CINQUENTA E OITO

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VIRGÍNIA

Mesmo que, aparentemente, não tenha nada de errado em que estejamos envolvidos - além do incidente de Flora que já foi resolvido da maneira mais discreta possível, - a visita inesperada de Omar Benevintti me deixou preocupada.

Ângelo se vestiu e foi vê-lo rapidamente e eu, fiz o mesmo.

O Capo em pessoa vindo até a casa do Consigliere sem um aviso prévio tão cedo pela manhã, não parecia um bom sinal.

Tomei um banho rápido e me vesti de forma apropriada, mas antes que eu pudesse chegar às escadas, Acsia surgiu em meu campo de visão. Ela vinha do corredor que levava até seu quarto.

— Bom dia, menina - ela forçou um sorriso, e eu congelei. Acsia parecia abatida. Ela estava usando um roupão cinza de cetim e veludo que chegava ao chão e os cabelos ruivos que já começavam a ganhar alguns fios brancos, estavam soltos, seu rosto estava limpo, sem nenhum resquício de maquiagem.

— Acsia, você está bem?

— Estou procurando por Ângelo, ele vai se atrasar para a escola se não se apressar. Você é a nova babá, certo? - ela me olhou curiosa — Você viu Jean, por acaso? Onde esta todo mundo!? Daqui a pouco o imprestável do meu marido vai chegar e eu nem sei onde está aquela criança irritante! Ângelo!? Onde esse menino se meteu?! Escute, você vai ter muito trabalho em tentar mantê-lo na linha.

Eu pisquei confusa. O que estava acontecendo?!

— Acsia...

— Senhora Acsia! - Jean pareceu aliviado ao vê-la mas sua expressão escureceu quando ele me viu. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Acsia se virou em sua direção e eu senti seu corpo ficar tenso sob o roupão pesado.

— Jean...? - Acsia começou a respirar com dificuldade — Porque você está... tão velho...? -  sua voz falou e eu fui rápida o suficiente para segura-la quando ela tropeçou nos próprios pés.

Acsia estava desmaiada. Nos meus braços.

Olhei para Jean, que agora parecia prestes a desmaiar também. Pálido e aflito como eu nunca vi antes.

Eu segurei Acsia com cuidado, me surpreendo com o qual leve ela era e o quão fácil foi carrega-la de volta para seu quarto sem nenhum ajuda.

A deitei na cama e toquei seu rosto. Ela estava gelada.

— Estou esperando uma explicação, Jean - eu o olhei séria e o homem engoliu seco.

— Eu não posso responder as suas perguntas, senhora Virgínia. - ele abaixou o olhar — Foi um pedido da minha senhora e eu não vou desrespeitar os desejos dela. Nunca o fiz e jamais irei.

— Você vai fazer a não ser que eu queira ver as coisas que eu aprendi enquanto crescia em meio aos soldados da minha casa, Jean - eu me levantei e caminhei até ele, o olhando com o queixo erguido — Me diga que foi que aconteceu com Acsia. E eu não vou perguntar novamente.

— E-e...

— Jean, pelo bem de Acsia, me diga o que diabos ela tem! - gritei agarrando seu colario, ele arregalou os olhos. Sem me importar em fazer uma cena, eu o puxei pelo quarto até estarmos no corredor.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora