Capítulo Quatro

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"Que vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados quando dizem a verdade." Aristóteles

|Príncipe Frederick|

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|Príncipe Frederick|

Hoje é um daqueles dias que não parecem ser de verdade. 

Eu sofri um grande golpe, um dos maiores impactos que já sobreveio sobre os meus dias e que me deixou tanto sem chão por alguns instantes, como também profundamente abalado. Foi um choque ver aquele rosto diante de mim outra vez. É claro que um dia eu esperava reencontrar tal pessoa novamente e até confrontar a razão e os motivos que fizeram com que agisse daquela forma comigo na época em estivemos juntos... Quando ela simplesmente me usou como quis, durante uma noite cheia de promessas e doces palavras, mas que não passavam de falsidades e um ledo engano.  

E agora ali está ela novamente... bem diante dos meus olhos em carne e osso. A mulher que havia mentido para mim com beijos açucarados de mentiras e uma ótima atuação, que conseguiu ludibriar até o mais espertos dos homens de Navarra. Cath... mentiu para mim. E por isso, eu nunca mais poderiei confiar em nenhuma palavra sequer que sair da sua boca de hoje em diante, pois sei que nada do que ela disser pode ser verdade, uma vez que ela tem mentido para mim desde o princípio... desde que nos vimos a primeira vez. 

Entretanto, devo adimitir que tenho um pouco de culpa sobre ter me deixado ser enganado por essa manipuladora. Afinal de contas, a primeira coisa que essa mulherzinha fez comigo quando colocou os olhos em mim, foi tentar me matar com uma maldita chaleira. Aposto com toda certeza que ela sabia de tudo naquela época! Ela sabia quem eu era e o quanto minha cabeça valia por aí, senão não teria me feito de refém em tal ocasião. 

A cobra astuta estava apenas me testando, além de enganar a boba da minha cunhada que caiu feito uma tola no teatrinho de mulher pobre e sofrida que ela tinha encenado para nós dois. E ao contrário do que o meu bom senso mandava, pela primeira vez eu agi por impulso e com coração mole, e acabei acreditando nela. 

Frederick, você é realmente um homem muito idiota que se deixou derreter por um momento, por um par de olhos castanhos bonitos e traiçoeiros. Bem feito para você, seu otário! Isso é o que minha mente ferina acusa e lança em minha face, para ver se eu finalmente aprendi a lição. Ah, mas se eu aprendi... e como! Não há nenhuma maneira que essa mullher possa escapar impune das minhas mãos. Eu irei confrontá-la até o limite, para descobrir toda a verdade que ela tem escondido do mundo até agora. 

Catherine Bourbon, a cobra de sangue real e filha do pior inimigo que já existiu para o reino de Navarra, jamais conseguirá fugir das consequências da tragédia que sua maldita família causou para o meu reino e para minha família. Todos nós sofremos de alguma forma devido ao ato de loucura de Valois ao atacar Navarra sem precendentes ou um comunicado prévio de guerra. Pessoas foram feridas, mortas... sequestradas! Nem a minha própria cunhada, uma pessoa a qual ela chamou por tantas vezes de melhor amiga, nem mesmo ela foi poupada da crueldade de ser utilizada como moeda de troca, uma refém grávida e indefesa... o que é um postura totalmente vil e desumana em qualquer circunstância, mesmo em um estado de guerra. Isso é inaceitável, inadimissível e repudiante. 

E é por essa razão que eu estou fazendo isso hoje, ter me dirigido até a cela onde ela está presa. A única pessoa que posso apertar contra a parede, para revelar tudo, do início ao fim acerca dos planos que arquitetaram a sangrenta guerra entre Valois e Navarra. 

-Você é uma mentirosa por natureza, Catherine Bourbon. A senhorita não nega o sangue ruim que corre em suas veias. É tão astuta e dissimulada quanto toda a linhagem dos Bourbons. A cena que fez durante o julgamento prova como você é capaz de manipular e convencer as pessoas segundo as suas vontades e desejos.

Eu cuspo a frase com raiva no ar, e em seu semblante vejo uma falsa careta de angústia e tristeza, como se quisesse se defender e não pudese, porém nada disso me comove. É tudo mentira, eu sei. Ela só está tentando me iludir mais uma vez, então, preciso ficar muito atento as suas atitudes e não deixá-la vencer o jogo dessa vez. Tenho que ser esperto e me manter a espreita para a encurralar no momento em que vacilar ou demonstrar qualquer sinal de fraqueza.

-Mas saiba de uma coisa senhorita Bourbon, eu não permitirei que você engane o tribunal de Navarra com truques baratos como o que atuou no dia de hoje, e nem fique impune das coisas fez. 

-Fred... quer dizer, alteza... eu... eu...

Pela primeira vez desde que havia chegado a esse lugar estreito e sufocante, eu ouço o som de sua voz se manisfestar em direção a mim, e é como levar um tapa no rosto. Me atinge de modo forte e mais inesperado do que eu poderia imaginar que seria. Me pega de surpresa e me rouba o ar. E por mais que eu odeie confessar, por estar ferido devido as centenas de mentiras que esse mesmo som me disse um dia, tenho que adimitir que isso ainda mexe com muitas partes dentro de mim. Me balança. Me estremece. Me deixa com saudade. 

Contudo, não posso recuar. Não, eu não devo ser um homem fraco e sucumbir aos desejos humanos e estúpidos da carne. Tenho que agir de acordo com o que se espera do futuro líder de Navarra... com o que se espera de um rei. Uma pessoa racional, equilibrada e sensata.

-Você o que, filha de Louis Bourbon? O que você tem a dizer? Por acaso perdeu o dom falar justamente nesse instante? Mas que conviniente da sua parte, não acha?

Eu comento sem um pingo de paciência para continuar aturando seu fingimento ao assistir de perto a cena dela figindo não ter coragem de sequer me encarar diretamente no rosto. Oh, agora é difícil me fitar nos olhos, senhorita mentirosa? Mas que atuação mais barata e fajuta! Que mulherzinha mais...

-Eu só quero fazer o que é certo, está bem? Eu estou tentando proteger minha mãe e meus irmãos mais novos, mesmo que você não acredite em mim. Foi por isso que eu fiz o acordo com o seu reino para obter um lugar seguro para eles, sob o juramento e proteção do rei de Navarra, e em troca disso eu irei testemunhar tudo o que sei sobre o que ocorreu acerca dessa guerra e os culpados por ela. Mas juro pela minha vida, eu não tenho nada a ver com o que as pessoas que fizeram isso. Eu só...

-Mentira! Desde o princípio, tudo não passou de uma mera armação sua. Tudo foi proposital e planejado para que você descobrisse os pontos vulneráveis de Navarra, como a espiã que foi contratada para ser. Mas já te avisei uma vez e irei repetir novamente, eu não vou cair mais nas suas mentiras. Você vai pagar caro por ter sido cúmplice nessa sujeira toda!

Eu a ameaço com firmeza e determinação, e então, a porta de ferro da cela se abre de repente e sem nenhum aviso, fazendo com que eu me assuste ao ver quem aparece diante de mim. Mas não é possível que uma coisa dessas esteja acontecendo... é o que penso comigo mesmo, enquanto aperto os punhos ao lado do corpo, irritado e um tanto nervoso, ao estar sob a mira do olhar frio que quase perfura minha alma neste exato instante. 

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