O ferreiro sentindo pouco a pouco a volta de seus sentidos abriu vagarosamente os olhos embaçados. Sentindo seu estômago revirar em enjôo enquanto dois rostos desfocados pareciam felizes em vê-lo bem, abanando sua face e dizendo seu nome.
Tentou falar algo porém sua voz não saiu, tendo que virar-se rapidamente ao sentir a ânsia de seu estômago subir, vomitando no chão tudo o que lhe embrulhava, tossindo freneticamente após o ato.
Ainda se recuperando e atordoado notou que estava em sua cama, e as pessoas preocupadas consigo que o chamavam eram sua mãe e Asui. Sentado no leito resmungou enquanto esfregava os olhos, sentindo o gosto amargo em sua boca.
— Aqui filho! Beba — estendeu um copo d'água para o garoto palido, que com um pouco de pressa o agarrou levando-o para os lábios.
— Deku, saiba que você nos deu um tremendo susto!! — reclamou a jovem, sentando-se em uma cadeira.
Acabando com o copo o Midoriya olhou para a mesma.
— Desculpem, eu não devia ter ido atrás daquelas pessoas — disse passando as mãos nos cabelos ondulados, com a respiração acelerando ao se lembrar do que viu.
— Não devia mesmo! Você sabe que não suporta ver!! Sorte que estávamos por perto e vimos quando desmaiou. Não faça isso novamente! Estou muito velha para suportar tamanha aflição!! — falou, pegando novamente o copo das mãos do filho.
— Eu... eu tenho que ir para a ferraria — com um salto desajeitado o esverdeado tentou se levantar, quase indo ao chão pela tontura e desequilíbrio por fraqueza de suas pernas.
— Calma! Você não vai a lugar nenhum!! Não está vendo seu estado?! Deixa que eu vou e pego suas coisas! — disse a padeira, levantando-se rapidamente e segurando-o antes que o outro caísse.
Sim ele sabia que estava mal, e por isso mesmo tinha que se retirar daquela casa, e respirar um pouco sozinho tendo seu tempo para pensar.
— Não, eu vou. Preciso separar o que realmente é importante para mim, e o que não é — precisava urgentemente fazer isso.
— Mas Deku!.... — a frase garota foi cortada pela mais velha.
— Não Asui, deixe-o ir. Quando ele bota algo na cabeça nem adianta contrariar — Izuku gentilmente lança um olhar de agradecimento para a senhora Midoriya — mas não se tarde em retornar! Ou mandarei Asui para lhe trazer de volta.
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O sol estava se pondo e o de sardas saiu de sua casa apressado, mesmo sentindo suas pernas trêmulas e sua cabeça atordoada queria ficar sozinho. Ele só não sabia que uma garota loira o havia avistado de longe, e empolgada começou a segui-lo disfarçadamente.
Ela não tinha autorização para ficar fora do acampamento após o por do sol, porém não voltará, não agora que finalmente encontrou seu fofo Deku. Seguindo seu plebeu em um fim de tarde as escondidas, desobedecendo tudo e a todos por paixão, que romântica era.
Seguindo-o viu ele entrar em algo que parecia uma loja ou algo do tipo, avistou a placa acima da porta "ferraria Midoriya". Então é aqui que ele trabalha? Aqueles músculos bonitos e mãos firmes só poderiam ser de um ferreiro.
Sem notar a Himiko, que por seu pequeno corpo teve se por nas pontas dos pés para alcançar a janela do estabelecimento para o admirar, o Midoriya jogou-se em um canto qualquer da ferraria cobrindo o rosto com as mãos, deixando as lágrimas tomarem conta de sua face.
— Ele está chorando? Oh que adorável! — sussurrou a mesma sorrindo, com seu olhar pontiagudo vidrado no jovem.
O ferreiro limpava o rosto o quanto podia, entretanto era inútil, quanto mais as secava mais lágrimas surgiam. Como apagar as cenas sujas de duas pessoas morrendo carbonizadas a sua frente? enquanto outras festejavam o acontecimento.
Poderia ser ele alí.
Soluçava com o rosto vermelho pedindo para que alguém o viesse livrar desse sofrimento, sentia-se sozinho com sua angústia, vagando pela perturbação que era sua vida.
