Uma densa poeira cobriu todo o porão em que estavam quase os asfixiado naquele local fechado, alguns caixotes e coisas do porão que estavam perto da onde a explosão de poder aconteceu também voaram, a ponto de quebrarem ao bater nas paredes.
Bakugou tossia tentando tirar a terra da garganta, quando viu a espada que havia causado este infortúnio jogada no meio do porão, e se levantou rapidamente para pegá-la pois a sua foi dissipada.
Segurou a espada vendo a poeira descer aos poucos, revelando o ferreiro no chão em outro canto do porão. Rolando de dor com sua mão direita roxa e inchada, como se a qualquer momento fosse explodir.
Deu alguns passos em direção a ele, mas parou quando escutou um brado rouco vindo de trás de si.
— Fique longe!!! — o loiro virou-se rapidamente, vendo o príncipe correr para si segurando sua espada.
Que patético, achando que pode impedi-lo.
Com dois golpes conseguiu lançar a espada do meio albino para longe derrubando-a do outro lado do porão, logo segurando o Midoriya pela gola o forçando a ficar de pé, para colocar sua espada contra o pescoço dele. Quase quis rir da tentativa falha do outro de salva-lo.
— Vamos acabar logo com essa merda! — segurando o esverdeado a sua frente com seus corpos colados, mantia a espada contra ele, fazendo o Todoroki erguer as mãos em sinal de rendimento, enquanto dava alguns passos para trás com o rosto sério.
Mesmo sabendo lutar o de sardas resolveu ficar parado, pois mesmo estando frio, suava de desespero com a lâmina contra seu pescoço. Chegou a até fechar os olhos para não ver a hora em que morreria.
O criminoso aproveitou a oportunidade para fugir. Carregando consigo seu refém andou vagarosamente para a saída, mas ainda não tirando os olhos do bicolor que fazia o mesmo consigo, e com um pequeno empurrão afastou Izuku antes de abrir o alçapão.
O ferreiro virou-se para Katsuki, vendo as gotas de chuva começarem a cair sobre ele e o vento gélido lá fora entrar pela pequena passagem, até que o criminoso estalou a língua e bufando lhe devolveu a One For All, jogando-a para si que a pegou usando a mão esquerda antes que ela caísse no chão.
A última visão que tiveram antes do alçapão ser fechado foi a do dono dos olhos vermelhos subindo a escada para fugir, Midoriya sabia que deveria ir atrás dele, deixar um criminoso fugir era errado.
Porém ele não quis, algo dentro dele o impediu, lá no fundo sentia-se grato por Bakugou ter escolhido não o matar.
Mas porque ele não o matou?
Afinal, qual foi a razão dele os ter trazido até aqui?
Tinha muitas dúvidas e gostaria de respostas, acreditava que há uma razão por trás de tudo, porém qual? Este garoto misterioso está atiçando cada vez mais a sua curiosidade.
Agora o meio ruivo e o esverdeado estavam sentados nos caixotes do porão, analisando suas espadas que pareciam intactas. Ainda não trocaram nenhuma palavra, então o silêncio engolia aquele local até Izuku quebra-lo.
— Senhor, obrigado por ter me protegido, foi muito nobre de sua parte — também foi muito estúpido e impulsivo, porém resolveu não falar esta parte por respeito para com o outro.
— Só fiz o que você teria feito por mim. Sua mão está melhor? — perguntou, eles haviam a enfaixado com pedaços panos que encontraram, mas ela ainda parecia horrível.
— Acho que posso aguentar até chegar em casa. Só não entendo o que foi aquela explosão e o porque de Katsuki nos ter trazido até aqui, no princípio achei que fosse uma armadilha para me matar, porém ele não o fez mesmo tendo a chance — quando o ferreiro colocava algo na cabeça ninguém conseguia tirar, talvez pensava demais. Tanto que nem ligava para a dor, apenas fazia algumas caretas de incomodo.
— Devemos ir para casa antes que fique tarde — o bicolor falou, já levantando-se e dando alguns passos, porém parou quando escutou um barulho de papel amassando, e notou que havia pisado em uma folha, logo se abaixando para pega-la.
