Não é fácil focar no trabalho com um amigo desaparecido. Em um dia de luto para todo o reino, as janelas das casas em que ainda haviam habitantes estavam fechadas, assim como os comércios.
Em alguns lugares lenços da cor negra eram pendurados nos umbrais das portas e janelas, simbolizando a tristeza da morte. Com o sol também se escondendo atrás do mar branco de nuvens, que não cessavam de se desmoronar em flocos, cobrindo toda a vila e trazendo mais frio e escuridão para todos.
Até o céu encontrava-se triste.
E assim Iida caminhou até a ferraria, afundando seus pés na neve gelada, carregando consigo a chave do estabelecimento que conseguiu com a senhora Midoriya. Que com o coração apertado praticamente o implorou para trazer a única razão de sua existência, seu filho de volta.
Já dentro da ferraria, sem cerimônia começou a revira-la, a procurar qualquer pista que ligue o esverdeado ao príncipe. Procurou em tudo, nem que fosse apenas um fio de cabelo ou um pedaço de tecido, se tinha algo alí necessitava encontrar.
Mas averiguando o balcão de madeira do estabelecimento avistou algo muito diferente do que o esperado, a bolsa que o ferreiro carregava para todos os lados estava alí, jogada na parte de trás dele. Arrumando os óculos no rosto estremeceu com as mãos suando frio, com medo do que irá encontrar.
Deu a volta no balcão não parando de encarar a bolsa de couro com nervosismo, a segurando em suas mãos fazia súplicas para que não tivesse nada alí que incriminasse seu amigo, antes de abri-la para ver seu conteúdo.
No início não percebeu nada muito importante. Apenas uma maçã que por sinal já estava apodrecendo, ferramentas para a ferraria e coisas inúteis. Um pouco mais aliviado remexeu o interior da bolsa com a mão, afim de ver os objetos de baixo.
Então notara duas folhas de papel uma enrolada na outra, e uma delas parecia bem antiga pela cor amarela e o desgaste, porém a segunda apresentava ser mais atual. Foi aí que com curiosidade o soldado as pegou, sacudindo-as para fora retirando delas a sujeira acumulada nas mesmas.
Desdobrando a primeira viu um desenho de criança rabiscado e mal feito, sendo dois meninos desenhados nela. Não ligou muito partindo para a próxima, que ao desdobrar a reconheceu como sendo uma carta ou algo do tipo.
Do lado de fora da folha dobrada continham os nomes do remetente e seu destinatário "de KB para Deku", e imediatamente ligou os pontos sabendo que aquele "KB" só poderia significar Katsuki Bakugou, e "Deku", como sendo o apelido que apenas os amigos de infância de Midoriya utilizavam.
As perguntas certas seriam, por qual motivo Izuku receberia cartas do loiro? E por que dele nunca ter lhe dito nada? Esperando que houvesse uma explicação lógica para suas perguntas abriu a carta, já sentindo que não gostará de seu conteúdo, lendo-a em voz alta para si mesmo.
— Caro Deku, espero te encontrar na antiga casa dos Uraraka acompanhado do meio-a-meio antes do nascer do sol. Caso contrário.... — limpou a garganta, ainda suando frio antes de continuar — ...caso contrário, uma certa padeira sofrerá as consequências. Assinado: KB.
Então era isso, o de sardas estava sendo chantageado pelo criminoso. Sabe que não deveria, mas sentia-se muito melhor assim, pelo menos seu amigo ainda é considerado inocente, ou nesse caso vítima. Meio-a-meio, já ouviu esse apelido em algum lugar.... sim, é claro, como poderá esquecer, é o mesmo apelido que Katsuki usou para se referir ao Todoroki na carta de quando ele o sequestrou pela primeira vez.
E não havia dúvidas de que a padeira descrita era Tsuyu Asui, pois era amiga próxima do ferreiro, e foi encontrada atada a uma cadeira na casa dos Uraraka, afirmando que foi levada para lá por Bakugou. As peças se encaixavam melhor do que nunca, e até já sabe com quem deve falar para esclarecer melhor está história.
