36_Kiso

120 20 6
                                    

Um rosto familiar poderia trazer muitas recordações, algumas boas, outras ruins, porém a face daquele ser de madeixas cor de esmeralda, traziam sentimentos muito além do que simples memórias. Sentia calma, transmitia-lhe segurança, quando estava perto do mesmo era como se o mundo ao redor deles parasse, se toda a vila se incendiasse naquele momento tinha certeza que as chamas não chegariam a eles.

Segurava um pequeno pedaço de papel que acabara de escrever, tentando decidir-se se deixaria aquele bilhete ou não, enquanto com a outra mão ainda acariciava o rosto do outro.

Seu rosto estava perigosamente perto ao do Midoriya, sentia a respiração tranquila de uma pessoa sonolenta vinda dele misturando-se com a sua.

Colocou com cuidado a pequena folha de papel na bolsa ao lado de Izuku, não tirando os olhos dele.

Talvez essa era a razão de seu coração se apertar ao constatar que o outro lhe esquecera, queria fazer-lhe lembrar de quem ele era. Era seu amigo de infância, como pudera não se lembrar?

Quase como em um movimento involuntário, selou vagarosamente os lábios com os do ferreiro em um toque rápido, pois o mesmo se afastou veloz assim que percebeu o que fizera, saindo pela janela assim que ouviu passos vindos do andar abaixo deles, indicando que a curandeira havia chegado.

As pressas senhora Midoriya e Asui, entraram no quarto acompanhadas da dona da casa, viram o garoto deitado na cama desacordado.

A mãe começou a chorar de preocupação ao vê-lo neste estado, com Asui ao seu lado. Porém a curandeira as confortaram, dizendo que o jovem ficaria bem apenas necessitava de descanso.

{...............................................}

Já era noite, Catherine como toda sua família deveria estar em seus aposentos se preparando para dormir, porém a princesa encontrava-se no estábulo vestindo velhas roupas simples, mas quentes, pois uma pequena brisa gélida soprava alí.

Carregando uma bolsa com mantimentos entrou na estrebaria, acordando alguns dos animais no processo por conta do ranger da porta, entretanto não fizeram barulho alto, pois já estavam acostumados com a mesma.

Era escuro lá dentro, somente ouvia alguns baixos ruídos dos cavalos em suas baias, ascender algo para enxergar melhor não era uma opção, pois a pequena luz no breu chamaria atenção.

Sorte que conhecia bem aquele local, e sabia exatamente onde se encontrava a baia de seu cavalo. Chegou até lá apalpando as paredes de madeira para não esbarrar em nada, enquanto seus olhos se acostumam com a escuridão.

Ghoscer levantou com as orelhas em pé, assustado pelo barulho tão perto de si. Até a Tyller acalma-lo falando baixo carinhosamente enquanto acariciava sua cabeça, para o outro não atiçar os demais animais e alí começar uma algazarra.

Abrindo a porteira da baia, retirou de lá o alazão e o guiou vagarosamente até a saída do estábulo, aproveitando que seus olhos já se adaptaram ao breu.

A morena retirou da parede da estrebaria uma cela que estava pendurada, colocando-a encima de seu garanhão com cuidado a prendendo alí, o montando logo em seguida.

O reino de Tyller é muito rico na agricultura, por isso os reinos vizinhos investem muito em se tornarem aliados dele para negociações. Por este motivo durante a noite algumas sacas de grãos, frutos, vegetais e leguminosas eram guardadas nos armazenamentos reais, até serem vendidos.

E essa é a chance perfeita para a princesa.

Andou um pouco com seu cavalo até chegar aos fundos do castelo, onde continha um pequeno grupo de pessoas entrando e saindo um seus portões de serviço com cavalos e carroças, carregando consigo grandes sacas de alimentos até o silo real, e saindo sem elas.

Respirou fundo, tomando coragem e suplicando para que ninguém a reconhecesse, andou com seu cavalo fingindo ser um deles. Se misturou ao grupo de trabalhadores, que estavam focados demais no que faziam afim de terminarem logo para voltar as suas casas, que nem ao menos notaram seu rosto coberto pelo capuz do manto.

Não era difícil entrar ou sair do palácio de Tyller, tanto que a morena estranhou ao viajar para Musutafu a quantidade de restrições no castelo de lá.

Mas agora entende os motivos de tanta segurança em volta do palácio.

— Ei menina! o que faz aqui?! — pelo visto nem todos estavam ocupados o suficiente para não nota-la, um dos guardas que faziam ronda no local a avistou, percebendo que ela não era um dos trabalhadores.

Pensou em sair de lá o mais rápido possível, porém fez o contrário, congelou no lugar em que estava vendo o soldado se aproximar.

— Não sei se sabe garota! mas filhos de servos não podem ficar passeando por aí!! — falou transmitindo soberania, como um dono fala ao seu cachorro.

— P-perdão senhor, é que... — sua voz potente fez Catherine estremecer, se rebaixando a ele enquanto tremia com medo. Usando aquelas roupas velhas e rústicas parecia mesmo uma serva assustada com seus patrões, sussurrando as palavras arrastadas com dificuldade.

— Não me importo garota! apenas saia daqui!! antes que eu perca a paciência! — disse cruel, alterando um pouco a voz com o comando, induzindo o corpo trêmulo da jovem obedecer-lhe instantaneamente.

Fora dos muros do castelo Suspirou um pouco mais aliviada, sempre entrava em pânico quando o assunto era encarar alguém com uma áurea mais dominante do que a dela, tremia, suava frio e sua voz baixa embargava como se estivesse a ponto de chorar.

É por este motivo que sentia-se tão imponente, como um grão de areia perto de uma montanha.

Pelo menos isso a ajudou a sair do castelo sem muitas complicações.

Cavalgando lentamente pelas ruas de seu reino reparou nas poucas pessoas que iam e vinham. Entretanto elas não se atentaram na Tyller, pois para eles era apenas mais uma camponesa, fora que estava escuro e com o rosto coberto, impossibilitando mais ainda seu reconhecimento.

Trilhando o único caminho decorado de seu reino, que era do portão do castelo até a saída da vila, ficou a beira da floresta de pinheiros. Tão escura e assustadora para uma garota atravessa-la sozinha a noite.

Ainda dava tempo de se arrepender desta maluquice e voltar.

O caminho entre os dois reinos não era longe, apenas um dia de viagem a cavalo, e carregará um mapa e uma bússola consigo para não se perder.

Não irá recuar agora, estava farta de ser tão insegura. Apertou as rédeas de seu cavalo com força antes de adentrar a enorme floresta.

{................................................}

No castelo de Musutafu aquela era a primeira noite tranquila a dias para alguns, e a anos para outros. Menos para o rei e o príncipe Endeavor, que permaneciam acordados por estarem recebendo uma notícia ruim atrás da outra.

Por conta de todos os conflitos que aconteceram, os reinos que não queriam sua reputação manchada estavam desmanchando suas alianças comerciais e acordos com Musutafu, e as mensagens avisando isso não paravam de chegar.

Estavam perdendo tudo, aliados, investidores, ninguém queria mais laços com aquele reino. Se isso não se resolver logo poderiam chegar a falência.

Como chegariam aos seus súditos com a notícia que o amado reino deles infelizmente faliu, todos teriam que se mudar para outros lugares, sendo estrangeiros tentando sobreviver em reinos estranhos já que a pátria deles morreu.

Musutafu não passaria de uma cidade fantasma, cheia de casas e um castelo abandonado.

Endeavor faltava arrancar os próprios cabelos, condenando todos a sua volta, enquanto All Might estava a ponto de chorar, seu grande sorriso havia desaparecido o deixando triste e abatido.

Havia permitido que o reino de seu pai, o que lhe entregara em suas mãos acabar-se, ele devia estar decepcionado com o filho se o visse agora. Havia prometido zelar e cuidar de Musutafu com sua própria vida, e agora.... Agora ele.....

Não sabe mais o que fazer.

Fantasy •Armyo_taku• BNHA (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora