48_Jōnetsu

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Uma carruagem real passou esta manhã por todo o reino de Musutafu, gritando e tocando trombetas para conscientizar o povo de que o rei gostaria de falar com todos meio-dia, em frente ao castelo. E como já encontrava-se perto do horário, várias pessoas se acumulavam naquele local.

O sol escondia-se atrás do mar de nuvens brancas daquele dia nublado. Estava quase na hora, e desta vez All Might não tinha o apoio de seu mensageiro, pois o mesmo havia ido embora provavelmente noite passada, deixando apenas uma carta de despedida, mas isso não era de se estranhar, o jovem Kaminari era um estrangeiro e já sabia a algum tempo da falência do reino.

Deve ter ido procurar outro emprego, ou simplesmente voltado a sua terra natal.

Meio-dia em ponto, um vento gelado soprava e várias cornetas tocavam, avisando que o soberano apareceria, e assim fez, com o rosto entristecido mostrou-se de uma varanda do castelo, onde costumava ficar sempre que comunicava o povo a respeito de algo.

A forte névoa cobria Musutafu a deixando alva como uma noiva, e a grande multidão enchia os arredores do castelo. E não esperava menos, afinal o reino inteiro estava alí o esperando falar, olhando para cima, curiosos para saberem o que seria dito.

O rei passou sua visão por todos naquele local desde os mais ricos os até os mais necessitados com um nó formado em sua garganta perguntava-se como daria uma notícia tão maldita engoliu seco lembrando-se do quanto lutou para que isso não acontecesse

— Povo de Musutafu!!! Estou aqui de coração partido para dar-lhes uma notícia nada agradável. Quero que saibam que pelejei o quanto pude para que este dia lamentável nunca chegasse!!! — bradou em alta voz para que todos o ouvissem claramente, vendo os rostos abismados de seus súditos se perguntando que notícia será essa.

Respirou fundo, sentindo o ar gélido daquele dia triste antes de continuar.

— Acho que a maioria de vocês já perceberam que as coisas em nosso reino não andam bem. Ninguém quer mais nenhum tipo de parceria conosco, não gosto de ter que dar esta notícia, mas tenho que ser forte, assim como vocês!!! — não adianta fugir, agora é o momento do loiro aceitar sua derrota e ter que admitir que falhou como rei na frente dos seus.

O povo já encontrava-se assustado só de ver a angustia nas palavras do soberano.

— Nosso reino está em ruínas!!! Estamos caminhando rumo a uma terrível falência, e não posso fazer nada para impedir. Por isso lamento e peço perdão a todos vocês, não mereço ser chamado de vossa majestade!!! — levou sua mão até a coroa em sua cabeça a retirando, com tristeza abaixando a cabeça afim de cobrir seu rosto.

Toda a multidão começou a falar entre si aflita, dando uma grande variedade de vozes humanas misturadas.

Logo estas falas se transformaram em gritos de pessoas indignadas para com o rei, "o que será de nós agora?!!" Uns falavam, outros diziam "como iremos alimentar nossas famílias?!!" ou "vamos morrer durante o inverno".

All Might não aguentando ver o desespero deles se retirou para dentro do castelo, deixando sua coroa para trás.

Sua honra assim como seu sorriso não era mais existente.

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Aos poucos as pessoas na frente do castelo iam se acalmando e circulando de volta pra suas casas, com cada família decepcionada pensando no que fazer de suas vidas daqui para frente.

Porém alguém parecia inerte diante todos estes problemas, um príncipe de cabelos meio ruivos andava desfocado pelos corredores do castelo, sentia-se desconectado do mundo ao seu redor, com apenas seus pensamentos a acompanhá-lo.

Não sabia se pensava coisas coisas boas ou ruins, sabia das consequências, mas seu coração não tirava a atenção "dele". Passou a noite toda se concentrando para esquecer do acidente, porém a cabeça teimosa que possuía se recusava a deixar para lá.

