49_Chikara

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Com as gotas de chuva descendo seus cabelos verdes e caindo sob o chão de madeira, averiguava todos os cantos da grande sala com uma estranha sensação de familiaridade.

Não sabia porquê sentia que já havia visto aquela casa, não só por fora mas também por seu interior. Era tudo tão familiar.

Só de olhar aquela sala grande e escura Izuku sabia exatamente onde ficava cada cômodo, assim como em sua própria casa. Isso não faz sentido, pois ele nunca entrou aqui antes, porém mesmo assim ele sabia.

Os móveis estavam todos alí, uma estante, algumas cadeiras e uma mesa de madeira no centro da sala. Parece que se mudaram as pressas, pensava nisso quando ouviu passos ecoados vindos da onde eram os quartos, junto de uma pequena luz.

Entrou em alerta, escondendo-se atrás da estante para pegá-lo de surpresa, ouvindo os passos se aproximando a entrar na sala iluminando-a parcialmente de amarelo. Com isso viu a silhueta dele, tremendo junto ao fogo da vela que segurava em um castiçal.

Sem mais espera saiu de seu esconderijo pronto para o agarrar, mas parou ao se deparar com o meio albino virando de uma vez para si com espanto, colocando a vela de frente ao seu rosto de uma vez, se acalmando ao ver que se tratava do ferreiro.

Midoriya recuou confuso, pois o outro não deveria estar alí.

— Senhor Todoroki! O que faz aqui?! Não é seguro! — perguntou sussurrando por uma razão desconhecida, já pronto para o guiar de volta pra casa.

— Exato! Por isso não pude deixa-lo sozinho, não conseguiria dormir! Tive que vir! — era ainda mais arriscado com o príncipe alí, porém sentia-se mais tranquilo com ele.

Ao olhar para as mãos do meio ruivo, viu alí a vela que derretia vagarosamente sob o castiçal, e a reparando uma dúvida surgiu em sua cabeça.

— Faz muito tempo que o senhor está aqui? — falou em baixo tom, com medo de serem atacados a qualquer momento.

— Não, cheguei faz pouco tempo — se as palavras de Shoto forem verdade aquela vela não fazia sentido. Estava acesa, mas o vento e a chuva lá fora não a permitiriam ela chegar aqui assim.

— Onde encontrou esta vela? — já comprovou que não foi ele que a trouxe.

— Quando cheguei entrei nos quartos para ver se tu estava aqui, e a vi já acesa em cima de uma mesinha-de-cabeceira. E antes que me pergunte, a porta da entrada da casa não fui eu que abri — então tinha apenas uma explicação.

— Ele já está aqui! Vamos procura-lo pela casa, fique atrás de mim! — o príncipe resolveu falar, e interromper o outro antes que ele começasse a busca.

— Katsuki não pode estar na casa, se tivesse, eu teria topado com ele — isso é verdade, porém se o criminoso não encontra-se na casa onde ele está?

— Acho que sei onde ele pode estar se escondendo, vamos lá! Mas não saia de trás de mim — o esverdeado começou a andar para os fundos da casa, acompanhado do bicolor que iluminava o local.

Não sabia ao certo para onde estava indo, mas aquela sensação de familiaridade dizia a ele que aquela casa tinha porão, apenas resolveu segui-la.

Chegaram lá e sua intuição estava certa, havia um alçapão nos fundos da casa que levava ao subsolo, um lugar perfeito para um criminoso se esconder.

— Senhor, clareie aqui! — abaixou-se analisando a tranca quebrada do alçapão, que era iluminada pela luz da vela que quase se apagava, enquanto o bicolor lutava para a proteger do vento e da chuva.

Agarrou a tampa de madeira do alçapão puxando-a para abrir, revelando o breu negro assim como em um grande poço. Pulou rapidamente para dentro, e ao aterrissar no chão um grande eco foi ouvido, junto de uma nuvem de poeira que subiu de seus pés.

Colocou de pé uma escada que estava no chão para o outro poder descer também, e assim fez, logo fechando a passagem para fora, afim de evitar que a única fonte de luz que possuíam se apagasse.

Assim que o alçapão se fechou o fogo da vela começou a ressurgir revelando o local em que estavam, era um porão bem grande, quase do tamanho da casa acima deles, repleto de coisas antigas cobertas por poeira, insetos e teias de aranha.

Parecia que não tinha ninguém alí além deles, deu alguns passos a frente para ver melhor, sempre com o príncipe protegido em sua retaguarda, porém ainda nada encontrou, aquele lugar cheirava a poeira, madeira molhada e mofo.

Estava bem escuro, só até aonde a luminosidade da pequena vela alcançava era possível enxergar. Com o olhar atento, o Midoriya quase pulou quando ouviu alguém falando consigo.

— Que ridículo! Realmente ainda não me viu?! — o ferreiro virou para o meio albino, que procurava com os olhos o autor da fala.

Reconhecia aquela voz e jeito de falar, só podia ser ele, Katsuki.

— E trouxe o meio a meio também! Vocês andam bem juntos ultimamente não? — escutou passos junto do fraco perfume de caramelo se aproximando, sendo assim pego pela luz tornando-se visível.

Seu coração acelerou em adrenalina, cerrando os punhos e dando um passo para trás se certificando de que Shoto ainda estava alí. Se acontecer algo consigo, ele deverá estar bem para sair e buscar ajuda caso for nescessário.

— Deku de merda, ferreiro de dezesseis anos, filho de Inko e Hisashi Midoriya, com o sonho de criança de ser um soldado igual o pai. Atualmente trabalhando em segredo para o rei e se encontrando com um príncipe do palácio — os olhos do esverdeado se arregalaram em espanto, não possuía palavras, como sabia tantas coisas sobre si? até às mais intimas.

O loiro permanecia de pé, usando uma capa seca com capuz de tom vermelho escuro que roçava o chão, seu torso era parcialmente coberto por uma pequena camisa verde-água, e seu cabelo espetado cobria um de seus olhos, deixando apenas o outro a mostra, refletindo o brilho do fogo da vela no vermelho.

— Como sabe dessas coisas?! — a pergunta veio do bicolor, ele parecia mais calmo do que o ferreiro, que quase não se amedrontava, porém aquele de olhos carmim conseguiu lhe causar isso.

Bakugou não se dispôs a responder, apenas sorriu demonstrando alto confiança e soberania para com eles. Estava diferente, mais despojado e espontâneo, como se fosse uma pessoa normal conversando com dois amigos, enquanto escondia as mãos nos bolsos.

O Midoriya estava farto disso, farto dele sempre estar tão a frente de si que nem mesmo o considera uma ameaça, por este motivo não esperou mais, avançado para cima dele afim de acerta-lo.

Com um soco tentou ferir o outro, que esquivou antes do golpe chegar. Enquanto o meio ruivo apenas assistia tudo, querendo ajudar, mas sabia que se interferisse só irá atrapalhar.

Percebendo que errou voltou-se ao outro com o punho fechado e destreza no olhar, afim de uma segunda chance de o golpear, porém Katsuki foi rápido e desviou novamente, o fazendo tropeçar e cair ao chão, logo sendo imobilizado por ele.

— Imbecil!! Não vim aqui para isso! Então pare com....... — antes mesmo de terminar a frase um punho cerrado acertou seu rosto, o fazendo soltar o outro e cair para o lado.

Ao olhar para quem o pegou desprevenido viu o Todoroki já ajudando o esverdeado a levantar, em seguida se ergueu o mais rápido possível, com os olhos fervendo de raiva.

Então quer dizer que o principezinho aprendeu a bater.

— Desculpa, mas não irei deixa-lo sozinho! — disse o meio ruivo para o ferreiro, se pondo na defensiva assim como os demais.

Logo quando levantou Izuku não deu trégua, sacou sua espada partindo outra vez para cima do de olhos vermelhos, que se concentrava apenas em desviar dos golpes. Como se fosse em câmera lenta, o loiro viu ele com fúria bradar a espada para si, que não teve outra escolha a não ser desembainhar a sua também para se proteger.

Ainda em câmera lenta algo saiu da espada do ferreiro, eram pequenos raios de energia da cor verde. Que fez com que quando a espada One For All se chocasse com a de Katsuki, emitisse uma forte onda de poder que partiu a espada do criminoso em pequenos pedaçinhos, e lançou os três garotos para cantos diferentes do porão.

Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora