Ainda em sua casa, depois do soldado ter se retirado, o ferreiro volta para seu quarto não conseguindo tirar o príncipe da cabeça. O que aconteceu foi tão improvável, nunca imaginou que ele teria estes tipos de sentimentos por si.
Os raios cortavam o céu escuro enquanto os trovões e a tempestade estremecem as casas. O Midoriya nunca pensou no outro dessa forma, quando olhava para ele só via um bom amigo.
Porém após aquela declaração sentiu que não poderia continuar assim, mas não sabia qual caminho tomar.
Afinal o que era o certo a se fazer?
Gostava dele, então não queria vê-lo sofrer, assim como não desejava se afastar do mesmo, porém seria errado mentir para si mesmo e fingir que nada aconteceu. Precisa falar com ele.
Um trovão bradou altamente no céu que chegou até a assustar o esverdeado, parecia até irado consigo, o repreendendo por não ir de uma vez falar tudo a igreja para eles punirem o Todoroki da maneira correta.
Mas não podia, pois estava indo pelo mesmo caminho que ele, tinha medo de já estar amando sem querer. Bagunçava os cabelos ondulados, perguntando-se por que tudo tinha que ser tão complicado.
Por isso precisava falar com o meio ruivo e esclarecer todos seus sentimentos, seja lá qual forem.
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Durante a noite, Shoto andava até a ferraria, ansiando encontrar lá Izuku e receber sua resposta. A tempestade havia cessado, porém o lamaçal encontrava-se denso, afundando a sola de seus pés no chão a cada passo que dava.
Chegando lá entristeceu-se ao ver as luzes quentes do estabelecimento apagadas, deveria saber que ele não viria trabalhar hoje por conta da chuva, mas seu coração que almejava vê-lo o mais cedo possível o enganou, mentindo para si, dizendo que o outro estaria aqui a lhe esperar.
O vento frio estava mais forte do que nunca, soprando alto em seus ouvidos e balançando loucamente qualquer lençol ou planta que estivesse em seu caminho. Sem mais fé o bicolor virou as costas para a ferraria, decepcionado consigo mesmo.
Mas foi parado por alguém que havia acabado de chegar alí, essa pessoa o chamou, e não era ninguém mais se não o ferreiro.
— Ei senhor Todoroki, não quer entrar? Está frio aqui — ele não poderia estar mais fofo, com um sorriso gentil carregando uma lamparina, roupas de inverno e cabelos voando freneticamente junto ao vento.
Mas enquanto se aproximava ao olha-lo destrancar a ferraria seu coração pulou de ansiedade, será agora o momento em que conseguirá falar com ele sobre este assunto tão delicado?
— Pensei que não viria trabalhar hoje — retirou suas botas sujas junto do outro, as colocando na beira da porta antes de entrar no estacionamento, e abandonar a ventania que lhe causava arrepios.
— E não vim, estou aqui porque imaginei que o senhor viria me procurar. Precisamos conversar — este precisamos conversar saiu mais sério do que o esperado, deixando o meio albino nervoso pela resposta do outro.
O local não era tão quente e aconchegante quanto ele lembrava, pelo contrário estava escuro e frio lá dentro, porém conforme o Midoriya ascendia as lâmpadas nas paredes usando a chama da lamparina que carregava, esta escuridão diminuía, e pouco a pouco tudo tomava forma e cor perante seus olhos.
O esverdeado encontrava-se nervoso e com as mãos suadas, não sabia como iniciar aquele diálogo. Assim terminou de ascender a última luz, sentando-se atrás do balcão passou as mãos pelo rosto ao ver o outro se aproximar, tão assustado com a situação quando a si mesmo.
Com o de olhos mestiços a sua frente tinha que começar a dizer.
— Creio que saiba sobre o que quero falar, não podemos simplesmente ignorar o....o-o que aconteceu — o príncipe balançou a cabeça a concordar, realmente isso tinha que ser resolvido, mesmo que a resposta de Izuku não seja a que ele queira.
Tinha medo de seu destino.
