Acabou que a levaram e o ferreiro nada fez para impedir, mas não poderia simplesmente gritar para soltarem a garota. Sem contar que bruxaria é uma coisa totalmente diferente de uma simples desobediência, não sabia se realmente conseguiria ajuda-la.
Mas não poderia negar que permanecia preocupado com a mesma, ela parecia tão assustada. Talvez ir até o calabouço para falar com ela seja uma boa ideia, afinal ir para o calabouço falar com um preso não era considerado um crime.
Estava tarde, então não havia mais ninguém nas ruas, muito menos perto do calabouço, pois nenhuma pessoa sequer gostaria de passar perto de uma bruxa. O calabouço era apenas um profundo buraco no chão perto das estátuas do templo, pois as mesmas não deixavam nenhuma magia de bruxa se alastrar.
Podia ver vários pertences pessoais lá perto que provavelmente eram da garota, iriam queima-los junto a ela, para não deixar nenhum objeto enfeitiçado na vila. Escondido atrás de uma das esculturas quis se aproximar, porém recuou quando ouviu um barulho entre as folhagens da floresta.
Sentia muito medo, tinha ouvido histórias de bruxas desde criança. Que elas eram seres horríveis, raquíticos e maus, que vinham diretamente do inferno, contorcidos, com dentes afiados, sorrisos pontiagudos, unhas enormes e vozes esganiçadas. Que quando queriam, tomavam forma de mulheres para enganar os humanos, se não fosse por sua bondade exagerada não passaria sequer perto de lá.
Os barulhos vindos da floresta apenas aumentavam, revelando quatro silhuetas vindo dela, pensou em correr de lá porém desistiu, eles já estavam perto demais, iriam ve-lo. As sombras foram tomando formas mais elaboradas no meio da escuridão, devido a duas lamparinas que carregavam.
Saíram do meio das folhas dos pinheiros revelando-se, verdadeiramente se tratava de quatro pessoas carregando duas lamparinas, elas cochichavam entre si enquanto se aproximavam do calabouço. Agora podendo os enxergar melhor, Midoriya via um garoto forte de cabelos ruivos espetados, uma garota com chifres amarelos de pele e cabelos totalmente cor-de-rosa, ficou abismado e maravilhado ao mesmo tempo, pessoas com individualidade eram tão raras que nunca havia visto uma.
Também reparou em um garoto com corpo humano, mas sua cabeça de pássaro se assemelha a de um corvo, sua curiosidade estava a mil, duas pessoas com dons especiais no mesmo lugar!. Mas sua felicidade desmanchou quando percebeu que a quarto indivíduo ali era Bakugou, isso o fez se esconder mais ainda atrás da estátua.
Os quatro foram até a entrada do calabouço, se agachando e falando algo para quem estava alí, o esverdeado não ouviu coisa alguma pois falavam em baixo tom. Logo uma sombra negra saiu por trás do de plumas escuras, isso assustou Izuku, mas antes de entrar em Pânico lembrou que ele possuía individualidade.
Aqueles também deveriam ser criminosos, cúmplices de Katsuki. Com as ruas da aldeia vazias, tinham liberdade para invadi-la sem preocupação de serem vistos.
O vulto negro mergulhou no buraco, logo depois saindo de lá carregando consigo a garota, a colocando cuidadosamente no chão. A menina de chifres amarelos falava algo alegremente, parecia animada.
O ferreiro não conhecia este lado das façanhas do loiro, se surpreendeu ao ver ele ajudando a resgatar alguém.
A rosada foi até a estaca um pouco mais longe dali, mas ainda visível. Tocando na mesma um líquido concentrado saiu das mãos dela, consumindo o pé da estaca, a derrubando.
O Midoriya sabia que eles estavam errados, mas algo dentro de si não queria ver aquela garota queimar na fogueira. Uma parte de si o acusava por estar vendo criminosos fazendo o que bem entendem, e não fazer nada para impedir, já a outra parte, a mais sensível, sentia pena da garota acusada.
Viu eles apanhando o que puderam dos pertences da mesma, e adentrando em seguida na floresta. Só depois de estarem longe o esverdeado sentiu segurança o suficiente para sair de seu esconderijo.
Foi até a pilha onde os objetos que não puderam ser levados por serem grandes ficaram. Não se sentia confortável em remexer naquelas coisas, por isso pegou um graveto no chão para fazer.
Levantando alguns lençóis avistou algo, era um livro ou caderno, o puxou para fora para que pudesse vê-lo por inteiro. Era de couro, parecia antigo por conta de suas folhas amarelas envelhecidas, e uma tranca enferrujada que provavelmente estava quebrada.
Não queria fazer isso mas sua curiosidade foi maior, pegou o caderno em suas mãos o analisando, tirando a terra de cima dele. Com sua tranca com defeito não foi difícil o abrir, porém não conseguiu entender suas palavras, ou melhor, símbolos.
Como um déjà vu persebeu que já havia visto aqueles símbolos, com pressa revirou sua bolsa até achar a carta de Bakugou. A abriu comparando sua criptografia com a do livro, e confirmando que se tratava dos mesmos desenhos.
Eu imagino um caderno mas ou menos como este.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.