O loiro estava levando duas tigelas do ensopado que fora preparado para os outros em sua tenda, entrando lá se deparou com ambos já acordados sentados cada um em um local, presos em seus próprios pensamentos.
— Eu.... trouxe comida — ninguém parecia tê-lo ouvido, pois continuaram petrificados na mesma posição de antes.
Bakugou sem saber como agir colocou as tigelas em frente a cada um esperando alguma reação. Mesmo ambos vendo-o apenas o olharam por poucos segundos, pois em seguida se perderam de novo em suas lembranças ignorando completamente a comida.
O de olhos vermelhos suspirou impaciente, não queria que sua relação com os demais fosse dessa forma daqui para frente, e precisava fazer algo se quisesse mudar isso.
— Venham! Vamos para um lugar — chamou o mesmo, dando as costas para se retirar quando notou que ninguém vinha atrás de si.
Olhou para trás com um rosto um pouco furioso, vendo o príncipe olhando para si, e o ferreiro com a cabeça baixa e os olhos marejados.
— Bakugou, não estamos com vontade da sair — disse para o outro, que permaneceu com a mesma expressão de braveza.
— Eu não perguntei se estavam ou não, eu disse que vamos! — respondeu parecendo seco em suas palavras, porém estava preocupado com seus parceiros, e permanecer naquela tenda dia e noite não os ajudaria em nada.
Saíram da tenda seguindo Katsuki a pé e sem ânimo algum, permanecendo em silêncio o percurso inteiro, que não foi longo já que ele os levou apenas um pouco para fora do acampamento, era o local onde podiam avistar toda a vila de longe.
O sol estava se pondo atrás das montanhas de Musutafu, causando uma visão linda daquele reino abandonado a beira da morte, e pensar que a essa hora ambos os três garotos poderiam estar mortos por causa dele.
— Muitos partiram de lá após o que aconteceu ontem, incluindo suas famílias — falou, pois um pouco mais cedo Mina e Kaminari foram escondidos averiguar como estava o reino e viram tudo.
O Todoroki olhava para o horizonte com os olhos cheios, talvez nunca mais veja seus parentes, no entanto desejava do fundo da alma que eles fossem felizes, e pedia perdão por tanto transtorno que lhe fizera passar.
Ainda podia ouvir os gritos desesperados de sua mãe a chamar seu nome, o olhar triste de seu pai que sonhava com um futuro melhor para seu reino e família, e a face assustada de seus irmãos vendo ele ser levado para morrer. Isso esmagava seu coração por completo.
Algumas lágrimas não puderam ser sustentadas pelo Midoriya que abaixou sua cabeça para seca-las com o punho, no final acabou deixando sua mãe sozinha e sentia-se um péssimo filho por isso.
Entretanto o que mais lhe machucava era ter sido rejeitado e mandado para a fogueira por aqueles que chamava de amigos, até Asui o abandonou. E sua mãe não demonstrou piedade de si em nenhum momento, pelo contrário, ainda podia sentir a palma da mais velha esbofeteando sua face com força enquanto gritava "sujo."
— Não chorem! Sei que o desfecho que tiveram com seus familiares não foi nada agradável, mas não lembrem deles com estas memórias merdas! e sim dos momentos felizes que tiveram juntos — quando o de cabelos espetados pensava em sua família as imagens que vinha em sua cabeça era de quando brincavam juntos, ou iam pescar, ou quando sua mãe lhe preparava coisas gostosas para comer.
O meio ruivo sorriu pequeno ao recordar de quando sua mãe começou a lhe abraçar e fazer parte novamente da família, e de como seu pai amadureceu valorizando mais os outros a sua volta e amolecendo aquele coração de pedra, todos tinham seus defeitos, porém gostaria de se lembrar deles com carinho.
— Tem razão, eu tenho uma boa família que amo — disse se sentando em uma pedra ainda olhando para o horizonte, no entanto não era mais com tristeza.
Saudades sempre sentirá, a não ser que talvez o destino ainda esteja preparado seu reencontro.
O esverdeado também começou a se recordar de todos seus amigos que estavam ao seu lado sempre que precisava, Asui nunca o deixou fazendo parte de sua vida dês de criança. E de sua mãe que o abraçava quando sentia frio, acariciava seus cabelos com amor e doçura, sempre se preocupando com seu amado filho.
Não importa se ela deixou de ama-lo ou não, ele sempre a amará não importa as circunstâncias, e é desta mulher meiga que ele deseja se lembrar.
— Eu... Eu te amo muito mãe!! — secou o rosto sentando-se perto do bicolor, logo sendo seguido por Bakugou.
— Acho bom mesmo, já não aguentava mais vocês se lastimando! — disse o de olhos vermelhos parecendo um tanto frio para outros, mas os dois alí presentes sabiam que aquele era o jeito dele de dizer que estava contente de os ver melhor.
Ele era realmente uma caixinha de surpresas.
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Duas semanas foram o suficiente para todas as pessoas do reino irem embora, pois todo dia alguém ia até lá averiguar se eles ainda estavam alí. A neve que cobria o chão agora não passava de grandes poças d'água que faziam barulho ao passar por elas.
As folhas nas árvores começaram a reaparecer junto dos pássaros no céu e os animais, trazendo um pouco mais de vida ao redor. O inverno havia chegado ao fim, trazendo espaço para o brilho primaveril.
Migravam novamente para a cabana carregando o que ainda era útil do acampamento com sorrisos e alegria, pois as feridas externas de todos haviam se curado. As cicatrizes do coração eram mais difíceis, no entanto não esconderam seus sonhos e sorrisos.
A princesa havia demorado um pouco para se recuperar da morte de seu cavalo, entretanto estava feliz pelo carinho de seus amigos, que lhe prepararam uma surpresa trazendo para si um potro rejeitado para ela cuidar. O pequeno animal agora pulava contente nas poças de lama, saltitante durante todo o percurso com sua crina negra e pelagem marrom avermelhada.
- Ghoscer! por aqui! - chamou, vendo o filhote que se distanciava dar meia volta alegremente, para ficar próximo a sua dona.
A mesma havia também reatado a intimidade que tinha antes com o meio albino, conversando sobre tudo o que viviam no presente e seus sonhos para o futuro juntos. Causando as vezes até algumas divertidas pontadas de ciúmes em Katsuki.
Izuku também aos poucos se adaptava em seu novo lar, fazendo novos amigos que o aceitavam da forma que era, e podendo ficar com seus parceiros sem a necessidade de se esconder.
Todos tinham suas cicatrizes pois a vida lhes causaram isso, ao contrário dos contos de fadas onde tudo terminava perfeito, porém estavam juntos e vivos e isso já era o bastante para correrem atrás de sua felicidade.
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(Estamos quase no fim da história, o próximo capítulo será o último. Até lá)
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.