— Por favor, me diga que aquilo foi apenas um sonho e que eu não estou discernindo direito! — o ferreiro encontrava-se mais aterrorizado do que o normal, bater de frente com um feroz animal selvagem era bem menos complicado do que arcar com seus próprios sentimentos.
— Midoriya, eu realmente o amo! antes de te encontrar eu desconhecia este sentimento, também queria não tê-lo em meu coração! para não necessitar passar por isso, mas eu não consigo controlar a paixão, nem tão pouco deixar de te amar — os planos do outro eram apenas dizer ao Todoroki que não nutria os mesmos sentimentos por ele, e se o mesmo concordar continuar com a amizade deles, porém essa segunda confissão fez desmoronar todo seu plano arquitetado.
Com sua mente entorpecida por uma droga ainda não descoberta, levantou-se de sua cadeira, jogando seu corpo por cima do balcão que os separava para passar os fortes braços em volta do pescoço do outro, fechando seus olhos com força afim de se esquecer de tudo e todos e entregar-se a um beijo roubado cheio de paixão e dúvidas.
Com surpresa o meio ruivo aceita o beijo, não tendo coragem para recusar nenhum tipo de afeto com o outro. Passando as mãos vagarosamente pelas costas do outro, fechando os olhos para desfrutar da boca do Midoriya que era a única coisa que podia o aquecer naquela ferraria.
Era tão bom, tão embriagante, tão ardente e........... pecaminoso.
Com a falta de ar ambos se separaram, logo voltando para suas posições iniciais, virando seus rostos para não se encararem. Tinham que admitir, não importa o quanto tentem se afastar, sempre vão terminar assim.
— N-não conte isso pra ninguém, é perigoso! — ainda sem encarar o outro Shoto assente com a cabeça, se eles possuissem algum afeto amoroso teriam que manter em sigilo, pois este segredo poderia custar suas vidas.
— Senhor Todoroki....... Eu e-eu!.. também te amo!! — com a respiração pesada e o rosto completamente vermelho, ainda virado para o lado finalmente confessou, fazendo os olhos mestiços do outro brilharem de alegria. Era como um conto de fadas, algo fantasioso e mágico se tornando real.
Iria dizer algo ou simplesmente se jogar nos braços do outro quando ouviram um bater na porta de madeira, os motivando a encara-la com estranheza. Quem estaria alí a essa hora da noite?
Ainda estranhando o esverdeado se levanta e da a volta pelo balcão para chegar a porta e abri-la, em uma pequena fenda vendo alí Katsuki a espera dele. Com o susto Izuku se afasta brutalmente, deixando o loiro abrir a porta por si só.
— Katsuki!!! o que faz aqui?!! — em posição de defesa o ferreiro pergunta, com a voz cheia de raiva já preparado para qualquer ataque vindo do outro.
— Fica quieto Deku!! não quero confusão! — falou ele com uma cara fechada e as mãos levantadas para o ar, em sinal de rendimento.
— Se não quiser confusão deve ir embora!! nos deixe em paz!!! — disse já com uma das mãos pronta para desembainhar a Kōri to ri, mas sentiu um toque em seu ombro que o acalmou, era o meio albino que passava sua mão por alí.
Almejava saber o que Bakugou queria falar.
Com um sorriso vitorioso o de olhos vermelhos retira suas botas e entra na ferraria, logo fechando a porta atrás de si. O ferreiro sentindo seu sangue ferver segurava sua raiva por causa do mestiço, porém ainda em estado de alerta não tirava os olhos do outro.
— Deku, lembra-se de quando brincávamos de caça-tesouro? Era nosso jogo favorito, eu escrevia os bilhetes e você procurava o brinquedo escondido, recordo que as vezes eu até lhe entregava pistas falsas só para te ver louco sem conseguir o achar! — falava enquanto passeava pelo estabelecimento, a admirar cada detalhe dele.
— Fale logo o que quer!! — ouviu um estalar de lingua vindo de Katsuki, que com uma expressão enfurecida começou a se explicar.
— Eu quero fazer um acordo com vocês.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.