SESSENTA E CINCO

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VIRGÍNIA

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VIRGÍNIA

— Bom dia, anjo - Ângelo beijou meu ombro nu, assim que acordou. Ele estava com os cabelos bagunçados e o rosto amassado, mas isso fez meu estômago revirar de excitação. Eu já estava acordada a meia hora, mas estava me sentindo um pouco indisposta, então ignorei que ia acabar me atrasando para o café com Acsia e decidi ficar deitada com meu marido. — Que horas são?

— Hora de você levantar - bocejei, me acomodando mais em seu peito nu.

— Você está se sentindo bem? - Ângelo perguntou sério — Quase sete e você ainda não levantou... - ele tocou minha testa e eu ri, empurrando sua mão.

— Claro que estou bem. Só queria ficar deitada mais um pouco - eu me sentei na cama, abrindo meus braços para espreguiçar.

— Eu finalmente te cansei o suficiente pra você querer dormir até tarde? - ele brincou, sentando-se também, apoiando as costas na cabeceira da cama.

Soltei uma risada e revirei os olhos.

— Bom dia, Ângelo - beijei sua boca rapidamente, me levantando, mas Ângelo não deixou que eu me afastasse muito, me segurando pelo pulso e me puxando de volta para a cama. — Ângelo?!

— Eu te amo. - ele disse antes de me beijar novamente, dessa vez um beijo mais demorado. — Agora sim, bom dia.

Sorri, tentando nao corar, mas pelo sorriso satisfeito de Ângelo, eu já estava vermelha o suficiente. 

— O que foi? - ele perguntou, quando levei minha mão até a boca.

Sem conseguir responder, eu o puxei minha mão do seu aperto e fui correndo até o banheiro.

Pensei que não fosse dar tempo, mas consegui chegar até a pia antes de jogar todo o meu café de manhã para fora.

— Amor? - Ângelo veio atrás de mim, mas eu nem consegui responder, ocupada demais colocando tudo para fora. Ângelo segurou meu cabelo no alto da cabeça e ligou a torneira, me ajudando a limpar minha boca quando eu finalmente terminei. Ele pegou um roupão e cobriu meu corpo, verificando minha temperatura. — Melhor?

— Pode chamar a sua mãe, por favor? - eu perguntei, antes de me debruçar novamente sobre a pia, vomitando novamente.

Acsia não demorou a chegar no banheiro, mas eu já tinha terminado a sessão enjoo e estava terminando de escovar os dentes, tentando me livrar do gosto ruim na minha boca.

Diferente da minha aparência decante de pijamas e cabelo assanhado, Acsia estava perfeitamente vestida para o dia.

— Ângelo disse que você passou mal agora a pouco... - ela me olhou cautelosa, pressionando os lábios em seguida, como se quisesse dizer algo a mais.

Assenti, limpando os resquícios de creme dental da minha boca. Me encostei no balcão da pia e cruzei os braços, pensando em como deixar claro para ela o que eu estava pensando.

— Eu acho que você vai ser avó.

Acsia soltou um suspiro e jogou as mãos pro alto de forma exagerada.

— Graças a Deus, achei que você ia se dar conta quando a criança nascesse - ela colocou as mãos já cintura — Querida, não me leve a mal, mas há semanas você anda insuportável, seus peitos estão enormes, sem contar a sua fome... eu estava fazendo uma aposta com Jean para ver quanto tempo você ia levar para associar os sintomas.

Eu estava a olhando sem acreditar.

— Porque não me contou?! - perguntei acusadora e Acsia deu de ombros.

— E qual seria a graça? - ela sorriu e veio em minha direção, me prendendo em um abraço apertado e demorado — Parabéns, minha querida Virgínia.

— Espere, não, espere... - eu me afastei de seu abraço, tentando raciocinar — Talvez seja tudo alarme falso... quer dizer, seria bom fazer um exame para ter certeza, não é?

Acsia sorriu, me olhando divertida.

— Eu tenho certeza, seus sintomas são bastante específicos e parecidos com os que eu tive no começo da minha gestação, quando estava grávida de Ângelo - ela comentou —, mas, se você quiser, faremos quantos exames necessários. - Acsia apertou meu ombro com carinho.

Ângelo... Ah meu Deus! Como vou contar para Ângelo?

— Não sei como contar isso para Ângelo - sussurrei, me dando conta de que... eu realmente estava grávida. Não era coisa da minha cabeça, não era apenas o  estresse dos últimos... os enjoos matinais que eu estava sentido não eram minha imaginação. Era real.

— Você pode contar para ele na viagem que ele foi organizar - minha sogra sorriu de forma inocente.

— Você acha que... ele vai ficar bem com isso? Eu sei que nós precisamos ter um filho, mas... não estava nos nossos planos.

— Qualquer coisa que envolva você vai deixar meu filho feliz, não se preocupe tanto. - ela cruzou os braços — Mas perdi cinquenta mil euros por sua causa.

— O que?! Cinquenta mil?!

— Eu disse que você só ia descobrir quando a barriga começasse a crescer, mas Jean tinha certeza que seria antes, quando você começasse a ficar enjoada. - ela suspirou de forma dramática — Espero não perder mais cinquenta mil euros quando soubermos o sexo.

Eu pisquei, desacreditada.

— Pare de apostar meu filho, Acsia Caccini. - briguei cruzando os braços e ela deu de ombros.

— Tecnicamente, estou apostando o sexo dele. - ela se abaixou até o rosto estar próximo a minha barriga e semi-cerrou os olhos antes de continuar — E é melhor você vir uma menina, coisinha... - havia uma pitada de diversão em sua voz, mas também carinho e não consegui não sorrir.

— Preciso de um teste de-

— Pedi que Jean fosse buscar, ele deve estar chegando a qualquer momento. - Acsia disse, me interrompendo — Eu imaginei que você gostaria de ter certeza, então...

— Ah meu Deus... - eu ri, em uma mistura de descrença e gratidão por ela pensar em tudo.

— Não quero ser chata, mas, temos que nos preparar para anunciar a gestação para toda a Cosa Nostra - Acsia disse pensativa — Existem tantas coisas que acontecem com a chegava de um novo Caccini... - agora ela estava falando mais para ela mesma do que pra mim — Deus, não tenho certeza se estou preparada para isso...

Enquanto Acsia estava perdida em seus próprios pensamentos, Jean entrou no banheiro, parecendo um espião, totalmente silencioso.

— Senhora Virgínia - ele sorriu abertamente pra mim, provavelmente pelos cinquenta mil euros ganhos na aposta com Acsia — Aqui. - Jean me entregou uma pequena caixinha que tirou do bolso interno do paletó que usava.

— Obrigado. - apertei a caixinha retangular com força, buscando forças para fazer o teste.

— Você sabe como fazer isso, certo? - Acsia perguntou, parecendo voltar para o mundo real.

— Sim. - franzi o cenho — Vocês podem sair? Ou eu tenho que fazer xixi na frente de vocês?

Acsia riu e Jean pareceu totalmente sem graça.

— Estaremos no quarto.

— Estarão na sala. - a corrigi. Precisava fazer aquilo sozinha.

Acsia fez careta, mas não disse mais nada, saindo do banheiro, sendo seguida por Jean, que já estava sorrindo novamente.

— Você consegue, Virgínia... - sussurrei pra mim mesma, abrindo a caixinha. — Você consegue.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora