"A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça." - Aristóteles
UMA SEMANA APÓS O FIM DA GUERRA
|Frederick|
Sete dias...
Faz exatamente uma semana e muitas horas decorridas, que mais se pareceram com uma eternidade sem fim, desde que foi estabelecido por concreto o fim da guerra entre os reinos de Valois, Navarra e Inverness, o qual este último tinha sido um grande aliado de Navarra em combate. Uma guerra que sequer era para ter ocorrido, analisando criticamente a situação em um primeiro instante. Contudo, esta foi uma situação inesperada a qual não foi possível de se controlar como queríamos, ou de resolvê-la de forma diplomática, cuja a qual não envolvesse um intenso conflito armado, como o que acabou se desenrolando no fim da história.
Trágico, sangrento e repleto de perdas...
Todavia, é muito importante sempre recordar que não foi por falta de inúmeras tentativas de se estabelecer uma conversa para chegar a um acordo entre ambos os reinos, pois se fosse considerada a intenção por parte do reino de Navarra, as coisas teriam sido resolvidas de um modo muito diferente, pacificamente, é claro.
Entretanto, Louis de Valois simplesmente ignorou todas as regras de justiça e de boa convivência que sempre regeram a paz entre os reinos vizinhos para que não houvesse caos e desordem na terra, e simplesmente partiu para o ataque pesado, obscuro, premeditado e abrupto, o qual explodiu tão repentinamente, que no momento em que o nosso reino fora surpreendido pela pela invasão, e pelo ataque dos soldados de Louis, na data do noivado de Felipe e Luz, um dia de festividade da família real, em que o castelo estava repleto de convidados, como diversas personalidades, nobres e amigos dos reinos vizinhos, nós nem ao menos sabíamos a razão de estarmos sofrendo tal ataque, e nem de qual parte isso vinha.
Não foi um dia fácil e muito menos um tipo de situação simples de se lidar, na noite em que tudo começou a dar errado. O princípio do tormento. Ninguém esperava por isso... e infelizmente, para nossa própria vergonha, também não estávamos preparados para lidar com a magnitude de tal evento na época. Nem o Conselho real, nem os soldados de Navarra ou até mesmo eu, poderíamos imaginar que tal catástrofe viria sobre nossas terras, sobre o castelo, sobre a minha casa... Mas foi o que aconteceu.
As coisas foram mais sérias e profundas do que qualquer pessoa comum poderia sequer imaginar com o avançar do conflito. E apesar de Navarra ter vencido ao lado de Inverness o difícil e tenebroso embate, o povo de Navarra, da minha terra, o qual agora não são mais somente súditos, mas como se fossem meus companheiros e irmãos depois de tudo o que sobrevivemos juntos durante a guerra, mal podia comemorar a conquista árdua, que de longe possuía o verdadeiro gosto de vitória.
Na cabeça de todos, assim como na minha também ocasionalmente ocorre, existe somente uma pergunta: Por que? Por que Louis de Valois, afinal, cometeu tamanha loucura contra nossa gente? Por que atacar o reino de Navarra sem precedentes para estabelecer um conflito ensandecido, imponente e cruel como o que foi imposto? Qual o sentido de tudo isso e para qual finalidade?
Nunca mais o que aconteceu será apagado da história. Jamais! É impossível nos esquecermos de cada momento, de cada sensação e de cada detalhe que marcou essa guerra.
Tudo o que cada pessoa sentiu ainda está muito vívido em suas memórias mais recentes... a experiência traumática, o cheio de fumaça, o odor de suor, de sangue... de morte. Em seus ouvidos ainda é possível escutar o estouro das explosões, a queda de centenas de casas de famílias simples... o ruído das vilas e cidades sendo invadidas e sendo destruídas sem o menor pudor... o tinir das espadas... o gritos de homens, das mulheres, dos velhos e das pequenas crianças sendo duramente massacradas aos montes.
É sempre o barulho de centenas de mortes que embala o sono profundo e dolorido de muitos durante a noite... É o som das vidas que se foram para sempre e que nunca mais poderão ver novamente o brilho do sol nascendo num novo dia.
Eu mesmo ainda me perturbo durante algumas noites desde que tudo se foi. Agora acabou, porém, mesmo assim em minha mente eu me recordo de como foram semanas após semanas repletas de um clima de tensão pairando no ar, a constante sensação de perigo nos cercando de todos os lados, de como tudo era confusamente obscuro a nossa frente. Era... uma mistura de aflição, terror e medo de que aquilo nunca chegaria ao fim. Era como se o mundo tivesse se tornado em apenas um borrão sem nitidez, pintado por diversos tons de cinza, preto e vermelho sangue... assim como a minha própria alma.
Eu não tenho dúvidas de que as marcas que ficaram em meu peito jamais desaparecerão de lá, por mais que eu tente com afinco... O meu espírito, a minha alma e o meu cérebro foram manchados, violados e cravados a ferro e fogo pelos sacrifícios cometidos em nome do combate. É como se o inferno tivesse se instalado dentro da minha cabeça e feito morada permanente lá, lembrando-me todo o santo dia as coisas que vi e que fiz ao lutar por Navarra... Aconteceu tudo ali, bem diante dos meus olhos... eu vi meus homens morrendo por seu reino, por sua terra, por suas famílias. Um após o outro.
Mas eles não foram os únicos a caírem sem fôlego no campo de batalha. Não, não... Eu também sou culpado em parte pela desgraça que aconteceu. Eu tirei a vida de muitos outros soldados do exército inimigo. Eu ceifei vidas. Destruí homens...
Essa é a maldição provocada pela guerra. Ela não acaba simplesmente no fim do conflito. Não se limita a somente aos dias em que as espadas cometeram estragos terríveis para todos. Não... A guerra não se limita as semanas e meses de céus cinzentos, de grande calor e mormaço, cheios do peso de uma opressão física e emocional. Do perigo eminente... em que às vezes um grupo de soldados nosso podia, por exemplo, em mais um dia de embate, estar na trincheira escondido a espera do próximo avanço, e de repente, um de nossos companheiros morrer num piscar de olhos devido a um ataque inesperado.
E então já era, acabou, morreu... lá se ia mais um dos nossos homens, um amigo, um soldado leal, um pai de família... Uma pessoa. Uma alma.
E isso eu jamais irei me esquecer. De nenhum momento. De como eu perdi meus companheiros e de como também fui um instrumento de morte para outros seres humanos. Eu também pequei... por meu reino, por meu povo, por minha família... Minha consciência pesa, apesar de eu nunca demonstrar isso externamente para que as demais pessoas vejam, mas pesa em meu interior.
Eu fiz parte do desencadear arrepiante de um espetáculo horrendo e sangrento que foi a guerra. Eu fui forçado a isso pelo bem de Navarra, pelo integridade e paz do reino para que todos pudessem se salvar. Eu me tornei a destruição, a dor e a violência que tanto temi me tornar um dia. E é por essa razão que os culpados por tudo terão de pagar por seus crimes. Todos eles... todos os envolvidos, seja direta ou indiretamente responsáveis por causarem essa guerra, todos eles pagarão muito caro pelo mal que causaram a mim, a minha família e ao meu povo.
Eu os farei se arrependerem de ainda permanecerem vivos no dia de hoje... Eu serei o próprio carrasco pessoal e em vida de cada um deles. Eu os farei sofrer a mesma dor e angústia que causaram a Navarra. Eu os subjugarei a força do meu poder e os dobrarei de joelhos às minhas vontades. Eu serei como o próprio diabo em vida... frio, impiedoso e implacável.
🗡🗡🗡
Hello, filhos da Luz! Não esqueça sua estrelinha e comentário ou terá o azar de cruzar o caminho com o Frederick haha
[SEM REVISÃO]
Saudades! Quem é vivo sempre aparece, né? kkk (ainda sem data definida para as postagens)
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A Sombra do Passado [Completo]
Romance[livro 2] Série Amores Reais Frederick, príncipe herdeiro do trono de Navarra, não é como seus irmãos mais novos Felipe e Francesca. Considerado um homem de caráter duro e personalidade intransigente, não aceita nada além da verdade, como também é m...