Os dois garotos conversavam sob a cama, agora assuntos mais leves. Nada sobre desaparecimento ou criminosos. A fina chuva ainda caia lá fora, mas quase não dava para ser notada de dentro do quarto.
— Eu não entendo dança! Como podemos saber que não iremos tropeçar? Se não podemos olhar para os pés — sussurrou, fazendo o meio albino rir um pouco, vendo o outro gesticulando com as mãos para demonstrar sua indignação.
— Consegue transformar um pedaço de ferro bruto em uma espada, e não consegue dar alguns passos sem olhar para os pés — falou em baixo tom, vendo o esverdeado rir de si mesmo, pois era tudo verdade.
— Alteza! Está tudo bem aí? — com espanto, Shoto olhou para a fenda abaixo da porta, onde percebeu sombras de pés do lado de fora, e em seguida para o outro, que com olhos grandes estava tão atordoado quanto ele.
A maçaneta girou, e não pensou duas vezes antes de empurrar o Midoriya para a cama e passar o edredom por cima deles, cobrindo o ferreiro por inteiro e a ele até a altura do peito.
A porta foi aberta, revelando um dos soldados a colocar metade do corpo para dentro do quarto, enquanto os garotos apenas clamavam para ele não notar o volume a mais entre o cobertor.
— Eu pensei ter ouvido vozes! Está tudo bem senhor? — olhou para o bicolor que fingia despertar, coçando os olhos e soltando bocejos falsos.
— Não ouvi nada disso — Imitando uma voz sonolenta, falou para o guarda que continuava em alerta, olhando para dentro do quarto.
— Umm... Tudo bem, perdão pelo incomodo alteza, qualquer coisa é só chamar — fechou vagarosamente a porta, chegando ao lado de fora continuou sua ronda normalmente.
Ao ouvir o clique da porta e os pesados passos da armadura se distanciando, o Todoroki relaxou seus músculos. Logo levantando o pano para ver lá dentro Izuku encolhido, tentando permanecer imóvel e ocupar o mínimo de espaço possível.
— Ele já foi — ao escutar suas palavras o esverdeado sorriu para si. Logo arrastando-se para fora do edredom, se deitando ao lado do meio ruivo, deixando o cobertor cobrindo apenas metade de si.
— Quase que nos pegam! — sussurrou ao príncipe sorrindo grande, uma coisa que Shoto apreciava muito no outro era seu sorriso, tão encantador e puro.
Também gostava de seu porte físico, almejava ter músculos definidos iguais aos dele, mesmo que seu rosto redondo e fofo seja totalmente o contrário de seu corpo bronzeado e cheio de cicatrizes.
O meio albino ergueu a mão afim de tocar nos cabelos do outro, pousou a mão na cabeça dele sentindo sua textura. Suas madeixas eram grossas e ásperas assim como suas mãos, porém gostosas de mexer.
Afagando os cabelos verdes esperava que a qualquer momento o outro afastasse sua mão, ou recusasse dizendo que não gostava de ser tocado assim, porém não ouve resistência.
Ao olhar para ele o viu de olhos fechados, provavelmente apreciando o carinho em seu couro cabeludo. Quem olhasse para ele pensaria que estava dormindo, com a respiração tranquila e lábios semi-serrados.
Resolveu arriscar e descer a mão até o rosto do outro, alisando a ferida em sua testa. Indo um pouco mais para baixo para tocar em suas bochechas grandes e rosadas.
O ferreiro encolheu-se um pouco por causa do toque, ficando com o rosto vermelho ao notar a proximidade entre eles. Abriu os olhos vagarosamente, e viu que ele e o bicolor estavam a centímetros de distância, com a ponta dos narizes quase a se encostar.
A pele quente e farta das bochechas do Midoriya ainda era acariciada, enquanto ele apreciava a beleza impermeável do outro sob os aposentos sem luz, apenas deixando o contraste entre seus lados ainda mais bonito.
Ambos os corações batiam em armonia, e no quarto era ouvida apenas as respirações calmas e profundas nadando um pelo rosto do outro, com seus narizes a roçar como se fosse uma brincadeira.
A cada segundo eles ficavam mais e mais próximos, até seus lábios entre-abertos se tocarem minimamente, mas isso já bastou para que ambos os jovens se afastarem com um solavanco, indo cada um para uma ponta da cama.
Com olhares assustados, e peitos subindo e descendo com corações acelerados, o esverdeado fica de pé já tentando alcançar sua capa totalmente vermelho. Enquanto o Todoroki esfregava o rosto para voltar a realidade.
— E...eu tenho que ir! — o ferreiro colocava a capa apressadamente quando foi chamado pelo outro.
— Midoriya! Ainda somos amigos..... sim? — com o coração apertado, Izuku colocou o capuz da capa e foi até o bicolor segurando sua mão.
— Claro senhor, somos amigos! — na tentativa de demonstrar carinho de uma maneira educada, levou as costas da mão do príncipe aos lábios, depositando um pequeno beijo alí e sorriu antes de dar as costas e abrir a janela.
Com a janela aberta as gotas de chuva e o vento gelado entraram no quarto novamente, mas logo pararam quando a janela foi fechada logo após ele sair.
Ficando para trás o garoto mestiço logo deitou-se em seu leito, tratando de dormir e esquecer do acidente de pouco tempo atrás, tentando fugir de seus pensamentos acusadores.
Pois afinal, tudo não se passara de um incidente.
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Ao raiar da manhã o chefe do acampamento saiu de sua tenda furioso, pois havia chamado o ninja a horas para entregar seu relatório matinal, porém ele ainda não havia aparecido.
— Onde ele está?!! — perguntou muito alterado, para um de seus subordinados.
— Não o vi dês de ontem senhor — o Shigaraki impaciente apenas urrou de fúria, entrando novamente em sua tenda.
Ochaco que estava do lado da tenda do lider ouviu tudo junto da rosada, e se espantaram com o alvoroço.
— O que aconteceu com ele?! — a morena perguntou para a sua amiga, olhando para trás disfarçadamente enquanto continuavam a caminhada.
— Está assim porquê o nosso melhor ninja fugiu! — mina respondeu a outra.
— Fugiu?! Fugiu para onde?! Vão mandar alguém atrás dele?
— Eu não faço ideia, para falar a verdade acho que ninguém irá trazê-lo de volta. Já tava meio na cara que ele não iria ficar por muito tempo, ele não gostava nem um pouco de Shigaraki — a acastanhada não entendendo muito bem, resolve fazer outra pergunta.
— Se ele não se importa com o ninja a ponto de nem sequer mandar alguém atrás dele, para que tanta aflição? — continuavam a caminhar vagarosamente, sem sequer notar a loira escutando a conversa delas enquanto afiava sua adaga.
A Toga sorriu antes de se infiltrar no meio da conversa.
— Ele só está com raiva por não ter o eliminado quando teve chance — falou, chamando a atenção das duas garotas para si. Logo depois gesticulando sua mão como se estivesse cortando seu próprio pescoço, para explicar exatamente do que falava, em seguida voltando sua atenção em amolar sua arma.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.