A Sombra do Passado [Completo]

Capítulo Sessenta e oito

|Selin|

Desperto devagar, cada pequeno movimento trazendo uma nova onda de dor ao meu corpo. É como se meu corpo inteiro estivesse sob um peso insuportável, e minha cabeça lateja. Piscar os olhos é um esforço, e quando finalmente consigo abrir as pálpebras, um pânico imediato toma conta de mim. A lembrança de Henry, sua face cruel e sussurrante, vem à minha mente e, por um momento, o medo me domina. Tento me mover, escapar de um ataque imaginário, mas a voz doce e suave que soa ao meu lado me puxa de volta.

– Calma, está tudo bem, Selin. Você está segura agora. – A voz é calma, um alívio para o caos que percorre meu peito. Mãos gentis tocam meus ombros, ajudando-me a sentar com cuidado.

Ao virar o rosto, vejo a princesa Luz, esposa de Felipe, o segundo príncipe. A serenidade e bondade estampadas em seu rosto me trazem um alívio imediato, e deixo escapar o ar em um suspiro pesado. Ela continua me olhando com doçura, permanecendo ao meu lado na cama onde estou deitada, sua expressão repleta de compaixão.

– Onde estou? – Pergunto, ainda confusa, a mente mergulhada nas lembranças nebulosas da floresta.

Ela respira fundo, buscando as palavras certas antes de responder, como se tivesse muito a me contar.

– Você está em um dos quartos de convidados do castelo. Foi examinada por nosso médico e receberá cuidados até que esteja completamente recuperada.

Seus olhos parecem carregar algo que ela hesita em dizer, mas não me demoro nisso. Alívio percorre meu corpo ao saber que estou em segurança. Eu insisto, no entanto, em saber o que aconteceu de fato para chegar até aqui.

– O que aconteceu? Como... como fui encontrada? E Catherine, onde ela está?

Luz abaixa os olhos por um instante, e o ar se torna pesado. Ela explica, então, que Frederick, Felipe e o príncipe Deklan passaram dias procurando por Catherine, sua cunhada, e que, após três dias de busca intensa, eles me encontraram junto a ela, ambas inconscientes e gravemente feridas na floresta. A cada palavra, minha mente pinta as cenas, com clareza crescente, trazendo flashes de como tudo aconteceu, daquele maluco nos agredindo e eu pensando que seria o nosso fim, meu e de Catherine.

– Vocês duas foram trazidas até o castelo para receber cuidados médicos. Henry... aquele soldado, um desertor de Valois... – Luz faz uma pausa e me encara com firmeza – Ele está preso agora, mantido na masmorra do castelo. Não poderá ferir mais ninguém, não se preocupe, Selin.

Finalmente, uma parte da tensão me deixa, e solto o ar preso em meus pulmões. Saber que Henry está preso é um pequeno consolo, uma prova de que o pesadelo talvez esteja acabando.

– Agradeça ao príncipe Felipe por mim – sussurro, envergonhada de precisar dessa ajuda, mas profundamente agradecida por estar viva, graças a ele e seu irmão.

Mas então, outra questão me invade, algo que preciso saber com urgência.

– E Catherine? Como ela está?