O livro sagrado proibia este tipo de coisa, deixava bem claro o quão santo era a união entre um homem e uma mulher, qualquer atitude fora deste conceito era inaceitável.

Mas estava aéreo demais, nunca sentiu-se assim, nem por Catherine. Era algo novo, e como qualquer pessoa curiosa, gostaria de explorar e saber até onde este sentimento iria levá-lo.

Encontrava-se tão enérgico que parecia que a qualquer momento iria sair correndo pelo castelo só para deixar um pouco da euforia sair. Até seus familiares perceberam algo de diferente em si.

Sua cabeça estava a mil, com a parte emocional de seu cérebro travando uma guerra com a racional. Não sabia ao certo o que pensar, sentia-se andando sobre as nuvens do céu nublado daquele dia. Será?...... não, não pode ser.

É errado! É impuro! Isso é pecado!!!

Mas ao mesmo tempo....... será que o que sente por ele, é paixão?

Ter amor por alguém do mesmo sexo é tratado como mais grave do que roubar.

Não era bobo, mesmo sendo a primeira vez, sabia muito bem o que sentia. Porém porque seu coração resolveu ser tão cruel consigo a ponto de traí-lo desta maneira? Ele não poderia ter escolhido qualquer outra pessoa? Maldita hora que resolveu sair do castelo pela primeira vez, só para dar de cara com o ferreiro.

E se Izuku descobrisse, qual seria sua reação? Nojo talvez? Não conseguia ver um futuro onde ela seria boa. E se a igreja soubesse? Seria uma catástrofe, iriam manda-lo para a fogueira sem nem almenos um julgamento.

A única opção que restou é manter este sentimento consigo, escondido no secreto até ele se esvair aos poucos e desaparecer. Não pode deixar ninguém descobri-lo ou sequer suspeitar que ele exista.

E torcer para que ele suma ao invés de crescer.

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No final da tarde gotas de chuva começavam a cair, mas o esverdeado não se protegerá dela em casa como os outros faziam, ele irá até o endereço marcado por Bakugou, quer acabar de vez com isso.

Não sabe o porquê, mas sente uma imensa curiosidade para com o loiro. Afinal, por que ele está fazendo isso? Deve haver uma razão, o que ele quer consigo? E por que escolheu a ele para esse jogo com bilhetes? Pensava nisso enquanto continuava a caminhar, depressa por conta da chuva.

Parou ao ficar de frente a casa marcada, era uma residência de madeira significativamente grande. Com o chuvisco caindo sobre ela passou a mão pelo vidro da janela embaçada. Buscava ver algo, porém nada enxergava além do breu.

Reparou em uma senhora, provavelmente vizinha da casa, correr para a residência ao lado para se proteger do vento frio e da chuva que aumentava, a abordou dando-lhe um pequeno susto.

— Com licença senhora, por acaso moras aqui?! — a mulher de idade balançou a cabeça positivamente, agasalhando-se em suas roupas enquanto dava atenção para si.

— Se não for incomodar, eu queria saber se tu conhece o morador desta casa — apontou para a casa ao lado com pressa, pois a senhora tremia de frio e não gostaria que ela pegasse um resfriado por sua causa.


— Oh! Sim, ela está desocupada atualmente, porém quem morava aí eram os Uraraka. Não sei se os conhece, se mudaram pois a filha deles foi acusada de bruxaria — ela respondeu já na porta de casa, o Midoriya sabia que ela queria entrar afim de se aquecer, então apenas agradeceu e deixou-a ir.

Faz apenas um mês que a garota bruxa foi levada a estaca, então não faz muito tempo que a casa está desabrigada. E se não há ninguém na residência não irão se importar se ele resolver entrar.

Foi até a porta e girou a maçaneta que pensava estar trancada, mas para sua surpresa encontrava-se aberta. O trinco dela estava torto, como se alguém tivesse usado força bruta para destrancar.

Com receio foi para dentro, pingando água e olhando para todos os lados, pois sentia que não estava sozinho.

Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora