Capítulo Trinta e cinco

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|DEKLAN FRASER|

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|DEKLAN FRASER|

A terra está fria e úmida sob minhas mãos. Cada punhado de terra que jogo sobre o corpo inerte de Cloud afunda com um som abafado, como se até mesmo o chão estivesse ansioso para engolir essa mulher de uma vez por todas. Não sinto remorso, nem dúvida. O que fiz aqui, no meio dessa floresta isolada, foi justiça. Justiça pelo que Francesca sofreu. Justiça por cada lágrima que ela derramou. Agora, o peso da vingança cumprida repousa em mim, mas é um peso que carrego com frieza, com a satisfação de saber que eliminei uma ameaça.

Enterro Cloud onde ninguém jamais a encontrará. Nem mesmo o próprio inferno ousaria procurá-la. Sorrio brevemente, enquanto termino de cobrir o corpo, e olho ao redor. O local é perfeito. Silencioso, esquecido pelo tempo. A natureza será a guardiã do segredo, e as árvores, minhas cúmplices. Quando termino, me levanto, observo o túmulo improvisado por um momento, e depois me viro, apagando os últimos vestígios de minha presença.

Ao voltar para a cabana, cuido de limpar tudo. Não restará nada. Nem um único traço do que fiz. Queimo o uniforme falso que usei para enganá-la e qualquer outro indício que poderia ligar o desaparecimento de Cloud a mim. As chamas sobem, devorando o tecido, e o calor do fogo acalma minha mente já exausta. Quando tudo vira cinzas, me sinto mais leve, como se um fardo que carreguei por meses finalmente tivesse sido deixado para trás. A justiça, embora muitas vezes lenta, é implacável. E hoje, foi cumprida.

O caminho de volta ao castelo é longo, mas o silêncio da floresta é meu único companheiro. Estou cansado, tanto física quanto emocionalmente. A adrenalina que correu pelas minhas veias durante horas agora dá lugar à exaustão. Sinto cada músculo protestar enquanto subo a escadaria do castelo, indo em direção aos meus aposentos. Aqui, onde estou hospedado como um convidado honrado, tudo parece tranquilo e sereno. Um contraste brutal com o que acabei de fazer.

Entro no quarto e me deixo cair na cadeira ao lado da lareira. Fico ali por um momento, imóvel, os pensamentos girando em minha mente. Francesca... Eu fiz isso por ela. Por ela e por mim. Pelo futuro que construiremos juntos. Levanto-me lentamente e começo a tirar as roupas manchadas de lama e suor. A água quente do banho lava a sujeira, mas as lembranças ainda estão frescas, como um espectro assombrando minha mente. Fecho os olhos e vejo o rosto de Cloud mais uma vez, mas dessa vez, não sinto nada além de alívio. Ela está morta, e isso é o que importa.

Adormeço logo depois, mergulhado em um sono pesado. Meus sonhos são fragmentos da noite passada, imagens que se misturam entre a escuridão da floresta e o brilho da lâmina. Quando desperto, o peso na minha alma parece mais leve, embora as sombras da vingança ainda residam em algum lugar dentro de mim.

O sol da manhã já desponta pelas janelas, e é hora de enfrentar o dia como se nada tivesse acontecido. Visto-me com esmero, ajeitando o uniforme militar de gala que uso em respeito ao rei e à família real de Navarra. Não há vestígios da noite anterior em meu rosto. Cada traço meu reflete a calma e o controle que sempre demonstrei.

Ao sair dos meus aposentos, caminho pelo longo corredor que leva ao salão de refeições. Então, a vejo. Francesca. Ela está parada mais à frente, falando com algumas das damas da corte, seu sorriso iluminando o espaço. Meu coração dispara por um breve segundo ao vê-la tão radiante. Seus cabelos dourados brilham sob a luz do sol que entra pelas janelas, e sua pele clara, suave como a neve de Inverness, contrasta perfeitamente com o azul profundo de seus olhos.

Paro por um momento, observando-a sem que ela perceba. É nesses momentos que tenho certeza de que fiz a coisa certa. Cloud não pode mais ameaçá-la. Nunca mais. Francesca pode sorrir sem medo, pode continuar a brilhar sem a sombra daquele passado sombrio que a perseguia. E eu... eu estou determinado a protegê-la para sempre, mesmo que em segredo. Francesca será minha esposa, e juro pelos céus que ela nunca mais vai derramar uma lágrima de dor. Ela finalmente me vê e começa a se aproximar, com aquele jeito desafiador que tanto admiro.

— Príncipe Deklan — diz ela, com sua voz carregada de ironia e uma falsa cordialidade que não me engana. — Que surpresa vê-lo tão cedo. Dormiu bem? Ou teve uma noite cheia de... preocupações?

Eu rio. Adoro como ela tenta me provocar. O sarcasmo é sua arma predileta, e ela a usa com maestria.

— Dormi como uma pedra — respondo, aproximando-me dela, os olhos fixos nos seus. — Embora eu ache que quem deveria estar preocupado com as noites insones seja você, cara princesa Francesca. Não é sempre que se pode dormir em paz com tantas... responsabilidades.

Ela revira os olhos, mas há um brilho divertido neles. Eu a conheço apenas o suficiente para saber que ela gosta desse jogo tanto quanto eu.

— Responsabilidades, é? Você deve estar se referindo a você mesmo — retruca, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha loira. — Cuidar de um futuro marido tão insolente não é uma tarefa fácil, sabia?

Dou uma gargalhada alta, inclinando-me perigosamente na direção dela. Meus dedos roçam seu rosto, e ela se sobressalta levemente, embora seus olhos permaneçam firmes nos meus, desafiando-me.

— Insolente, é? — murmuro, enquanto afasto uma mecha solta de seu cabelo e a coloco atrás de sua orelha, minha voz baixa e provocante. — Eu diria que sou exatamente o que você precisa, Francesca. Alguém para te manter... no limite.

Ela engole em seco, o rubor subindo em seu rosto, mas seus olhos não desviam. Sinto o quanto ela quer me desafiar, o quanto ela quer vencer esse jogo de provocações. E é isso que eu mais amo nela. Essa força indomável. Essa vontade de lutar, mesmo quando está cercada e não pode fazer muito com receio das consequências.

Por um momento, o ar entre nós se torna espesso, carregado de uma tensão que ameaça explodir. Mas, antes que isso aconteça, decido pegar leve. Acaricio de leve sua bochecha corada, minha mão deslizando pela suavidade de sua pele de seda.

— Calma, princesa — digo, suavizando meu tom. — Não quero te fazer perder a cabeça... ainda.

Ela solta um riso nervoso, mas é claro que está se controlando. Adoro vê-la assim, à beira de ceder, mas ainda firme em seu lugar.

— Vamos — digo, oferecendo-lhe o braço como um perfeito cavalheiro. — Não vamos querer nos atrasar para o desjejum, não é?

Ela hesita por um breve segundo, mas então aceita meu braço. Conforme caminhamos em direção ao salão de refeições, percebo que essa guerra de provocações entre nós está apenas começando. Mas agora, com Cloud fora do caminho, sinto que posso proteger Francesca de tudo. Mesmo que ela nunca saiba o que fiz por ela.


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