|Frederick|
A tarde está pesada, e minha mente, um caos. Estou tentando me concentrar nos compromissos inevitáveis como príncipe herdeiro de Navarra, mas a imagem de Catherine, rindo e conversando com aquele soldado, não me deixa em paz. Eu me sinto um tolo por estar tão afetado, como se minha mente estivesse dividida entre o dever e o ciúme irracional que arde dentro de mim. Quem é aquele homem? E como ele conhece minha esposa? As dúvidas me corroem enquanto participo das reuniões formais, ouvindo o Conselho falar sobre questões de Estado que exigem minha atenção. Tento focar no que dizem, mas minha mente está longe.
Não posso deixar que isso me consuma. Tenho responsabilidades maiores. A guerra é uma ameaça constante, a aliança com invernes é forte, porém, como não se pode prever o futuro, meu pai espera que eu mantenha a ordem no reino. Contudo, minha cabeça lateja de tensão, e meu coração está cheio de um peso que não consigo ignorar. Minha esposa está escondendo algo, eu sinto isso. E agora, a cada palavra que o Conselho profere, tudo parece ecoar, distante. Eu apenas aceno, como se estivesse no controle, mas por dentro, estou em conflito constante.
O treinamento militar da tarde me oferece uma oportunidade de aliviar a pressão. Encontro-me no campo de batalha improvisado, minha espada nas mãos, enfrentando Felipe, meu irmão mais novo e, por vezes, a única pessoa em quem realmente confio. Ele me observa com um olhar curioso enquanto trocamos golpes, nossas espadas tilintando no ar.
— Você está distraído, Fred — ele diz, esquivando-se com facilidade de um golpe que normalmente não teria dificuldade em acertar. — Tem algo na sua cabeça que não é guerra ou política.
Bufo, desviando o olhar, tentando focar na luta, mas a verdade é que ele está certo. Estou distraído. Tento afiar minha concentração, dar o próximo golpe com mais precisão, mas minha mente retorna, incessantemente, a Catherine e àquela cena no corredor. Aquele soldado. O riso dela. O toque amigável. Minhas mãos apertam o cabo da espada com mais força, e eu avanço sobre Felipe, derrubando-o no chão, a espada em sua garganta. Ele ri, sem medo.
— Ah, isso tem a ver com a vida de casado, não é? — ele provoca, uma risada leve escapando de seus lábios. — Parece que a senhorita Catherine finalmente invadiu sua mente e te pegou de jeito, irmão.
— Não seja ridículo, Felipe — bufo, revirando os olhos e afastando a espada. — Isso não faz o menor sentido, seu tolo.
Ele se levanta, ainda sorrindo, mas eu já não estou mais no espírito da brincadeira. O suor escorre pelo meu rosto, mas é a confusão e o ciúme que me esgotam. Continuo a lutar até que meu corpo fique exausto, tentando não pensar. As espadas tilintam, os músculos doem, e quando finalmente paramos, sinto um cansaço tão profundo que quase espero que me faça esquecer meus pensamentos. Mas eu sei que isso é uma ilusão. Estou apenas adiando o inevitável.
Ao fim do dia, volto para meus aposentos, o céu já escurecendo sobre o castelo. Meus passos são pesados, e meu corpo está cansado, mas minha mente não consegue encontrar descanso. Ao abrir a porta do quarto, a vejo. Catherine está deitada na nossa cama, distraída, um livro em suas mãos, vestindo apenas uma camisola fina. A cena, tão simples, me acerta como um golpe no peito. Ela parece tão tranquila, tão imersa em seu próprio mundo, como se a confusão da noite anterior não existisse. Meu corpo inteiro se aquece ao vê-la assim, tão à vontade, tão... minha senhorita chaleira.
Eu paro por um momento, observando-a. O ciúme ainda está lá, latente, mas outra emoção começa a surgir, algo mais profundo, algo que eu mal consigo controlar. Meu olhar se fixa em sua barriga, e a dúvida que venho carregando se torna insuportável. Será que ela está realmente grávida ou estou apenas tentando me convencer disso? Apenas usando uma desculpa esfarrapada para mantê-la ao meu lado de modo que não possa escapar de mim?
Cath jura que não, mas eu... sinto que sim. O meu herdeiro deve estar ali dentro dela, em algum lugar, pequenino e crescendo pouco a pouco cheio de vida. A dúvida logo é substituída por uma necessidade urgente de saber, de conferir de perto, de tocar... De ter certeza. De ter controle sobre o que é meu. Antes que eu me dê conta, estou ao lado da cama, e Catherine ainda não notou minha presença. Puxo-a pela mão, fazendo-a se levantar bruscamente, seus olhos arregalados de surpresa.
— O que está fazendo? — ela pergunta, confusa, o livro caindo de suas mãos.
Não respondo. Eu a viro de costas para mim, meus dedos tocando seus ombros, deslizando o robe de seda que ela veste até que ele caia suavemente no chão. Ela arfa, sua respiração se acelera, mas não me detém. Minha mente está focada em um único pensamento: quero sentir. Preciso sentir. Minhas mãos percorrem seu corpo, começando por seus ombros, descendo por sua cintura, até que chego à sua barriga.
Minha palma repousa ali, no ventre dela. Fecho os olhos por um momento, tentando perceber qualquer mudança. A sensação de sua pele sob minhas mãos me faz prender a respiração. Parece mais arredondada do que da última vez que a toquei. Não é óbvio, mas há algo ali. Um sinal, uma promessa. Sinto que meu herdeiro, sangue do meu sangue, está crescendo dentro dela. Um sorriso involuntário surge em meus lábios, e me aproximo ainda mais, colando meu corpo ao dela, inalando o perfume de seus cabelos. Ela treme sob meu toque, e sua voz soa baixa e incerta quando se dirige a mim.
— Frederick... eu provavelmente não estou grávida. Não acho que isso... tenha acontecido.
Ignoro suas palavras. Ela não entende. Mas eu sei. Sei que meu filho está ali, crescendo dentro dela, e esse pensamento me traz uma onda de alívio e posse que eu não consigo explicar. Continuo a acariciar sua barriga, meus dedos traçando círculos suaves, enquanto minha respiração se mistura com a dela. Este é o meu filho, nosso filho. E ninguém vai tirá-los de mim.
Ficamos assim por um tempo, em um silêncio cheio de tensões e emoções não ditas. Ela ainda está nervosa, posso sentir isso. Seus músculos estão tensos, mas também percebo que há algo mais. Algo que ela não quer admitir, mas que está ali, escondido nas batidas aceleradas de seu coração. Catherine, apesar de todas as provocações, também me deseja, mesmo que não tenha expressado isso com palavras. Eu posso sentir isso.
Minha boca desce até seu pescoço, roçando sua pele com meus lábios. Ela solta um suspiro, e o som faz meu sangue ferver, mas me contenho. Não vou forçá-la a nada. Não desta vez. Quero que ela esteja pronta para mim, não por dever ou obrigação, mas porque ela quer. Porque ela quer ser minha esposa, minha amante, e a mãe de meu filho.
Respiro fundo, afundando meu rosto em seus cabelos castanhos, inalando seu cheiro doce. Meu corpo está pulsando com desejo, mas luto para mantê-lo sob controle. Eu a seguro firmemente, mas de forma protetora, quase reverente, enquanto minhas mãos continuam a traçar o contorno de sua barriga, marcando-a como minha.
Finalmente, eu me afasto, mesmo que cada fibra do meu ser queira continuar ali, junto dela. Ela se vira lentamente, seus olhos confusos e com algo que não consigo discernir ao certo. Não digo nada, apenas a encaro por um momento, antes de dar um passo para trás. A noite ainda é longa, mas, por agora, esse silêncio entre nós é o suficiente. Cath é minha esposa agora... Ela me pertence, e nosso filho está a caminho. E isso basta por hora.
🗡🗡🗡
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A Sombra do Passado [Completo]
Storie d'amore[livro 2] Série Amores Reais Frederick, príncipe herdeiro do trono de Navarra, não é como seus irmãos mais novos Felipe e Francesca. Considerado um homem de caráter duro e personalidade intransigente, não aceita nada além da verdade, como também é m...