Era um desenho bem infantil, rabiscado e mal feito, parecia ser bem antigo pelas condições da folha. As únicas coisas que eram visíveis alí eram as montanhas ao fundo, uma árvore e duas crianças com rostos sorridentes e desproporcionais, uma loira e outra de cabelos verdes.
— O que é isso? — perguntou o outro ainda sentado em seu caixote.
— É apenas um desenho de criança — deve ter caído de algum caixote. Entregou a folha suja, amarela, rasgada e com uma marca da sola do seu calçado para ele ver também.
Mas a expressão do Midoriya não pareceu nada comum ao vê-la, seus olhos cresceram e sua boca se entreabriu pelo impacto, o aspecto de seu rosto parecia recordar de algo. Se via ainda criança, correndo pela vila e pelas pequenas colinas, porém não estava sozinho havia outra criança brincando consigo.
Um garotinho loiro de olhos vermelhos.
Lembrava-se dele, assim como recordava do dia em que fizeram aquele desenho juntos sob a sombra de uma árvore, porém o que imaginava era impossível, será? não pode ser a mesma pessoa.
Reconhecia o garoto do desenho mesmo sendo mal feito, e tinha quase certeza de que a criança ao lado do loiro era ele. O príncipe percebeu seu repentino comportamento estranho e não exitou em perguntar.
— Está tudo bem? — o esverdeado não o respondeu, parecia em transe, com olhos assustados abaixou a folha logo se levantando do caixote.
— Senhor Todoroki, ajude-me aqui — foram até alguns lençóis que cobriam a maioria dos pertences dalí, e com o auxílio do meio albino retirou-os, levantando poeira de anos e revelando um sofá. E encima de uma cama infantil, brinquedos mofados juntavam teias de aranha.
Lembrava-se de tudo, daquele sofá, quando ainda estava na sala da casa acima deles, e de quanto brincava com muitos daqueles brinquedos, que agora se acabavam aos poucos com o passar do tempo.
Dentre os brinquedos retirou um boneco, ele era de tecido verde bem macio e algodão, parecia um coelho com olhos e orelhas grandes, porém além de estar coberto de poeira, havia alguns lugares que lhe faltava a maciez por ser antigo demais, lembrava de que o loiro não largava aquele bicho por nada.
Enquanto olhava os brinquedos, flashbacks passavam em sua cabeça. E Shoto o observava confuso, pois não sabia o que estava acontecendo.
— Por que esta cara?! — o outro perguntou, e Midoriya com o baque das recordações se senta, ainda segurando o boneco fofinho em sua mão, olhando fixamente para os olhos dele.
— Senhor Todoroki, quando eu era criança com aproximadamente meus seis anos de idade, uma família se mudou para Musutafu. Era uma família relativamente pequena, apenas um casal e seu filho — o bicolor não sabia aonde o outro queria chegar, então se assenta no caixote de frente a ele esperando pelo que seria dito.
— Toda vez que alguém com criança se mudava para perto eu ia visitar com a esperança de fazer novos amigos, e não foi diferente com ele, cheguei em sua casa e notei que ele já havia formado um grupinho de crianças — os contava como era sua casa na antigo reino em que morou, recebendo a atenção de todas as crianças que o rodeavam, enquanto ele com seu ego inflado se gabava segurando seu brinquedo verde.
Aquela família mesmo parecendo comum tinha suas peculiaridades. Pois poucas pessoas frequentavam sua casa, e ninguém sabia de onde eles vieram, ou o motivo de terem abandonado sua terra natal.
O meio albino franzia o senho, tentando entender o que o outro queria lhe falar.
— Acabei me encantando por suas histórias e me tornei um de seus seguidores, ele me fascinava, era como uma inspiração, sempre tão confiante. Eu o seguia para todos os lados tentando sempre chamar sua atenção, até que consegui, mas do jeito errado — foi aí que o loiro começou a tirar sarro de si, sempre se mostrando superior, e o humilhando na frente das outras crianças.
— Mesmo ele dizendo que não gostava de mim eu sabia que era mentira, pois mesmo sendo do jeito estressado dele, sempre me protegia e se preocupava comigo. Até que um dia o garoto simplesmente sumiu sem dar notícia assim como sua família, eu não lembro direito o que aconteceu — precisava descobrir, porém quando mais desvendava, o mistério por trás do loiro apenas aumentava.
Era como um poço, cujo não se enxerga fundo.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.