Capítulo Setenta e cinco

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|Catherine|

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|Catherine|

Os dias passam como um piscar de olhos, como se o tempo deslizasse por entre meus dedos, e quando percebo, já se foram meses desde a tragédia que me abalou. Aqueles dias parecem distantes, uma dor vaga no fundo da memória, que vou enterrando aos poucos. E Frederick... Ah, Frederick. Ele tem sido mais do que um marido; ele é meu porto seguro, meu amigo mais verdadeiro. Ao seu lado, aprendo a respirar de novo, a sentir o sabor da vida nos pequenos momentos. E ele me faz rir, algo que há tempos não fazia com tanto gosto. Suas provocações, seu jeito teimoso de me desafiar, é o que me lembra, a cada instante, que estamos vivos, e que seguimos juntos como casal.

Nosso amor mudou, se moldou. Não somos mais aqueles que fomos antes, talvez porque crescemos, aprendemos juntos, e superamos nossos medos antigos. Estamos mais fortes, mais maduros, mais unidos do que jamais imaginei. Frederick é um homem que me olha com um carinho que me aquece e me acalma, e, ao mesmo tempo, faz meu coração saltar. E mesmo agora, ele ainda sussurra que serei para sempre sua "senhorita chaleira", um apelido tolo que ele ama e que me faz sorrir, porque em cada palavra sinto o quanto sou especial para ele e me lembra como começamos a nossa história de amor.

Hoje estou no jardim passando um dia ao ar livre, e Selin, quem diria, está ao meu lado, como uma amiga. Ela me pediu para ser minha dama de companhia, de início eu achei um tanto estranho e disse que esse não era um serviço para uma mulher de linhagem nobre, a filha de um duque, como ela, e até argumentei que ela deveria se casar com um homem que fosse do mesmo nível dela, para que tivesse sua própria família e servos, herdando a propriedade de seu pai, o duque De Medice. Mas Selin parecia desesperada demais e insistiu comigo, implorando por uma chance de me servir como dama de companhia, afirmando que se esforçaria e não me decepcionaria.

E, apesar de não achar isso correto, pois Selin deveria viver uma vida melhor, como a mulher nobre que era, por fim, acabei cedendo e aceitei o pedido dela, compadecida por sua súplica, e por sentir que estamos de alguma forma ligadas para sempre, depois de tudo o que vivenciamos juntas e no fim sobrevivemos como duas mulheres fortes. Hoje eu confio nela, como nunca imaginei que confiaria, pois ela tem se mostrado cada vez mais sincera e verdadeira, com o passar do tempo, demonstrando que está ali com sinceridade, sem tramas ou fingimentos.

Estamos com Felix, o filho de minha melhor amiga Luz, que agora, com dois aninhos, corre animado pelo gramado. Selin brinca com ele, como se tivesse feito isso a vida toda. Vê-la assim, descontraída e genuína, é bonito e me faz sorrir. Até Rufus, o cachorro da família, entrou na brincadeira, lambendo as bochechas do pequeno Felix, que gargalha com toda a pureza de uma criança. Meu coração se enche, e, por um breve instante, fecho os olhos e imagino... imagino quando será minha vez. Um filho meu e de Frederick, correndo livre pelo jardim, enquanto nós o observamos com o coração cheio.

De repente, sinto-me tonta, e um enjoo profundo toma conta de mim. Já faz semanas que estou assim, mas por algum motivo, hoje está mais intenso. Sento-me na toalha estendida no gramado e, disfarçando, observo Selin e Felix se divertirem. Selin me lança um olhar de preocupação, e sorrio para tranquilizá-la, mas meu coração acelera. Uma suspeita começa a crescer em mim, algo que me enche de nervosismo e excitação ao mesmo tempo.

A Sombra do Passado [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora