Capítulo Cinquenta e quatro

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|Catherine|

O som suave do vento batendo nas cortinas e o cheiro delicado das flores no jardim trazem uma sensação de paz que há muito tempo não sentia. As coisas, finalmente, parecem estar no lugar. Frederick e eu estamos em harmonia, e ontem, a partida de Selin de Medice para longe trouxe o encerramento de uma história que pesava sobre nós. Pela primeira vez em meses, me sinto muito mais leve.

Frederick tem sido maravilhoso e engraçadinho ao mesmo tempo, sempre me provocando, como faz desde que nos conhecemos. Ele me olha com aquele sorriso malicioso e diz: "Você sabe que tem que cuidar muito bem de mim, não é? Não pode perder um homem tão bom e gostoso como eu." Reviro os olhos, fingindo irritação, mas a verdade é que isso mexe comigo de um jeito que não consigo esconder. Os hormônios da gravidez parecem amplificar tudo, me deixando à flor da pele.

— Ah, é? — respondo, os olhos semicerrados. — Então, talvez devesse correr atrás de Selin de Medice, se é isso que você prefere.

Ele gargalha como nunca, uma risada tão alta e sincera que enche todo o quarto. Antes que eu perceba, ele me derruba sobre a cama, o peso de seu corpo me prendendo de maneira que não consigo me mover. Sinto o calor dele, seu rosto próximo ao meu, e meu coração dispara.

— Adoro quando você fica assim, corada de ciúmes — ele diz, os olhos brilhando de diversão. — Fica ainda mais linda e atraente... -ele me provoca.

Me debato com raiva, mas é inútil. Ele é mais forte, e sabe disso. Tento empurrá-lo, mas tudo o que consigo é fazer com que ele ria ainda mais. Seu riso me enfurece e, ao mesmo tempo, me derrete. Frederick rouba um beijo de meus lábios, e, antes que eu possa protestar, sinto o clima entre nós mudar. A tensão se transforma em algo diferente, algo que ambos sentimos, mesmo sem palavras. Nossos corpos se entendem melhor do que nossas bocas, e logo, o quarto está imerso em uma noite intensa de paixão.

Na manhã seguinte, acordo com uma sensação de calor e carinho. Frederick está deitado ao meu lado, distribuindo beijos suaves por toda a minha barriga, que agora começa a mostrar os sinais da gravidez um pouco mais avançada. Um sorriso involuntário surge em meus lábios enquanto ele sobe o olhar até encontrar o meu.

— Bom dia — ele sussurra, com um brilho de animação nos olhos.

— Bom dia — respondo, acariciando os cabelos dele, sentindo a maciez entre meus dedos.

— Nossa criança já está me ouvindo? — ele pergunta, com aquele sorriso convencido de sempre, colocando a orelha na minha barriga como se estivesse tentando captar algum som.

— Talvez esteja — respondo, rindo de leve. — Ou talvez esteja te ignorando, como eu deveria fazer também.

Ele finge estar ofendido, mas logo se endireita na cama, me puxando para um abraço. Rimos juntos, e o momento é tão leve e natural que mal noto o tempo passar. Frederick se despede com um beijo, e logo está de pé, pronto para cumprir seus deveres reais.

— Não faça nada muito cansativo hoje — ele avisa, antes de sair. — Vou saber se você me desobedecer.

Reviro os olhos mais uma vez, mas há um carinho genuíno em sua preocupação que me faz sorrir. Assim que ele parte, sinto uma leve saudade, mas logo sigo para meus compromissos. Passo a manhã com Luz e Francesca na sala de música. O pequeno Felix está rindo e brincando no colo de Francesca, enquanto nós conversamos sobre o futuro e a vida que se desenha à nossa frente. Luz, sempre tão gentil, pergunta sobre a gravidez, e eu não consigo evitar imaginar como será quando o nosso filho tiver a mesma idade de Felix. É uma conversa leve, cheia de risadas e esperanças.

Na hora do chá da tarde, nos reunimos em volta da mesa. Felix, com seus cabelos escuros e olhos brilhantes, traz uma alegria contagiante. Ele nos faz rir com suas travessuras, e eu não consigo deixar de pensar no meu próprio filho, imaginando como será segurar aquela pequena vida em meus braços.

Conforme a tarde cai, nos despedimos. As horas passaram sem que eu notasse, e agora, sinto o leve cansaço tomar conta de mim. Agradeço pelo tempo que passamos juntas e começo a caminhar de volta para os meus aposentos. Os corredores do castelo estão tranquilos, quase silenciosos, com o som distante de conversas e passos ecoando ao longe.

De repente, sinto uma mão firme agarrar meu braço. Meu coração dispara, e por um momento, o medo me domina. O puxão é forte, e antes que eu possa reagir, sou arrastada para um canto escuro do corredor. Meu corpo congela, o susto me paralisa, e minhas mãos tremem. Quem seria? O que querem? Viro-me rapidamente para ver quem é, e a tensão em meus ombros diminui por completo ao perceber o rosto familiar que já não via há tempos... É meu amigo dos tempos de Valois, o soldado Henry.

— Henry? — murmuro, meu coração ainda se desacelerando aos poucos com a surpresa inesperada.

Ele não diz nada de imediato, mas seu olhar está sério, mais do que o normal. Isso me faz hesitar por um segundo. Henry sempre foi meu melhor amigo, alguém em quem confiei e que me ajudou... que ajudou minha família a escapar de Valois nos tempos de perseguição de meu tio paterno Charles. No entanto, sua expressão agora me deixa um tanto apreensiva. Ele parece estar lutando para encontrar as palavras certas, como se algo o estivesse incomodando profundamente e ele precisasse resolver isso logo.

Será que ele está correndo algum tipo de perigo neste instante? Será que...

— O que foi? — pergunto, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Ele ainda me segura pelo braço, sua mão firme, mas não machucando. O olhar em seus olhos, no entanto, revela uma mistura de emoções que eu não consigo decifrar. Sinto um frio na espinha, e a curiosidade e preocupação crescem dentro de mim como uma avalanche.

— Henry... — tento novamente, mas ele permanece em silêncio e olha rapidamente para os lados para conferir se alguém nos ouve.

Meu coração está batendo mais rápido agora. Tento imaginar o que o teria levado a agir assim, ao me puxar para um canto escuro, longe de qualquer um que pudesse nos ver. Algo está errado, isso eu sei. Henry nunca foi de guardar segredos ou de agir de forma tão estranha... Finalmente, ele abre a boca para falar, mas as palavras parecem presas em sua garganta. Tento me acalmar, esperando que ele diga algo, qualquer coisa que me explique porque ele parece tão tenso e apreensivo. 


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