Pois sua intuição o dizia, que a última peça do quebra-cabeça que falta estava naquele desenho.
Não se preocupe e aguente firme Midoriya, seu amigo Iida não descansará até lhe resgatar das garras deste monstro.
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Não conseguindo segurar o sorriso, o meio ruivo combatia contra o esverdeado em outro treino com suas espadas. Dês de quando cortara a lenha sozinho ele está muito mais animado do que o normal, se sentindo vivo e independente, mesmo que cortar lenha não fosse o bastante para ele virar-se por si só.
Porém ninguém dirá isso a ele. Estragar a alegria daquele ser tão lindo para que? Melhor admirar seu belo sorriso enquanto ele ainda está o mostrando para todos.
— Suas pernas estão rígidas meio-a-meio! Relaxe-as um pouco para que seus movimentos sejam mais imprevisíveis e confiantes. Em uma luta real o improviso não é trapaça — o loiro argumentava várias vezes durante a luta, dando seus conselhos afim de melhorá-lo.
Mas claro, sempre usando seu tom de deboche para que ninguém percebesse suas boas intenções.
Com as lâminas se chocando Izuku resolveu jogar a arma de seu adversário para longe, porém para sua surpresa o bicolor rebateu de frente com seu golpe, firmando sua mão para não deixá-la escapar, empurrando ela com força contra a do de sardas que ficou impressionado com sua atitude, antes de empurra-lo para longe e cessar a luta simulada colocando a sua espada contra ele.
— Muito bom senhor! está quase pronto, mais um pouco e poderá até vencer — falou o Midoriya sorrindo.
— Diga por si mesmo Deku!! Nenhum merda tem a capacidade de me derrotar! Eu acabo com os dois fracotes juntos — disse Bakugou convencido, com um grande sorriso provocador.
Os dois que treinavam apenas se encararam combinando com o olhar sua próxima ação, que foi correr até o de olhos vermelhos com um grande riso e pular encima dele para derruba-lo, enquanto o mesmo gritava palavrões e ofensas durante a queda.
Os três jovens rindo ainda no chão abriram seus olhos, mas não deveriam ter cometido tal ato. Pois seus rostos estavam perigosamente perto, com seus corpos colados um por cima do outro deixando a situação bem mais embaraçosa, logo parando de rir por conta da euforia de seus corações.
De repente a casa ficou silenciosa, e os garotos com suas faces vermelhas. Shoto estava por cima de todos, enquanto Katsuki embaixo com as costas para o chão. O meio albino podia sentir que os outros estavam se esforçando o máximo para não se mover, porém era inútil.
Podia sentir seus batimentos cardíacos que corriam rapidamente por seus corpos, suas respirações pesando descontroladas em meio ao pânico, saindo por suas bocas pois o nariz não era o suficiente para administra-las, percebendo também uma pequena gota de suor em meio ao frio descer pela testa do esverdeado.
A cena do de cabelos espetados acariciando Izuku e ele passou em sua mente, o olhar que o ex-criminoso os lançava era curioso, parecia um pouco com o jeito de como ele se olham agora.
Gostava disso.
Sentia seu sangue ferver e seu corpo esquentar junto com suas bochechas apenas de se lembrar, porém este não passava de mais um de seus segredos.
— Per-perdão — notando que ele deveria ser o primeiro a sair e liberar o espaço, se desculpou antes de se afastar e os outros fazerem o mesmo, logo se levantando e fingindo que nada aconteceu, mesmo sabendo que era mentira.
Passou tempo demais em seus devaneios, esquecendo por um instante onde estava.
Agora que pensa, depois do beijo e confissão dele para com o ferreiro aconteceram tantas coisas que não tocaram mais no assunto. Será que ele havia esquecido? Ou simplesmente não quer falar sobre isso.
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(Desculpem os erros de português, estou me esforçando para que esta fanfic saia minimamente boa.)
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.