NOVE

6.7K 566 61
                                    

VIRGÍNIA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

VIRGÍNIA

  Flora parecia que ia explodir de tanta euforia. Eu estava começando a ficar preocupada, o sorriso dela estava ficando mais assustador conforme o café da manhã ia acontecendo.

Sim, estávamos todos ao redor da mesma, tomando café da manhã como se não estivéssemos em guerra por quase toda a história.

Bom, eu estava tomando café da manhã, Flora continuava rindo, assim meu pai. Minha mãe não tocou em nada, mantendo sua pose de estátua de gelo. Desviei o olhar da mulher lembrando-me da nossa conversa e então olhei pro meu pai.

Voltei minha atenção para o prato cheio de bolo e algumas frutas, tentando esquecer essa ideia idiota que já me deixou inquieta em muitos momentos da minha vida.

As vezes eu me questionava sobre ser filha biológica da minha mãe, por tudo. Mesmo que fôssemos fisicamente parecidas, não éramos em nenhum sentido e ela me tratava com tanta frieza, mas haviam provas, muitas fotos. Fotos da sua gravidez, fotos dela grávida de mim no caso, fotos do meu nascimento, ela me amamentando, fotos nossas... Era definitivamente eu.

Talvez se eu não fosse filha dela, a forma como ela me tratava doesse menos.

— Virgínia, já chega - sua voz me pegou de surpresa. — É o seu terceiro pedaço de bolo, você vai explodir.

Apenas assenti, envergonhada por se repreendida na frente de pessoas que não eram de casa.

— Esse bolo está uma delícia - Ângelo disse e eu me segurei para não revirar os olhos.

— Realmente - Acsia concordou — Não vejo problema em comer alguns pedaços e-

— Acsia - minha mãe a interrompeu, a voz mais alta que o de costume, chamando a atenção de todos — Por favor, não tente intervir na forma como eu educo minha filha.

— Eu vou intervir se achar necessário - Acsia respondeu simplesmente — Virgínia é importante pra mim.

— Flora vai se casar com Ângelo, ele deve ser a pessoa importante pra você, não Virgínia - minha mãe rebateu e ao meu lado o peito de Flora se inflou.

— Apenas por você não saber como educa-la.

Arregalei os olhos e Flora murchou. Meu pai parecia surpreso também, fingindo que nada estava acontecendo. Os dois italianos assistiam com animação.

— Virgínia não quer se casar com Ângelo, Flora sim! - minha mãe insistiu.

— Acho que a mesa do café da manhã não é lugar para discutir certos assuntos - eu disse chamando atenção das duas mulheres. — É apenas um bolo, não precisámos de tudo isso.

— E você está ótima, Virgínia. Não é um pedaço de bolo que vai mudar isso - Raul disse me lançando um sorriso nada sutil e eu resmunguei um "obrigada" tentando não parecer mal educada. — Realmente, você é uma das mulheres mais lindas que eu já vi em toda a minha vida.

— Controle-se, Raul - Ângelo disse cortando um croissant ao meio com uma faca, usando uma força desnecessária.

— Raul, você é comprometido? - Flora perguntou, ganhando um olhar irritado da minha mãe, mas ela apenas ignorou, virando-se pra mim — Não seria legal se você se casasse com ele, Vivi? Ai nós não teríamos que nos separar.

— Nossa família só pode lidar com um casamento por vez, Flora - respondi controlando uma careta, mas Ângelo não fez isso, ele estava fuzilando minha irmã com os olhos azuis cristalinos.

O resto do desjejum foi todo em um silêncio incômodo, o que deixou Flora irritada. Ela não sabia disfarçar quando algo a incomodava, diferente de mamãe e Acsia, que seguiam fingindo que nada aconteceu.

Fomos todos para a loja em seguida, menos o pai, claro. Ele era homem demais para ajudar garotas a procurarem vestidos. Se Ângelo e seu amigo pensassem assim, o dia acabaria não sendo um completo como eu sentia que ia acontecer.

Mamãe e Flora foram levadas pela atendente enquanto Acsia me pediu que eu ficasse com ela, então, ela arrastou Raul para longe, me deixando sozinha com Vincenzo no meio de um monte de vestidos de noiva. Eu estava me sentindo meio sufocada com toda a situação.

— Porque esta aqui? - perguntei não conseguindo me controlar — Dá má sorte ver a noiva com o vestido antes do casamento, você sabe disso, não é? - minha voz saiu mais amarga do que eu pensei.

— Sua irmãzinha caçula não é minha noiva - Ângelo disse tranquilamente, sentado no sofá oposto ao meu, com as pernas cruzadas bebericando a taça com champanhe que a atendente o serviu enquanto o comia com os olhos. Não que eu estivesse prestando atenção. Nada disso. — Você sabe disse, não é?

— Diga isso a ela, então - cruzei meus braços olhando ao redor. Haviam tantos vestidos brancos e brilhantes que eu estava ficando meio tonta.

— Porque não procuramos um vestido pra você? - ele sugeriu e eu ergui a sobrancelha — Não vou ver você vestida nele, apenas vou ajudar a escolher um modelo.

— Não preciso de um vestido.

— Precisa, a menos que você queira entrar na igreja de  lingerie - ele fez uma pausa — Eu realmente ia apreciar isso, mas se não houvesse mais ninguém para ver.

— Pare de me dizer essas coisas! - tentei controlar o grito preso em minha garganta, sentindo minhas bochechas arderem.

— Eu estou sendo sincero - ele pulou da sua cadeira e sentou-se ao meu lado tão rápido que meu cérebro apenas notou sua aproximação pelo cheiro amadeirado que invadiu meus sentidos. — Você vai ser a porra da minha mulher. Oficialmente. Se um dia eu colocar uma aliança na minha mão e amarrar meu pau a alguém, essa pessoa será você.

— Você nem me conhece! - acusei tentando me levantar, mas foi um erro. Ângelo me puxou pelo pulso e quando vi, estava sentada em seu colo...! — Isso só prova que você está pensando com sua cabeça de baixo... - eu falei tentando me soltar, mas o desgraçado era forte, mesmo sem parecer.

— Estou - ele passou o nariz por meu pescoço, enviando arrepios por todo meu corpo, me fazendo petrificar sobre suas coxas — Eu quero foder você, de todas as maneiras, você nem imagina os planos que eu tenho pra nós... - ele mordiscou a ponta da minha orelha e eu soltei um som estranho do fundo da minha garganta — Mas eu também quero conhecer você. É a primeira vez que alguém consegue prender minha atenção... E-eu... Eu não sei. Não consigo parar de pensar em você.

— Ângelo...

— Me beije.

— O que?

— Estou pedindo que você me beije.

— Estamos em público...! - gritei de amaldiçoando por não conseguir negar seu pedido, dias antes, eu teria feito sem pensar duas vezes, mas lá estava eu, sentada no colo do meu atual ex noivo, pensando seriamente em beija-lo. 

— Então vamos resolver isso.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora