O príncipe resolveu ir até os aposentos da princesa, já que não pegava no sono.Foi cuidadosamente até lá, pois sabia que se o vissem indo até o quarto de Catherine fariam uma baderna.
Chegou em frente a porta da mesma e estendeu a mão para a bater, mas exitou e abaixou-a novamente.
Se batesse a porta poderia chamar a atenção de alguém.
Então simplesmente girou a maçaneta, e por sorte estava aberta. Abriu-a vagarosamente para não fazer ruído e notou a princesa sentada na borda de sua cama de costas para ele.
Entrou em passos silenciosos fechando a porta atrás de si. Estava vestida com camisola de dormir e cabelos soltos, sem enfeites.
A princesa notou sua presença e olhou para trás o vendo alí.
— Príncipe Shoto! O que faz aqui?! —Perguntou ela.
Seus olhos estavam secos, porém estava com o rosto inchado e vermelho. Ela com certeza havia chorado.
— Vim ver como está você, estava tão triste e com a cabeça distante — falou se aproximando, percebendo a folha de papel em seu colo e o lápis entre seus dedos. Agora sem luvas e sem anel.
— Estou bem sim, não se preocupe — sua boca pronunciava uma coisa, mas seus olhos diziam outra.
Porém o outro decide trocar de assunto para mudar aquele ar de desconforto.
— Esse papel, posso ver? — Estava curioso para saber o que era.
— Claro — falou ela entregando a frágil folha para o bicolor.
Observei seu desenho, era uma garota segurando uma máscara, ela estava com costuras em sua boca a forçando a sorrir.
Qualquer um que olhasse para aquela imagem diria que era obra de bruxaria, mas o príncipe entendeu a mensagem por trás do desenho. Era um desabafo.
A máscara na mão da garota simbolizava que ela não podia mostrar sua verdadeira face, ou seja, tinha que se esconder atrás de uma máscara para não revelar quem realmente era.
Já as costuras em sua boca a forçando a manter o sorriso era mais que óbvio, ela não estava feliz, mas mesmo assim teria que sorrir e dizer que estava tudo bem.
Sabia disso, pois lá no fundo reconhecia que sentia o mesmo.
A princesa via o bicolor com olhos assustados, como se estivesse com medo de sua reação.
Sorriu fraco devolvendo-lhe a folha e elogiando seus traços, pois não podia negar, a princesa Catherine era uma grande artista.
Quando fez isso ela soltou o ar que estava prendendo e suspirou aliviada.
— Por quê está tão assustada? — falou, e pela expressão de seu rosto essa pergunta lhe pegou de surpresa.
— Fiquei com medo de você interpretar mal meu desenho — estava claro que o problema não era somente esse, Catherine era péssima em disfarçar seus sentimentos.
Sabia que se falasse do desenho da princesa para alguém, eles poderiam acusa-la de bruxaria. E isso era grave.
Porém não era apenas isso o que lhe incomodava, pois Catherine não olhava em meus olhos, dando um claro sinal de que estava escondendo algo.
— Pode falar o que ouve, eu sei que não é apenas o noivado o motivo de você estar triste. Talvez possa te ajudar, e não se preocupe não irei contar a ninguém - disse me assentando ao lado dela.
Ela pensou um pouco olhando para a parede, antes de começar a falar com voz trêmula.
— A um ano atrás e-eu amava desenhar, tinha um caderno cheio de desenhos meus, cada um deles contando um pedacinho da minha história, dos meus desejos e das minhas lembranças! — sua voz estava embargada e seus olhos cheios novamente, se assemelhavam a rios que de si a Água nunca parava de brotar.
— Nele estavam guardadas todas as minhas memórias.
— Nunca pensei que minha mãe poderia fazer algo assim comigo, mas ela o rasgou em minha frente, gritando me chamando de bruxa!! Vi todas as minhas lembranças serem totalmente destruídas pela pessoa que eu mais amava! — seus olhos cederam novamente para o enxame de lágrimas que escorria.
— Eu chorei tanto naquela noite abraçada com os restos dele, porém ninguém veio me confortar, pois meu único amigo era aquele caderno — tentava acalmar suas lágrimas falhando miseravelmente.
— Fiquei com trauma de pegar em um lápis novamente dês daquele dia! Mas ontem falando com você percebi que não devemos desistir do que queremos e almejamos. Por isso decidi recomeçar — naquele rosto encharcado pode ser percebido um pequeno sorriso.
Juntou o ar e continuou.
— Semanas depois fui falar com ela, até coloquei na cabeça que tudo aquilo foi culpa minha e pedi perdão.
— só que acabamos discutindo, e ela falou uma frase que já tentei arrancar de mim mas não deu! A ferida que ela abriu foi profunda demais!! - seus olhos não paravam de escorrer.
- "Você não deveria ter nascido!!".
A princesa desabou em lágrimas, soluçando baixo para não chamar a atenção.
- E o dia seguinte era meu aniversário!
Estava com a mão no peito, como se estivesse sentindo uma forte dor em seu coração.
- Isso dói, isso dói muito!! - não conseguia dizer mais uma única palavra, pois seus soluços não a permitiam.
Por isso o outro abraçou-a de lado, não sabia muito bem como a consolar pois nunca havia feito isso.
Então apenas permaneceu em silêncio.
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Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)
RandomUm plebeu, um príncipe e um criminoso. Três realidades diferentes com pensamentos e mundos distantes, em um tempo medieval onde as regras da igreja são como leis.