela saudade queriam matar sua sede enquanto ainda podem, era como se os três corpos estivessem magnetizados uns aos outros, não podendo viver mais separados, com o desejo apenas de deitar naquele coxão em meio a abraços e carinhos até que todos os seus problemas sejam resolvidos pelo tempo.
E assim fizeram após terminarem sua dança, deitando-se alí com seus amados, apertados em um único lugar deixando um grande espaço vazio no coxão para ficarem perto e sentirem o aroma uns dos outros, se misturando assim como seus olhares. O meio albino possuía um gostoso aroma de lavanda, possivelmente por ter usado muitos cosméticos com este perfume, e o cheio doce vindo do ex-criminoso curiosamente se assemelhava a caramelo, junto de um leve aroma infantil assim como seu rosto vindo do ferreiro.
Era algo excêntrico, porém apreciado por ambos. Sem malícia ou segundas intenções, apenas aproveitar o perfume, a voz, o toque e o carinho uns dos outros enquanto ainda podem.
Tinham tantas coisas para dizer, mas nenhuma delas seria o suficiente para saciar a falta que já esmagava seus corações.
Por isso apenas apertaram mais ainda seus corpos, certificando que ainda estavam alí.
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(Acho que alguém já deve ter percebido qual música eu usei, "Lily de Allan Walker" a letra está com algumas alterações propositais na tradução)
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.