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O sol já havia sumido no horizonte, havia ficado espreitando o Midoriya por tanto tempo assim? Seja como for, olha-lo de longe já não era o suficiente para a de olhos amarelos, precisava adentrar naquele estabelecimento.
Saiu da janela pronta para tocar na maçaneta da porta quando notou alguém vir na direção da ferraria. Maldição, porque justo agora?
Teve que esconder-se novamente.
O esverdeado tentava conter seu choro limpando o nariz com um lenço, com certeza quando chegasse em casa sua amiga e mãe iriam o bombardear de perguntas por causa de seu rosto vermelho e inchado.
Encontrava-se para se levantar do chão quando ouviu a maçaneta da porta abrir junto do barulho do sininho acima da mesma, logo levantando a cabeça para ver quem estava alí.
Toga colocou novamente os olhos na janela para ver quem a privou de falar com seu Deku, e viu essa pessoa usando uma capa entrar. No início causando um olhar de espanto no Izuku, entretanto este olhar logo mudou para um sorriso que nasceu em meio a lágrimas, enquanto o mesmo se lançava nos braços do outro, o enrolando em um abraço apertado cheio de saudades.
— Midoriya você está chorando?! O que ouve?!! — perguntou assustado, pois em seus planos esse deveria ser um encontro alegre.
Porém o Midoriya não o respondeu, apenas soluçando contra o abraço do outro procurando seu tão sonhado conforto, para amenizar o desespero, insegurança e medo que sentia naquele momento.
A loira não gostava nada do que estava vendo. Quem era essa pessoa que estava tão próxima de seu fofo Deku? O abraçando tão intimamente? Foi aí que suas dúvidas cessaram ao vê-lo retirar o capuz da capa, revelando seus cabelos de duas cores e seus olhos mestiços.
O príncipe? O que ele está fazendo aqui?
O Todoroki mesmo sem saber o motivo das lágrimas do outro o embalou, deixando-o aconchegar-se em si como um bebê. O abraçado com segurança enquanto seu queixo pousava na cabeça do outro, coisa fácil pela diferente estatura.
Sem ninguém notar outra pessoa havia se aproximado da ferraria, sendo sua presença notada apenas quando girou a maçaneta acompanhada com o badalar dos sinos, chamando a atenção tanto de ambos os garotos tanto da espiã na janela.
— Eae seus merdas! — todos se surpreenderam em vê-lo alí, Katsuki? porém quem mais se intrigava era a garota, que não sabia nem que este sujeito estava ainda perto de Musutafu.
O que está acontecendo aqui? Essa era a pergunta de sua cabeça.
— Deku! O que aconteceu?! Algum otario fez algo com você?!! Diga-me quem foi que eu.... — Ao ver o estado de um de seus parceiros sentiu sua raiva gritar, enquanto andava na direção dos outros com passos ferventes.
Entretanto ele logo parou seu discurso de furia ao sentir sua cintura sendo circulada por uma das mãos do esverdeado, com um pouco de desespero unindo ele aos outros, em seguida sentindo passar por seus ombros um dos braços do meio albino.
Sim, agora sim Izuku poderá acalmar-se, sentindo o aconchego daqueles que amava junto de seu corpo, enquanto suspirava naquele ambiente que cheirava a eles. Sentia-se calmo, sentia-se completo, como se toda sua solidão houvesse se dissipado com a chegada deles.
O mundo só tinha sentido quando estava ao lado dos mesmos, percebeu isso durante os últimos dias que haviam sido torturantes, necessitava deles com urgência para ter seu refrigério seu alívio.
Com o rosto vermelho olhou para cima, afim de alcançar o rosto de seus parceiros que não fizeram perguntas ou afirmações, apenas fizeram o que suas almas almejavam. Sentir uns aos outros, que com os olhos cerrados se inclinaram até que os três lábios entre-abertos se tocassem com desejo, em pequeno beijos repetitivos.
A Himiko quase soltou um grito ao ver a cena. O que significa isso? Não podia acreditar no que seus olhos viam, gostaria de entrar naquele lugar e matar os três. Como Deku teve coragem de fazer algo assim? Ela se adornou toda para encontrá-lo e ele a trocou po-por.... Por homens.
Isso é sujo, é nojento. A de olhos amarelos agora sente ânsia ao olhar para o rosto de Deku, virando para não mirá-lo mais, isso não pode ficar assim, é asqueroso.
Precisava fazer algo.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.