Catherine era levada pelos cabelos emaranhados para longe do acampamento. Sendo arrastada pela neve gelida e úmida, molhando suas roupas, a fazendo tremer de frio e pânico que eram as sensações que dominavam seu corpo.
— Eu iria te desintegrar, mas quero que os outros apreciem seu corpo congelado sendo devorado pelos abutres! — Com as pernas já dormentes assim como seu couro cabeludo, a garota rouca não conseguia mais lutar ou emitir ruido algum, se não poucos gemidos.
Faltava o ar em seus pulmões.
Sua visão desfocada dava breves apagões como se estivesse prestes a desmaiar, não sentindo mais seu corpo que era arrastado como uma boneca pela neve gelada, formando um caminho por onde passava.
A metade de seu magro corpo era levada em meio a neve. Reparava suas mãos sem movimento, molhadas e roxas. Não ouvia nada, não sentia nada, apenas a dormência se espalhando em si.
Ao virar minimamente a cabeça, viu na paisagem branca a sua frente um profundo abismo coberto de neve. Antes soltando seu último ruído, saído junto de uma nuvem de sua boca seca, acompanhado com uma lágrima que logo se perdeu, antes de se entregar ao escuro breu onde seus sentidos são cessados.
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Os jovens alojados na cabana agora estavam dispersos pela casa. Com Bakugou varrendo o andar de baixo, o príncipe tomando um banho, utilizado um balde de água aquecido pelo ferreiro, que agora no quarto olhava um objeto em suas mãos, mais precisamente um caderno.
Era o livro de feitiços que achara na casa dos Uraraka, estava escondido envolta de sua cintura embaixo de suas roupas. O sol já se punha no horizonte, mas a neve ainda caía do lado de fora sem pestanejar, e continuará assim até que canse.
Pois parecia que conforme o sol se abaixava além das montanhas, a neve apenas aumentava cada vez mais, acompanhada com uma brisa fria que começara a soprar.
Foi quando sua atenção saiu da janela para a porta que se abriu calmamente, revelando um Todoroki com roupas trocadas e cabelo úmido. Renovado por seu banho quente, que mesmo não sendo em uma das banheiras do castelo, era relaxante.
Rápido escondeu o caderno em suas roupas, mesmo sabendo que não era necessário.
Com receio o meio ruivo aos poucos vai se achegando perto do outro até sentar ao seu lado na cama, claramente querendo falar algo, porém sem saber como.
— Midoriya — chamou, ganhando atenção total para ele — por que você não quer falar sobre nosso beijo?
O loiro que passava de frente ao local escutou a frase dita, olhando para a porta semiaberta, lutando contra si mesmo para ir embora, porém seu corpo não lhe obedeceu. Andando lentamente até a brecha da porta, para ver lá dentro o bicolor que com seu típico rosto sem expressão, encarava o de sardas que encontrava-se nervoso pelo assunto, com o rosto vermelho berrante enquanto esfregava suas mãos inquietas em suas próprias calças, tremendo no mesmo tempo em que falava.
— E-e-eu! Eu não....qu-quer dizer!!.. eu, e-eu quero, mas.... Não é isso!!! — cobriu o rosto com as mãos, não crendo que acabou engasgando-se de uma maneira em que não formulou frase alguma. Esta situação o pegou desprevenido, ele gostaria de dizer muitas coisas, porém quando abria a boca as palavras escapavam por conta da euforia.
Katsuki sorriu anasalado pelo desconforto eminente do outro, alegando consigo mesmo de que ele não mudou nada, continua o mesmo medroso idiota de sempre, porém segurando-se para não fazer nenhum som brusco.
Nunca imaginara que a relação deles era nesse nível, pois tinha ciência da perigosidade que isso era.
— Não precisa ficar assim. Se não gosta mais de mim pode falar, não irei insistir, apenas quero saber seus sentimentos. Juro que compreenderei... afinal, este romance não iria muito lon... — Falava ele, tentando esconder os sentimentos tristes em sua voz mantendo-se neutro, antes de ser parado pela mão do outro tapando seus lábios.
— Não!! — disse o esverdeado, um pouco mais alto do que pretendia - n-não!.. - falou, desta vez em sussurro. Com o rosto corado, ainda tapando a boca do outro. Enquanto do lado de fora o de cabelos espetados observava tudo, tentando não fazer ruído algum.
Se esforçava o máximo para formular frases condizentes, almejando encontrar as palavras certas para recitar a Shoto, mas nada veio. Seu coração estava cheio de sentimentos, cheio de emoções, cheio de nervosismo, porém não conseguia transformar tudo aquilo nas benditas palavras.
Por conta disso desistiu de encontra-las, retirando com cuidado a mão da boca do meio albino, a descendo e colocando em seu queixo, para logo reunir sua coragem e fechar seus olhos com força para virar-se para o outro e unir seus lábios com os dele. Em um selar de bocas rápido e discreto, mas muito mais valioso do que todas as frases que poderia dizer, em meio a calmaria que o local de repente se tornou.
Calmaria que não durou, pois logo após se separarem ouviram um grande baque vindo da porta agora aberta, que quando viraram em sua direção notaram alí o de olhos vermelhos, caído ao chão resmungando um "merda" para si mesmo.
Olhando para cima viu os dois que lhe encaravam e minimamente suas bochechas se avermelharam, enquanto rapidamente se levantava do chão.
— Err......eu esbarrei!!! Foi sem querer!! — bradou, sentindo-se envergonhado com sua espionagem patética e desculpa esfarrapada, dando as costas para se retirar do quarto antes que alguém visse seu rosto corando cada vez mais.
— Espere!! — de repente o príncipe saiu de seu lugar para correr até o ex-criminoso, agarrando em sua mão. Coisa que só piorou o problema das bochechas vermelhas dele, que mesmo parado permaneceu de costas afim de esconde-las.
— Você ouviu tudo, Não é? — Bakugou estava nervoso demais para responder sem xingar, gritar ou falhar em sua voz. Por isso apenas balançou a cabeça lentamente da forma positiva, tentando não apertar os dedos do outro em seu punho fechado.
— Kacchan!! Que coisa feia! — Izuku o repreendeu com seu rosto pegando fogo, ao pensar em Kacchan o vendo fazer juras de amor desajeitadas para um garoto.
Kacchan irá rir dele e chamá-lo de marica até o amanhecer.
— Isso não importa, pois acho que ele também tem algo a dizer! — segurou firmemente a mão quente do loiro, pois de alguma forma tinha medo dele fugir como fez em outras vezes, sentindo apenas por seu punho seu coração acelerado assim como o seu.
Sentia em sua alma que também precisava saber os sentimentos dele.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.