Com a ponta do nariz gelida e avermelhada, o príncipe tentava se esquentar com seu casaco enquanto voltava para casa com as pernas rígidas, o corpo frio, um grande nó na garganta e a culpa que o consumia.
Estava na metade do caminho, porém parecia uma eternidade.
Porquê tinha feito aquilo? Era um grande imbecil. Tinha a amizade dele, e agora se a igreja descobrir estará perdido.
De onde ele pôde ter tirado este conto de fadas, onde ele iria simplesmente se declarar para o Midoriya e ficar tudo bem? Com certeza o esverdeado nunca irá querer vê-lo novamente.
Já um pouco mais atrás, o ferreiro corria pelas ruas desertas e vazias da vila atrás de alcançar o meio albino. O único som humano percebido naquela hora da noite eram seus passos ecoados, e sua respiração que por causa do frio criava um vapor esbranquiçado.
Mas não ligava para vento gelado que tomava conta do lado de fora da ferraria, pois seu corpo que corria o mais rápido possível se mantia aquecido com o exercício.
Ouvindo barulho de passos rápidos, o Todoroki olha para trás e para assustado, ao ver que o outro corria em plenos pulmões pelas ruas escuras para chegar até si. Por um instante sentiu seu coração gelado se apertar.
Não sabia o que o aguardava quando o outro chegasse, porém não exitou, e permaneceu no mesmo lugar sob a luz da lua a espera dele.
— O-o que....! — tentou perguntar para Izuku o motivo dele ter ido atrás dele, porém foi surpreendido com o mesmo agarrado-o, e em seguida selando seus lábios com os dele.
Seus corpos se chocaram com o impacto assim como suas bocas, o bicolor mesmo não entendendo o que acontecia gostou do ato do outro, já imaginando várias hipóteses do porquê dele ter vindo atrás de si.
Mas a verdade é que nem mesmo o ferreiro sabia o que estava fazendo, e onde estava se metendo. Apenas se entregou ao momento e as suas emoções, fazendo o outro fechar os olhos para também desfrutar da situação.
Sabiam que estavam errados, porém a sensação era ótima. Sentiam seus corpos se esquentarem em meio ao frio, com seus corações batendo aceleradamente, era gratificante, sentiam-se vivos.
Seus lábios se moviam ao contrário de suas mentes que se mantinham em branco, para apenas se concentrar no beijo e não estragar o momento. E assim com a mão esquerda passando nas costas de Shoto, moveu a língua para os lábios do outro pedindo passagem para entrar.
Passagem que foi cedida sem muito esforço, mas quando as duas línguas se tocaram o Midoriya sentiu um arrepio percorrendo pelo seu corpo, que o fez afastar-se do outro, virando a cabeça para o lado, não querendo o encarar.
Estava assustado, afobado e fortemente corado, e sabia que não era por culpa do clima gelado. Havia agido pelo instinto.
— Eu n-n-não posso deixar o senhor ir assim!! somos amigos! — aquilo não era realmente o que queria falar, porém suas palavras faltavam, e não conseguia raciocinar o suficiente para as administrar de forma correta.
Aquilo só poderia ser um sonho, sim o meio ruivo só poderia estar delirando em sua própria imaginação.
— S-sei que este não é o melhor momento, mas eu preciso de sua ajuda, não vou conseguir sem o senhor — ainda com o rosto virado estendeu ao outro a carta de Bakugou. Que falava claramente para os dois irem encontrá-lo na antiga casa dos Uraraka antes do nascer do sol, caso contrário uma certa padeira sofreria as consequências.
— Por favor, vem comigo. Ela é minha amiga! E eu não deixarei nada acontecer contigo — estendeu a mão esquerda para o príncipe, pois Katsuki deixou claro de que queria a presença dos dois.
Aquilo não era um sonho, pois tudo ainda estava conturbado demais, mas o Todoroki estava feliz por o outro ainda estar ao seu lado.
— Não necessita de pedir novamente, eu irei, afinal somos amigos — ou talvez esteja mais feliz por ele estar correspondendo seus sentimentos.
E assim os dois garotos com as mãos dadas corriam até a casa citada no bilhete, perguntando-se pala si mesmos o que estavam fazendo de suas vidas.
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Chegando lá escancararam a porta sem cerimônia, fazendo um alto ruído ecoar por toda a casa sem se importar, pois uma amiga precisava de ajuda. E assim entraram na sala da casa, o vento fechou a porta atrás deles causando outro estrondo.
Logo viram alí o loiro do outro lado da sala escorado na parede, brincando com sua espada nova entediado pela espera. E ao lado dele Asui, que atada a uma cadeira encontrava-se desacordada, com os olhos fechados e a cabeça tombada para o lado.
— Seu monstro miserável!!! O que você fez com ela?!! — bradou o esverdeado, não se importando com nada sobre eles já terem sido amigos de infância ou não.
— Morde a língua antes de aumentar a voz pra mim Deku de merda!! A garota está bem por enquanto, só a fiz tomar algo para se acalmar — Izuku e o meio ruivo não sabiam o que fazer, pois qualquer movimento não pensado poderia custar a vida de Tsuyu, por isso resolveram se acalmar e tentar resolver aquilo com um diálogo.
— Diga, quanto quer para solta-la? — falou o bicolor mantendo a calma perante a situação, porém o que recebeu em troca foram risadas, grandes gargalhadas vindas do criminoso.
— Pensa que é por dinheiro que estou aqui?! Não meio a meio, não é isso que desejo — disse ele, tirando as costas da parede para dar alguns passos para frente, ficando atrás da cadeira da garota.
Assim também tirando o ferreiro do sério. Por que suas palavras tinham que ser sempre tão vagas e misteriosas?
— Então diga-nos o que quer!! Fale de uma vez!!! — o Midoriya estava alterado, o que não era bom na atual ocasião.
— Por que precisa sempre das coisas totalmente mastigadas para entender?! Você sempre foi lento e burro demais!!! Eu não entendo como ainda gostava de você!! — seu olhar mudou enquanto falava, ficando menos zangado e mais triste e decepcionado.
E não apenas ele, o esverdeado também ficou com um ar entristecido de repente.
— Isso não é verdade, eu me lembro bem.... — foi cortado por Bakugou, que gritava em alta voz, novamente irritado com tudo e todos.
— Pare de contar mentiras!!! Seu desgraçado você não lembra!! Você não lembra de nada!!! Nem de mim!! Nem de nós!! — falou ele totalmente descontrolado, apontando sua espada para o pescoço de Asui.
Precisavam acalma-lo logo, ou ele poderia ferir a jovem. Por isso Izuku amansou mais a voz, afim de poupar a garota.
— Sim, claro que lembro! Lembro de tudo! Das brincadeiras, dos dias em que ia dormir em sua casa, de nós dois subindo árvores e pescando peixes no lago, recordo-me de tudo! — tentava deixá-lo mais sereno, mas o outro não baixava a guarda.
— Isso não quer dizer nada!! Quero uma prova real!! — assim que falou o loiro agarrou os cabelos lisos da padeira, os puxando para trás, obrigando ela a deixar seu pescoço bem à mostra.
— Dez!... nove.... oito.... — erguendo a espada para cima ainda a mirando para a garota começou a contar, segurando seus cabelos para trás com a mão livre.
Iria mata-la.
—Espera Katsuki!! Não Fassa isso! — suplicou Shoto, sem sucesso algum.
— Sete.... seis.... - continuava a contar.
— Bakugou!!! Por favor deixe ela em paz!! Eu lhe imploro Bakugou!!! — o ferreiro estava tão desesperado que se ajoelhou perante o criminoso, clamando para que não fizesse mal a sua amiga.
— Cinco.... quatro.... — continuava sua contagem sem expressão alguma no rosto.
— Bakugou pare!!! Bakugou!!! — não conseguia mais aguentar, suas lágrimas saiam de seus olhos, sua amiga morrerá na sua frente.
— Três...
— Kacchan!!!
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.