Capítulo Sessenta e três

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|Frederick|

Chego aos meus aposentos exausto, mas ansioso. O dia foi longo, desgastante, cheio de reuniões intermináveis e planos discutidos à exaustão com o conselho real. A paz finalmente começa a retornar ao reino, e a justiça, após as punições recentes, parece firmar-se novamente. É um alívio e uma vitória, mas, em meu íntimo, a maior vitória do dia seria vê-la. Minha Cath e nosso filho.

Entro sorrindo, os passos acelerados de antecipação, mas o vazio do quarto me desconcerta. Olho ao redor, esperando que Catherine apareça a qualquer instante. Passam-se alguns minutos e nada. Fico de pé, os olhos analisando cada canto, o sorriso desaparecendo lentamente. Onde ela pode estar? Talvez tenha saído para um passeio breve com Francesca. Tento me convencer de que não é nada, mas sinto algo sombrio se instaurar em meu peito.

Saio do quarto em direção aos aposentos de Luz e depois de Francesca. Minha voz se ergue ligeiramente impaciente ao perguntar sobre Catherine, mas o olhar confuso das duas apenas intensifica a sensação de que algo está terrivelmente errado. Nenhuma delas a viu o dia inteiro. Meu coração começa a bater forte, como tambores de guerra. "Certamente ela está em algum canto do castelo, distraída com alguma coisa", tento me convencer, mas minha mente se recusa a aceitar. Catherine nunca sairia assim, sem avisar a ninguém, especialmente agora, carregando nosso filho.

Percorro os corredores rapidamente, vasculhando cada salão, cada canto escuro, cada sala onde ela poderia ter se demorado. Encaro cada porta, cada passagem, em um desespero crescente. Onde ela está? A cada segundo, o pânico parece cravar mais fundo suas garras em meu peito, milhares de pensamentos e possibilidades horrendas invadem minha mente. E se ela... não, não posso pensar nisso. Mas a ansiedade cresce como fogo indomável, e eu sinto minha sanidade escapando.

Após as buscas, corro de volta para os aposentos de Felipe e depois para o de Deklan Fraser, os dois se juntam a mim prontamente quando veem meu estado aflito. Felipe põe a mão em meu ombro, sua expressão de preocupação reflete o impacto do meu próprio desespero.

– Ela está em algum lugar, Frederick – ele tenta me tranquilizar, mas sei que, no fundo, está tão alarmado quanto eu.

Ordeno que mobilizem uma equipe de busca por todo o castelo e pelos arredores. Soldados e guardas se espalham, vasculhando cada canto, cada passagem secreta, cada escadaria e salão. Minhas mãos tremem, o peito está em frangalhos, minha mente divaga em pensamentos sombrios e horríveis. Cada minuto que passa sem notícias, sem uma pista sequer, é como uma espada cravada em meu peito, uma dor insuportável que aumenta sem piedade.

A madrugada avança, a escuridão se aprofunda, e minha esperança começa a se desgastar. Meus passos me levam automaticamente até o gabinete real do rei, onde meu pai ainda está. Ele se vira, preocupado com meu semblante transtornado, e antes que eu consiga dizer algo, ele já sabe que algo grave está acontecendo. Conto-lhe o que se passa, e a preocupação em seus olhos se mistura à tristeza ao perceber meu estado.

– Frederick, faça tudo o que for necessário para encontrá-la. Você tem minha autoridade para usar todos os recursos do reino. Encontre sua esposa e seu filho.

Aquelas palavras deveriam me dar força, mas em vez disso sinto o peso esmagador da situação em meus ombros. A ideia de perder Catherine e nosso filho, de não poder protegê-los... essa possibilidade me enlouquece. Não posso falhar. Saio do gabinete dele com os olhos ardendo, a determinação pulsando em minhas veias como fogo líquido.

Caminho pelos corredores com Felipe e Deklan ao meu lado, suas expressões sombrias, mas firmes, como se compartilhassem a dor que sinto.

– Vamos encontrá-la, Frederick. Apenas se mantenha firme e não desista. – Deklan afirma com convicção, mas até ele sabe o quanto a noite se torna mais sombria a cada minuto sem nenhum sinal dela.

Enquanto os guardas continuam as buscas, minha mente retorna aos dias que passamos juntos antes do caos. Lembro-me de seu sorriso, da risada que aquece até os cantos mais sombrios da minha alma, e da maneira suave como tocava seu ventre, protegendo nosso filho com uma ternura que mal posso descrever. Ela é a razão pela qual luto, pela qual tudo vale a pena. E pensar que ela pode estar em perigo... Meu coração grita, a dor é insuportável.

Fecho os olhos por um instante, murmurando uma prece desesperada aos céus para que Deus cuide dela, para que a mantenha a salvo. E então, com um novo fôlego de determinação, avanço pelos corredores, vasculhando ainda mais cada canto e passagem. Nada mais importa. Eu daria tudo, arriscaria tudo, destruiria qualquer coisa que se colocasse no meu caminho, para encontrá-la e trazê-la de volta para os meus braços. Deklan aparece ao meu lado, a expressão cautelosa.

– Recebemos um aviso de uma camponesa – ele começa firme, mas ao mesmo tempo um pouco hesitante. – Ela viu uma carroça deixando os arredores do castelo ao anoitecer. Um homem guiava o veículo, mas ela não viu mais nada.

O mundo ao meu redor parece desmoronar. Uma carroça. Um homem. Catherine nunca sairia sem dizer nada a ninguém, sem sequer deixar um sinal. É a confirmação de um pesadelo, o terror de que alguém a tenha levado contra sua vontade, e meu sangue ferve com uma intensidade que eu não imaginava ser possível. Minhas mãos se fecham em punhos trêmulos, o coração disparado de pura raiva e terror.

– Reúna todos os homens disponíveis – ordeno, minha voz rasgando a noite como um trovão. – Vamos vasculhar cada floresta, cada aldeia, cada canto deste reino até encontrarmos minha esposa e meu filho.

A sede de vingança e o desespero pelo resgate queimam em meu peito como uma fornalha. Eu juro a mim mesmo, ao meu pai, a todo o reino, que encontrarei Catherine e nosso filho, nem que tenha de revirar a terra e o céu para isso. Olho para o horizonte, o luar iluminando as sombras das montanhas e florestas, e faço uma promessa silenciosa. Aquele que ousou tocar nela, que teve a audácia de levá-la de mim, verá o peso de minha fúria, sentirá o poder de cada soldado sob meu comando e conhecerá o desespero que agora me consome.

E, enquanto o céu começa a clarear, a escuridão em meu coração se intensifica. Mas eu não paro... Não descanso. Se preciso for, gastarei cada segundo da minha vida para trazer minha Cath e nosso filho de volta.


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