A Sombra do Passado [Completo]

Capítulo Dezessete

"É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente." -Voltaire

|Catherine|

Não, não, não... Aquele tal doutor só pode estar delirando. Ele... ele está completamente fora de si. É o que concluo em estado de negação enquanto ando de um lado para o outro dentro do pequeno espaço que minha cela é. A primeira coisa que fiz após escutar aquelas palavras sem sentido, foi correr de volta para o lugar mais seguro que parece haver nesse castelo, a prisão. Eu não dei a mínima importância para as pessoas que deixei para trás gritando o meu nome, eu só corri. Corri para o meu abrigo, para o meu esconderijo e o único lugar em que poderia ficar sozinha. 

Eu só queria ficar em paz. 

Não queria ninguém mais ditando o que eu deveria fazer da minha vida ou me sufocando de todos os lados. E era exatamente isso que aqueles quatro estavam fazendo lá, naquele quarto, que só Deus sabe a quem pertencia, como também, a maneira como eu havia ido parar lá, na cama de algum desconhecido. Pelos céus, que horror! Nunca mais eu irei tocar novamente nos lençóis daquela cama. 

Eu juro pela minha vida!

Esse com certeza é um dos piores dias de toda a minha existência. É o que remoo com um misto de nervosismo e inquietação, ao relembrar o disparate que aquele médico de araque me disse. Grávida? Justamente eu? E ainda por cima de um homem como Frederick? Jamais! Nunca! Eu não estou grávida daquele idiota, presunçoso, arrogante, estúpido, cavalo, asno e louco de sangue real. 

Em toda a minha vida, eu jamais poderia gestar uma criança daquela besta fera cruel, burra, intransigente e sem cérebro. 

Eu, esperando um filho de um príncipe? Nem nos meus piores pesadelos! É o que afirmo para mim mesma, sabendo que essa é a verdade em minha cabeça, a qual ninguém poderá mudar. Não darei meu braço a torcer por motivo algum no mundo. Uma vez que tomo uma decisão, eu não retrocedo. Frederick é apenas mais um principezinho mimado, que não tem mais ocupações na vida, além de arrumar problemas para as pessoas e ser um mulherengo descarado, que deve passar a maior parte do tempo jogando cartas com os amigos ou bebendo, somente por ser o herdeiro do trono, e ter todas as regalias e privilégios que somente pessoas da sua classe social possuem.

Então, é melhor ele não me causar mais dor de cabeça com esse assunto idiota e me deixar em paz de uma vez por todas, pois eu não vou ceder a suas vontades e caprichos de garoto mimado do papai. Que o senhor olhos azuis encontre uma noivinha perfeita, da mesma estirpe dele, para se aturarem pelo resto de suas vidas, porque eu, Catherine, não irei me submeter às ordens tirânicas de nenhum homem. 

-Ah, aquele louco! Aquele destrambelhado! Um insuportável!

Eu rosno e murmuro enraivecida ao me lançar contra o colchão duro e frio, assim como a temperatura da minha cela, e mesmo espumando de raiva, devido ao assunto mal resolvido, estranhamente eu adormeço em questão de poucos minutos sem nenhuma dificuldade.