Catherine, em seu quarto escorada na porta do mesmo tentava pensar em tudo o que havia acontecido. Sequestrado, como isso foi acontecer? E como seus pais puderam se esquecer dele com tanta facilidade? O substituindo como algo descartável.
Queria notícias dele, mas seus pais haviam cortado todos os laços com Musutafu, como ela, uma pessoa que sempre foi muito dependente das outras em sua volta, conseguiria fazer algo? Ter o poder de mudar alguma situação depende de força, poder e recursos, alguém como a princesa, que sempre foi apenas uma peça invisível que era guiada para onde a levassem, ou uma simples boneca de ventríloquo. Poderia fazer alguma diferença?
Olhar para aqueles seres gigantes a sua volta que pareciam humanos, falavam como humanos, e agiam como humanos. Porém ao mesmo tempo eram tão empoderados e diferentes dela, pareciam até grandes montanhas em comparação ao grão de areia que a mesma era.
Foi até sua janela lembrando-se do jovem príncipe, olhando para o estábulo do castelo voltou seu olhar aos muros, recordando da vez em que o Todoroki, lhe contou de quando se arriscou para se aventurar na vila.
Será que algum dia poderia fazer o mesmo? Claro que não.
Saiu de seus aposentos indo até a estrebaria necessitando de ar fresco, sempre gostara de ir lá quando precisava pensar. Entrou, aproveitando que o cavalariço não estava para ver seu animal favorito.
Era um grande cavalo com pelagem marrom avermelhada brilhante, e crina negra como seus cabelos. Seu nome era Ghoscer, ela mesma havia dado este nome a ele.
Achegou-se mais, o vendo parado em sua baia do estábulo comendo algo em seu pequeno cocho, o mesmo não havia ainda notado sua presença ficou de frente a porta não querendo assusta-lo, porém ele ouviu seus passos ficando apreensivo.
Ghoscer não possuía olhos, havia nascido com esta deficiência, por isso ainda não sabia quem havia se aproximado, começando a farejar com suas grandes narinas enquanto balança a cabeça pelo ar.
Aproximou-se da morena pondo a cabeça por cima do pequeno portão da baia, arrancando-lhe um sorriso fazendo cócegas ao fungar em seus cabelos cor de ébano, sacudindo-se de alegria eufórico como um cãozinho, ao retratar de que alí era sua dona.
Abraçou o pescoço do alazão fazendo carinho em sua crina, enquanto desabafava com ele tudo o que ela escutou de seus pais, e de como seu coração encontrava-se angustiado. De uma coisa sabia, aquele garanhão sabia mais de sua vida do que qualquer pessoa, ele sempre lhe ouvia, podia dizer com certeza que era seu melhor amigo.
Quando o viu pela primeira vez o mesmo ainda era um pequeno potro desengonçado, com as pernas finas havia acabado de nascer, e seu pai não sabia o que fazer com o mesmo por conta de sua deficiência visual.
E para piorar as coisas a égua que tinha dado-lhe a luz o havia rejeitado, não queria saber de maneira alguma do filhote recém-nascido. O cavalariço até poderia cuidar do potro, mas ele deixou bem claro para o rei de que seria uma perda de tempo dedicar-se a ele, pois o potro era um animal inútil sem utilidade.
Não servia para procriar, cavalgar e muito menos vender, pois nenhum fazendeiro iria quere-lo, com isso o cavalariço mencionou que a melhor escolha seria sacrifica-lo.
Catherine implorou para que não matassem o animal e se ofereceu para cuidar do mesmo.
Alexandre falou que poderia conseguir qualquer outro animal que ela quisesse, como um fofo gatinho ou um potro melhor, que enxergasse, porém ela se recusou a aceitar, queria ele.
Isso poderia parecer birra mas a princesa não se importava se a chamaram de mimada, na verdade ela só não queria que o pobre filhote fosse sacrificado por conta de uma deficiência se poderia salva-lo.
Fora que já tinha se encantado pelo animal.
Com muita insistência o rei cedeu aos desejos de sua filha que cuidou muito bem do cavalo por três anos, e em troca o mesmo era seu ouvinte e amigo, e neste meio tempo conseguiu convencer seus pais a deixarem-na praticar equitação.
Ficou tão boa no hobby que conseguia montar qualquer cavalo, até Ghoscer, que mesmo não vendo confiava na morena que o guiava, ela era seus olhos, sabia que não o deixaria tropeçar.
Para onde ela o leva ele cavalga sem exitar, sem medo, como se fossem um.
Pensou nisso enquanto saia da estrebaria colocando uma cela no alazão, andar a cavalo sempre lhe acalmava. Olhando para o horizonte onde seu pai havia lhe mostrado onde ficara o reino de Musutafu, viu um pássaro atravessar os céus em grande velocidade naquela direção, por um instante desejou ser ele.
Voar com tanta facilidade, sem empecilho algum por cima daquela imensa floresta que separava os dois reinos, agora era seu maior desejo.
Montou em seu cavalo, andando vagarosamente sem ânimo algum, imaginando-se indo rápido como aquele pássaro a galopes com Ghoscer, atravessando a floresta. Riu de si mesma.
Será que isso poderia ser possível?
Seu pai viu a cavalgando e achegando-se a si, percebeu como a mesma encontrava-se abatida perguntando o por quê daquilo.
— estou preocupada com Shoto, será que o senhor não poderia enviar uma carta par.. — não terminou o que queria falar, sendo interrompida por seu pai.
— claro que não!!! Catherine! já falei a você que não temos mais ligação alguma com aquele reino!
— Sim, mas tenho ele como amigo! — tentou defender-se, mesmo sabendo que não ia resultar em nada.
— Já tem minha resposta!! não insista com isso! — a princesa irou-se de uma forma que nunca fez antes, saindo de seu cavalo, entrando no castelo deixando Alexandre para trás.
Se ele não irá mandar ninguém até lá, não ficará esperando de braços cruzados, ela mesma irá.
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Bakugou, já estava há alguns minutos apenas encostado no canto do quarto de braços cruzados, observando o outro ainda desacordado. A dona da casa havia saído a um tempo, por isso não estava preocupado com ela entrar no local.
O mesmo vagava em seus pensamentos enquanto olhava o rosto do esverdeado, condenando aquela maldita por ter feito isso com ele. Sua face com sardas trazia um ar tão infantil, gostava disso, pois com facilidade apenas o olhando, conseguia-se lembrar das memórias de sua infância.
Um garotinho loiro, enérgico de cabelos indomáveis, pois não adianta o quanto sua mãe lutava com suas madeixas, ela sempre perdida para elas. Se recordar dessas lembranças fez uma pequena curva de riso em seus lábios.
Aprendeu vários xingamentos com sua mãe tentando manter seu cabelo na linha, batendo na cabeça do filho quando o mesmo usava suas ofensas contra ela por puxar seus fios emaranhados com brutalidade.
Sentia saudades.
Se aproximou de Izuku, sentado na borda da cama, lembrando-se de quando saía para brincar com seus amigos nas ruas daquela aldeia, nunca imaginando que algum dia iria odia-la.
Seu sorriso e ego ficavam enormes ao ver como todos seus amigos o admiravam, queriam ser como ele já que o mesmo era o líder do grupinho de brincadeiras. Sempre gostara de ser o centro das atenções.
Mas seu passatempo favorito naquela época era tirar sarro de um certo garoto, não que não gostasse dele, mas de alguma forma sentia-se ameaçado perto do mesmo, como se o outro pudesse a qualquer momento tomar seu título de líder.
Coisas de criança.
Porquê sentia-se desta maneira não sabe, talvez tivesse ciúme do outro ficar popular e acabasse se esquecendo dele, já que seu ego ia as alturas quando o mesmo lhe idolatrava ou dizia que o loiro era incrível, o chamando com aquele apelido que a anos não ouvia.
Tanto que ficava furioso quando outras crianças mal tratavam o garoto, deixando bem claro que só ele poderia fazer isso.
Alisou as bochechas fartas do ferreiro, reparando nos pequenos machucados espalhados em seu corpo com um olhar misto de desapontamento e indignação.
— Deku de merda, como teve coragem de me esquecer?!
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
AcakUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.